“Grok, isso é verdade”: por que as pessoas falam tanto isso no X?

Quem usa o X (antigo Twitter) consegue notar que muitas publicações são acompanhadas de uma resposta mencionando o Grok, assistente de IA da empresa de Elon Musk integrado à rede social. Os termos “@Grok, isso é verdade?” ou “Grok, explique” se tornaram comuns em posts virais ou até mesmo notícias.

A IA consegue responder posts na plataforma desde março de 2025 e já rende uma enxurrada de interações diárias — basta abrir o perfil oficial do Grok por alguns minutos para ver dezenas de novas mensagens com a comunidade na rede. 

O uso exagerado do assistente já rendeu até memes na rede social, visto que muitas pessoas recorrem à IA para tarefas simples que poderiam ser feitas por um buscador, por exemplo. A seguir, o Canaltech traz mais detalhes sobre a ferramenta:


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O que o Grok é capaz de fazer no X?

O Grok pode ser usado de diferentes formas na rede social: ele funciona como um chatbot tradicional, nos moldes de ChatGPT e Gemini, gera imagens e também pode ser mencionado a qualquer momento dentro de uma discussão no X para interpretar os posts anteriores e criar uma resposta.

No caso das menções, o Grok se destaca pela velocidade nas respostas sobre diferentes pedidos, tais como:

  • Verificar se uma informação é verdadeira;
  • Resumir uma notícia;
  • Trazer contexto adicional sobre um acontecimento;
  • Responder a perguntas gerais.

A IA responde pelo próprio X, como se fosse outro perfil qualquer participando da discussão. Portanto, não é necessário abrir uma janela do chatbot ou usar outro app para conversar com a plataforma.

A ferramenta usa um modelo próprio de IA desenvolvido pela xAI, outra empresa de Elon Musk, e também pode extrair informações de posts da rede social. 

Porém, vale destacar que o Grok não responde a todos os comandos com certeza absoluta — o chatbot informa o usuário quando não tem informações suficientes para a resposta e ainda pode cometer erros sobre dados factuais, algo que pode acontecer em qualquer chatbot do mercado, então é bom verificar dados a partir de mais de uma fonte.

Interações viraram meme

O excesso de perguntas ao Grok também viralizou na rede social: algumas pessoas ficaram incomodadas com a quantidade de posts que possuem uma menção à IA, enquanto outras transformaram as perguntas em meme. Confira algumas respostas populares:

Posts com reações sobre o Grok
Usuários reagem ao uso do Grok nas discussões do X (Imagem: Captura de tela/Canaltech)

Você não precisa seguir o perfil do Grok para interagir com a IA. Não é possível desativar o assistente, mas você consegue bloquear a conta @Grok para evitar que novos posts apareçam no feed.

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10 filmes e séries com Michelle Williams, atriz de Dawson’s Creek

Michelle Williams é uma atriz norte-americana que ganhou destaque ao interpretar Jen Lindley na série adolescente Dawson’s Creek. A artista, conhecida por atuar em filmes independentes, também esteve presente em grandes produções, como Ilha do Medo e O Segredo de Brokeback Mountain — que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar.

Filmes e séries com Michelle Williams para maratonar

A seguir, o Canaltech reuniu títulos disponíveis no streaming que possuem Michele Williams no elenco. Abaixo, confira mais sobre as seguintes obras:

  • Dawson’s Creek
  • Namorados para Sempre
  • Venom
  • O Segredo de Brokeback Mountain
  • O Rei do Show
  • Manchester à Beira-Mar
  • Os Fabelmans
  • Ilha do Medo
  • Sete Dias com Marilyn
  • Morrendo por Sexo

Dawson’s Creek

Dawson’s Creek é uma série de drama adolescente lançada em 1998. Na trama, Michelle Williams é Jen Lindley, uma das personagens principais da série, que acompanha um grupo de quatro amigos, incluindo Jen, enquanto eles enfrentam as dificuldades que chegam com a adolescência e o início da fase adulta. 


