Acordo Mercosul-Emirados deverá ampliar acesso de produtos do agro aos países árabes, projeta CNA

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Negociações para livre comércio estão em curso. Para a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, isenção de tarifas pode ampliar acesso dos produtos do agronegócio brasileiro ao mercado árabe.

Da Redação (*)

Brasília – A diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, afirmou que, se assinado, o acordo de livre comércio entre Mercosul e Emirados Árabes Unidos deverá beneficiar as exportações do agronegócio brasileiro não apenas ao país do Golfo, mas para diversas nações árabes. A CNA realizou nesta terça-feira (9), uma entrevista coletiva online para apresentar os resultados do setor neste ano e expectativas para 2026.

Mori afirmou que o agronegócio brasileiro tem um “relacionamento estável” com os países do Oriente Médio e do Norte da África. Disse que uma possível conclusão do acordo que está em negociação tem potencial para ampliar o comércio do Brasil com nações árabes porque os Emirados são um polo de distribuição e reexportação.

“Tarifa, especificamente, não é uma grande barreira, mas tem outras questões, e um acordo comercial acaba elevando a relação [entre os países] e facilitando outras questões para aumentar o acesso dos produtos e ampliar a relação comercial. É uma região que depende muito da importação de alimentos, e nós, como maior exportador líquido de alimentos do mundo, temos um interesse muito grande de acessar mais o mercado. A diversificação de mercados e produtos é uma pauta prioritária do Brasil e da CNA, então temos expectativa positiva”, disse.

Mori destacou que a pauta de negociações do Mercosul com outros países está sendo ampliada. “A entrada da negociação com os Emirados traz expectativa muito positiva”, afirmou. A executiva da CNA alertou, porém, que 2026 pode ser um ano desafiador para o setor caso os Estados Unidos mantenham a taxação de 40% a produtos brasileiros do agronegócio. Esse impacto poderá atingir US$ 2,7 bilhões no decorrer do ano. Até novembro, contudo, o setor conseguiu registrar alta de 1,7% nas exportações, mesmo em meio ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

CNA avalia desempenho do setor no Brasil

O presidente da CNA, João Martins, afirmou que neste ano o Brasil atingiu recorde na produção de grãos e que deverá buscar ampliar sua produção e capacidade exportadora. “Conseguimos, com restrição de crédito e problemas climáticos, registrar novo recorde de produção”, afirmou, sobre a safra de 354,8 milhões de toneladas.

Diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi destacou como desafios para o setor a elevada taxa de juros Selic, dívida pública do Brasil elevada, insegurança jurídica no agronegócio, eleições e clima, com fenômenos climáticos como o La Niña, já em curso, e El Niño, esperado para o decorrer de 2026. “Para o ano que vem, dificilmente o governo cortará gastos em período de eleição. Há risco de a inflação subir e ser prejudicial aos produtores do setor e para a redução da Selic”, disse Lucchi.

A Selic é a taxa básica de juros do Banco Central, atualmente em 15% ao ano. A perspectiva da CNA é que encerre 2026 em 12,25%, um patamar ainda elevado na avaliação da instituição. A CNA acusou também um elevado aumento na inadimplência do produtor rural. Lucchi observou que tem aumentado a quantidade de uso de capital dos próprios produtores para os investimentos no setor.

(*) Com informações da ANBA

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