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Dawson’s Creek é frequentemente considerada como uma das melhores séries adolescentes dos anos 90. Ela é avaliada com nota 6,8 de 10 no IMDb, e está disponível no streaming pela Sony One.

Namorados para Sempre

 

Namorados para Sempre é um filme de drama que conta a história do casal formado por Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling). Os dois são jovens e têm uma filha pequena, mas estão passando por uma crise no casamento. Juntos, eles fazem uma viagem de final de semana e tentam buscar no passado e no presente as respostas que precisam para continuarem unidos. 

Por sua atuação no longa, Williams recebeu indicação ao Oscar de melhor atriz. O título é avaliado com nota 7,3 de 10 no IMDb, e já esteve presente no catálogo do Prime Video — atualmente, no entanto, ele não está em cartaz em nenhuma plataforma.

Venom

 

Venom é um filme de super-herói baseado nas histórias em quadrinhos da Marvel. No filme, o jornalista Eddie Brock (Tom Hardy) é contaminado por um simbionte alienígena e se transforma na criatura Venom. Michelle Williams interpreta Anne Weying na trama, ex-namorada de Brock. 

O título, que foi lançado nos cinemas em 2018, está disponível no streaming através de plataformas como Netflix, Prime Video e Apple TV, onde pode ser alugado por preços a partir de R$ 11,90. Venom é avaliado com nota 6,6 de 10 no IMDb. 

O Segredo de Brokeback Mountain

 

O Segredo de Brokeback Mountain foi o filme que rendeu à Michelle Williams sua primeira indicação ao Oscar. Na trama, ela interpreta Alma Beers, namorada de Ennis (Heath Ledger), com quem posteriormente se casa e tem duas filhas. 

O filme, no entanto, começa no ano de 1963, quando Ennis conhece Jack (Jake Gyllenhaal) em um rancho, onde ambos começam a trabalhar para cuidar de um pasto de ovelhas. Eles acabam se apaixonando e, após o fim do trabalho, se separam. Ennis de casa com Alma e Jack de casa com Lurren (Anne Hathaway). Apesar disso, os dois conseguem se encontrar com alguma frequência, até que uma tragédia acontece. 

O Segredo de Brokeback Mountain está disponível no streaming pelo Telecine e Disney+, e o título também pode ser alugado no Prime Video por preços a partir de R$ 6,90. No IMDb, o longa é avaliado com nota 7,7 de 10.

O Rei do Show

 

O Rei do Show é um drama musical e biográfico, baseado na história de vida de e P. T. Barnum, um showman norte-americano que criou o famoso circo Barnum & Bailey Circus. Na trama, Michelle Williams interpreta Charity Barnum, esposa de P. T. Barnum (Hugh Jackman). 

O Rei do Show, lançado em 2017, está disponível gratuitamente no streaming através do Mercado Play, mas também pode ser visto como parte do catálogo do Disney+. O título é avaliado com nota 7,5 de 10 no IMDb.

Manchester à Beira-Mar

 

Manchester à Beira-Mar narra a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um homem que precisa voltar à sua cidade natal para tomar conta de seu sobrinho após o falecimento do pai do garoto, seu irmão (Kyle Chandler). Ao retornar, ele se vê enfrentando problemas do seu passado. 

Na trama, Michelle Williams interpreta Randi Chandler, ex-esposa de Lee. Manchester à Beira-Mar é avaliado com nota 7,8 de 10 no IMDb e está disponível no streaming pelo Netflix. O filme, que foi premiado com duas estatuetas do Oscar, também pode ser alugado pelo Prime Video, Apple TV e YouTube por preços a partir de R$ 3,90. 

Os Fabelmans

 

Os Fabelmans é um filme inspirado na infância do premiado diretor Steven Spielberg. A trama conta a história de Sammy Fabelman (Gabriel LaBelle), um menino que cresce no estado do Arizona pós-Segunda Guerra Mundial e se apaixona por filmes. Depois de descobrir um segredo de família, ele explora o poder dos filmes como ferramenta para que se possa enxergar diferentes verdades.

No título, Michelle Williams é Mitzi Fabelman, mãe de Sammy. O filme, avaliado com nota 7,5 de 10 no IMDb, está disponível no streaming pelo Prime Video.

Ilha do Medo

 

Ilha do Medo é um filme de suspense com um final surpreendente. Ele narra a história de dois agentes federais, Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e Chuck Aule (Mark Ruffalo), que viajam para um hospital psiquiátrico após um misterioso desaparecimento de uma das pacientes internadas. 

Michelle Williams interpreta Dolores Chanal na trama, esposa de Teddy. O filme, que pode ser encontrado no streaming gratuitamente pelo Mercado Play, é avaliado com nota de 10 pelo IMDb. O título também pode ser alugado pelo Prime Video, Apple TV e YouTube por preços a partir de R$ 6,90. 

Sete Dias com Marilyn

 

Em Sete Dias com Marilyn, Michelle Williams estrela como Marilyn Monroe, um dos maiores ícones pop que já existiram. A trama narra os bastidores das filmagens do filme O Príncipe Encantado, em 1956, sob a visão de Colin Clark, que trabalhou como assistente nas gravações do longa. 

Na época, Marilyn estava de lua-de-mel com o marido Arthur Miller (Dougray Scott). Quando ele vai embora, Colin faz companhia à Marilyn e apresenta para ela os prazeres da vida britânica. O título, avaliado com nota 6,9 de 10 no IMDb, está disponível gratuitamente pelo Mercado Play e para assinantes do Prime Video.

Morrendo por Sexo

 

Morrendo por Sexo é a produção mais recente estrelada por Michelle Williams. A série, que estreou em 4 de abril de 2025, conta a história de Molly, uma mulher que recebe o diagnóstico de câncer e decide abandonar o seu casamento de mais de 15 anos para explorar seus desejos. Ao longo do processo, ela tem o apoio de sua melhor amiga, Nikki (Jenny Slate).

A minissérie, de oito episódios, está disponível no Disney+ e é avaliada com nota 7,4 de 10 no IMDb.

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Pobres criaturas? Entenda como surgiram 5 animais híbridos

No mundo do filme Pobres Criaturas, o Dr. Godwin (interpretado por Willem Dafoe) cria diversos animais híbridos no seu laboratório, como galinhas com tentáculos, patos com cabeça de cachorro e peixes com traços humanos. Fora das telas, a realidade científica não fica tão atrás.

A empresa Colossal Biosciences, conhecida por ressuscitar espécies extintas como os lobos-terríveis, já testa a criação de organismos geneticamente híbridos em laboratório, cruzando DNA de diferentes animais em nome da desextinção.

Na natureza, híbridos reais também surgem de forma espontânea: entre espécies próximas, em áreas de contato ou mudanças climáticas, novas criaturas surgem de cruzamentos inesperados. A seguir, saiba mais sobre alguns animais híbridos.


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Ligre

liger na frente de uma mulher

Ligre é considerado o maior felino do mundo (Imagem: Reprodução/Wikimedia Cummons)

Fruto de cruzamentos em cativeiro, o ligre é o maior felino do mundo, chegando a mais de 400 kg. O animal é fruto do cruzamento entre um leão e uma tigresa, e geralmente nasce fica do que os seus progenitores, visto que os hormônios que limitam o crescimento são encontrados apenas em tigres e leoas. 

O nascimento dos ligres se deu por conta da intervenção humana, uma vez que os leões vivem majoritariamente na África, e os tigres na Ásia. Logo, a presença das duas espécies em um mesmo ambiente depende de espaços controlados, como zoológicos. 

Zebralo

zebralo posando para foto em espaço controlado
Zebralos são estéreis e de difícil domesticação (Imagem: Reprodução/Flickr)

Zebralos nascem do cruzamento de zebras com cavalos. Este animal fruto da hibridização mistura o corpo do cavalo com as listras e o temperamento selvagem da zebra. É estéril e difícil de domesticar, e geralmente surge em fazendas ou centros de pesquisa.

Urso-grolar

urso-grolar caminhando em uma estrada
Urso-grolar nasceu de cruzamento que ocorreu devido a influência das mudanças climáticas (Imagem: Divulgação/NPS)

Observado em áreas do Canadá e Alasca, o urso-grolar surgiu fruto do cruzamento de ursos polares com ursos marrons. A hibridização deste animal aconteceu devido à sobreposição de territórios causada pelas mudanças climáticas, fazendo com que as espécies passassem a ter contato. Pelagem clara, garras longas e características intermediárias dos pais são aspectos comuns dos ursos-grolares.

Cama

cama posando para foto em ambiente controlado
Cama foi criado nos Emirados Árabem e é estéril (Imagem: Reprodução/Wikimedia Cummons)

Criado nos Emirados Árabes por conta da intervenção humana, o cama nasceu da interação de um camelo em uma lhama. Tem corpo compacto, sem corcova, e combina a força do camelo com a docilidade da lhama. Estéril, é usado como animal de carga leve.

Burro

Burro sozinho em campo verde
Burro nasce do cruzamento de jumentos e éguas (Imagem: Reprodução/Freepik)

O burro é um dos híbridos mais antigos e conhecidos pelos humanos, sendo resultado do cruzamento entre um jumento e uma égua. É estéril na maioria dos casos, mas extremamente resistente, dócil e forte, sendo usado há milênios como animal de carga e transporte.

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GeForce RTX 5080 de R$ 13 mil aparece com defeito de vazamento de gel

Como se não bastassem os vários problemas que a série de GPUs GeForce RTX 50 trouxeram desde o lançamento, tem dono de RTX 5080 relatando vazamento de “gel térmico” em um modelo entusiasta da Gigabyte. Esse vazamento aconteceu depois de apenas um mês de uso, mostrando um possível problema na montagem da placa.

O problema, denunciado no fórum sul-coreano QuasarZone, não é exatamente da NVIDIA, já que a montagem é responsabilidade da fabricante parceira. O dono da placa de vídeo defeituosa relata que a usava em um PCI Riser, uma extensão para usar a placa fora do slot da placa-mãe.

Além disso, a GPU era usada por 2 horas por dia para jogar World of Warcraft e tinha “exatamente” um mês quando o composto começou a vazar. Esse tipo de situação não é nada comum e o fato de a placa de vídeo estar na posição vertical, por conta do cabo Riser, facilitou na identificação do problema, mas também pode ter contribuído para que ele acontecesse.


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Por pouco, o gel não encosta na conexão PCIe (Imagem: QuasarZone)

Independentemente dessas circunstâncias, estamos falando uma GeForce RTX 5080 Aorus Master, modelo entusiasta da Gigabyte com construção premium. Essa placas de vídeo passa dos R$ 13 mil no Brasil e chega a US$ 1.800 lá fora, um modelo realmente caro para dar esse tipo de problema.

Outra coisa que torna essa situação ainda mais incomum é o pouquíssimo tempo de uso, além do fato de, dificilmente, essa placa ter sofrido com altas temperaturas por conta de seu projeto de refrigeração robusto.

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Novas baterias de estado sólido da Stellantis já serão testadas no ano que vem

Perto do fim do ano passado, a Stellantis anunciou uma parceria com a Factorial para a utilização de suas baterias de estado sólido na nova geração elétrica do Dodge Charger Daytona em 2026.

Nesta semana, a montadora divulgou algumas informações sobre o desenvolvimento desta bateria, que, de acordo com  a Stellantis, alcançou uma densidade energética de 375 Wh/kg. Sim, parece outra língua, mas nós vamos te explicar. 

A fabricante afirmou que as células FEST (Factorial Electrolyte System Technology) de 77 Ah atingiram uma densidade de 375 Wh/kg com mais de 600 ciclos de recarga. Segundo a Stellantis, eles estão progredindo a uma qualificação necessária para utilizar em seus veículos. Isso é um grande marco para as baterias de estado sólido feitas de lítio metálico.


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Dodge Charger EV visto de frente
Nova geração com baterias de estado sólido chegará em 2026

Mas qual a real importância na densidade energética de uma bateria? 

Ao contrário das baterias de íon-lítio já conhecidas, que usam eletrólitos líquidos, as baterias de estado sólido, como a FEST, utilizam lítio metálico o desenvolvimento de célular quase sólidas.

O resultado disso é uma eficiência energética muito superior, com carregamentos mais rápidos, autonomia maior, mais segurança e muito mais. 

Resumindo, quão mais densa é uma bateria, melhor ela se torna. A densidade da geração atual das baterias Blade da BYD, por exemplo, é de 150 Wh/kg, menos da metade das que estão sendo desenvolvidas pela Stellantis. 

Nova bateria da Stellantis
Nova bateria poderá revolucionar mercado de carros elétricos

Isso gera uma enorme vantagem para as baterias FEST. Segundo a marca, elas podem atingir uma carga de 15% a 90% em apenas 18 minutos. Essas novas células também prometem suportar descargas rápidas de até 4 ºC, melhorando o desempenho dos veículos elétricos, que acabam sendo prejudicados por diversos fatores.

As células de baterias mais recentes desenvolvidas pela Factorial são capazes de operar entre -30 ºC e 45 ºC, uma faixa muito ampla, permitindo o uso em qualquer tipo de clima.

Há outras vantagens na utilização destas baterias, como: mais segurança, menos peso e, claro, mais eficiência.

“Este avanço nos coloca na vanguarda da revolução do estado sólido, mas não vamos parar por aí. Continuamos trabalhando juntos para expandir os limites e oferecer soluções ainda mais avançadas, nos aproximando de baterias mais leves e eficientes que reduzem os custos para nossos cliente”, afirmou, Ned Curic, Diretor de Engenharia e Tecnologia da Stellantis.

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10 jogos icônicos lançados em 1994

O ano de 1994 entrou para a história dos videogames como um divisor de águas para a indústria. Enquanto o mundo testemunhava uma transformação tecnológica, os cartuchos travavam uma batalha silenciosa contra o avanço inevitável dos CDs. A Nintendo, percebendo a ameaça, declarou oficialmente que 1994 seria “o ano do cartucho” — uma tentativa desesperada de manter sua relevância num mercado que começava a abraçar novas mídias de armazenamento com capacidades muito superiores.

Foi também em 1994 que a Nintendo revelou o design do que seria o Nintendo 64 (até então chamado de Ultra 64), um console que prometia revolucionar a indústria com sua tecnologia de 64 bits e gráficos 3D. Enquanto isso, a polêmica em torno de jogos como Mortal Kombat e Night Trap fazia o governo dos EUA pressionar a indústria, resultando na criação do Entertainment Software Rating Board (ESRB), sistema de classificação que se tornaria o padrão para definir a faixa etária dos jogos e que perdura até hoje.

No front dos consoles, 1994 marcou o lançamento de uma enxurrada de novos hardwares: o Sega 32X tentava estender a vida útil do Mega Drive, o Sega Saturn desembarcava no Japão antes de sua chegada conturbada ao ocidente e a SNK apresentava o Neo Geo CD como uma alternativa mais acessível ao absurdamente caro Neo Geo AES. Porém, nenhum evento foi tão significativo quanto a chegada da Sony ao mercado de games.


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O PlayStation, lançado inicialmente em dezembro daquele ano no Japão, chegou com grande foco em 3D, mídia em CD e uma abordagem mais madura para os games. Com isso, o console da Sony estabeleceu as bases para o que se tornaria a maior revolução da indústria de jogos desde o crash de 1983. Mas antes que a companhia conquistasse o trono, 1994 ainda seria palco para o lançamento de alguns dos jogos mais memoráveis de todos os tempos.

10. International Superstar Soccer

No Brasil dos anos 1990, havia poucos fenômenos tão expressivos quanto International Superstar Soccer (ISS) para Super Nintendo. Lançado pela Konami, o jogo transformou completamente o cenário de games de futebol com jogabilidade fluida, passes precisos e uma visão lateral do campo que permitia maior controle tático dos jogadores.

Kick Off! ISS deu início a uma das franquias mais icônicas do futebol e mais adoradas do Brasil (Imagem: Reprodução/Konami)

Nas locadoras espalhadas por todo o Brasil, ISS era praticamente um item de primeira necessidade. Não era incomum encontrar estabelecimentos com múltiplas cópias do jogo, e mesmo assim os cartuchos permaneciam constantemente alugados. Os campeonatos organizados nesses lugares atraíam multidões de jogadores que podiam passar horas disputando torneios improvisados, com direito a tabelas escritas à mão e pequenos prêmios para os vencedores.

O jogo não possuía licença oficial da FIFA, o que obrigava a Konami a usar nomes fictícios como “Allejo” no lugar de Bebeto e “Gomez” no lugar de Romário. Longe de ser um problema, essa peculiaridade acabou criando um vocabulário próprio entre os fãs brasileiros, que até hoje se referem aos jogadores pelos seus apelidos no game. A narração em inglês com o icônico “GOAL!” também virou marca registrada, sendo repetida nos pátios das escolas sempre que alguém marcava um gol no recreio.

9. The Need for Speed

Antes de se tornar uma das franquias de corrida mais lucrativas da história, The Need for Speed nasceu como uma colaboração entre a Electronic Arts e a revista Road & Track. O objetivo era criar a experiência de corrida mais autêntica já vista em videogames até então, com um nível de realismo que deixaria os entusiastas de automóveis boquiabertos.

The Need for Speed reproduzia com fidelidade o exterior e interior de supermáquinas antes vistas apenas em revistas (Imagem: Reprodução/Electronic Arts)

O jogo original impressionava pelo detalhamento dos modelos dos carros — algo jamais visto até 1994. Veículos como Ferrari 512TR, Lamborghini Diablo e Porsche 911 foram recriados com atenção meticulosa, com especificações técnicas precisas e comportamentos físicos distintos. Cada carro apresentava características únicas de aceleração, frenagem e curvas, fazendo com que a escolha do veículo realmente importasse. Para complementar a experiência, o jogo incluía vídeos reais e informações detalhadas sobre cada automóvel, transformando-o também em uma espécie de enciclopédia automotiva interativa.

As pistas, embora limitadas em número, eram inspiradas em estradas reais com layouts que permitiam explorar as capacidades dos supercarros. Túneis, curvas fechadas e longas retas garantiam momentos de adrenalina, especialmente quando você precisava desviar do tráfego ou fugir da polícia — um elemento que se tornaria marca registrada da série. O som dos motores, captado dos veículos reais, completava a experiência imersiva que o jogo se propunha a oferecer.

O que começou como um simulador com pretensões realistas eventualmente evoluiria para diferentes direções, às vezes pendendo para o arcade, outras retornando às suas raízes de simulação. Mas o DNA do primeiro The Need for Speed — a obsessão por carros exóticos, a emoção da velocidade e a perseguição policial — continua presente mesmo após mais de três décadas.

8. Doom II: Hell on Earth

Como superar um jogo que definiu o gênero FPS e estabeleceu novos patamares técnicos para os jogos de PC? A id Software respondeu a essa pergunta com Doom II: Hell on Earth, lançado apenas um ano após o original, expandindo a fórmula em praticamente todos os aspectos. O título não apenas continuava a história do Doom Guy, como também aprimorava a experiência de jogo de maneiras significativas.

Doom 2 aprimorou todos os aspectos do primeiro jogo (Imagem: Reprodução/id Software)

A premissa era simples: após sobreviver aos horrores de Marte, o protagonista retorna à Terra apenas para descobrir que os demônios chegaram primeiro. Os ambientes urbanos tomados pelo inferno proporcionavam cenários mais variados e complexos que seu antecessor, com níveis maiores e mais intrincados. Os labirintos de Doom II eram verdadeiros quebra-cabeças 3D, desafiando os jogadores com armadilhas mortais e hordas de inimigos estrategicamente posicionados.

O arsenal foi expandido com a introdução da lendária Super Shotgun, arma que se tornaria símbolo da franquia. Capaz de devastar inimigos próximos com seu disparo duplo, ela mudou completamente a dinâmica de combate. Além disso, novos inimigos como o Pain Elemental, Arch-vile e o icônico Revenant ofereciam desafios inéditos, exigindo táticas diferentes dos jogadores. A dificuldade elevada, especialmente nos níveis finais, testava até mesmo os veteranos do primeiro game.

Tecnicamente, Doom II mantinha o mesmo motor gráfico do antecessor, mas extraia ainda mais dele, com cenários mais detalhados e efeitos de iluminação aprimorados. O design de som continuava excepcional, com os rugidos dos demônios e o característico “clique” quando ficávamos sem munição gerando uma atmosfera de tensão constante. O modo multijogador, suportando deathmatch e cooperativo via conexão IPX, solidificou a posição do jogo como pioneiro do multiplayer em FPS.

7. Killer Instinct

Quando a Rare e a Nintendo se uniram para criar um novo jogo de luta que pudesse competir com Street Fighter e Mortal Kombat, o resultado foi muito além do esperado. Killer Instinct, originalmente lançado para arcade em 1994, utilizando o hardware “Ultra 64” (precursor do Nintendo 64), foi um marco técnico e artístico para o gênero de jogos de luta, com visuais pré-renderizados que pareciam impossíveis para a época.

Killer Instinct se posicionou como um forte concorrente a Mortal Kombat entre os jogos de luta sangrentos e violentos (Imagem: Reprodução/Rare)

O sistema de combate de Killer Instinct introduziu o conceito de “combo breakers” e “auto-doubles”, mecânicas que permitiam sequências de golpes impressionantes e a possibilidade de interromper os combos do adversário. Os famosos “Ultra Combos” com dezenas de hits consecutivos se tornaram marca registrada do jogo, criando momentos de pura espetacularidade. Essa profundidade de mecânicas tornava o jogo acessível para iniciantes, mas com uma curva de aprendizado que recompensava os jogadores mais dedicados.

O elenco de lutadores era diversificado e memorável: Jago, o monge guerreiro; Glacius, o alienígena de gelo; Cinder, o homem transformado em criatura de fogo; Fulgore, o ciborgue mortal; e Sabrewulf, o lobisomem, entre outros. Cada personagem tinha movimentos únicos e uma estética distinta, com finalizações espetaculares (embora menos sangrentas que as de Mortal Kombat). A trilha sonora dinâmica, que reagia às ações em tela, complementava perfeitamente a experiência frenética dos combates.

A versão para Super Nintendo, embora tecnicamente inferior ao arcade devido às limitações do console, manteve a essência da jogabilidade e impressionou pela qualidade da conversão. O lançamento em cartucho, numa época em que os jogos em CD começavam a dominar, demonstrava o compromisso da Nintendo com a tecnologia que defendia, tornando Killer Instinct um dos últimos grandes marcos da era dos 16-bits.

6. The King of Fighters ’94

Enquanto Street Fighter e Mortal Kombat dominavam as manchetes, a SNK decidiu criar algo verdadeiramente fora da curva no universo dos jogos de luta. The King of Fighters ’94 apresentou o inédito sistema de times com três lutadores e reuniu personagens de diversas franquias da SNK em um único e ambicioso crossover.

The King of Fighters ’94 revolucionou com lutas em equipes, inédito na época (Imagem: Reprodução/SNK)

O grande diferencial de KOF ’94 estava em sua estrutura de batalha por equipes. Ao invés do tradicional confronto um contra um, os jogadores escolhiam times de três lutadores representando diferentes países. Essa mecânica adicionava uma camada estratégica inédita, já que era necessário dominar múltiplos personagens e planejar a ordem ideal para enfrentar os adversários. O sistema de energia que se mantinha parcialmente entre as lutas significava que cada vitória difícil poderia comprometer suas chances no próximo confronto.

Tecnicamente, o jogo rodava no hardware Neo Geo, conhecido por sua capacidade de reproduzir sprites grandes e detalhados com animações fluidas. Isso permitiu à SNK criar personagens expressivos e cenários vibrantes que captavam a essência dos países representados. O controle responsivo e a variedade de sistemas — como o Power Gauge que permitia desferir golpes especiais mais poderosos — acrescentavam profundidade ao gameplay.

A mistura de personagens consagrados como Terry Bogard (Fatal Fury), Ryo Sakazaki (Art of Fighting) e Athena Asamiya (Psycho Soldier) com novos lutadores criados especificamente para KOF, como Kyo Kusanagi e Benimaru Nikaido, criou um elenco diversificado que agradava tanto fãs das séries anteriores quanto novos jogadores. O sucesso foi tão grande que o que era para ser um título único transformou-se em uma das mais longevas séries de jogos de luta, com lançamentos anuais que persistem até hoje.

5. Warcraft: Orcs & Humans

Antes de World of Warcraft revolucionar os MMOs e se tornar um fenômeno cultural, a saga começou de forma bem mais modesta com Warcraft: Orcs & Humans. Lançado pela então pequena e recém-batizada Blizzard Entertainment, o jogo chegou ao mercado em um momento em que o gênero de estratégia em tempo real (RTS) ainda estava em sua infância, ajudando a definir os pilares que sustentariam clássicos futuros.

Warcraft: Orcs & Humans deu início a uma das franquias de jogos mais bem-sucedidas de todos os tempos (Imagem: Reprodução/Blizzard)

A premissa era simples: controlar humanos ou orcs em uma guerra pelo controle de Azeroth. Apesar dessa simplicidade aparente, o jogo introduziu elementos narrativos que eram incomuns para RTSs da época, com uma história contada através de briefings de missões e diálogos que construíam um universo rico em lore. A dualidade das campanhas, permitindo jogar tanto com humanos quanto com orcs, oferecia perspectivas diferentes sobre o mesmo conflito — uma abordagem inovadora para 1994.

O sistema de jogo estabeleceu conceitos que permanecem relevantes: coleta de recursos (ouro e madeira), construção de bases, produção de unidades e combate estratégico. A interface, embora rudimentar para hoje em dia, era surpreendentemente funcional, permitindo selecionar unidades individualmente ou em grupos. O balanceamento cuidadoso entre as facções e a IA desafiadora garantiam que nenhuma estratégia simples dominasse o jogo.

Tecnicamente limitado pelos padrões contemporâneos, Warcraft compensava com um estilo artístico distinto, com sprites detalhados e uma paleta de cores viva que diferenciava claramente as facções. Os efeitos sonoros memoráveis e as frases das unidades ao serem selecionadas (“Yes, milord” e “Zug-zug”) tornaram-se parte da cultura gamer.

4. Final Fantasy VI

Em um ano repleto de obras-primas, Final Fantasy VI (lançado inicialmente como Final Fantasy III no ocidente) se destacou como um dos jogos com a narrativa mais madura e emocionalmente impactante já vistos até então. A Square, já conhecida por suas aventuras épicas, superou todas as expectativas ao criar um RPG que expandia os limites do que o público acreditava ser possível no Super Nintendo.

Final Fantasy VI fechou com chave de ouro a era dos 16-bits (Imagem: Reprodução/Squaresoft)

Ambientado em um mundo que mesclava fantasia medieval com elementos steampunk, Final Fantasy VI apresentava um elenco de 14 personagens jogáveis, cada um com histórias completas, motivações complexas e habilidades únicas. De Terra, a meio-humana com poderes mágicos, a Kefka, um dos vilões mais memoráveis e perturbadores dos videogames, o jogo tratava temas como genocídio, suicídio, amor, lealdade e redenção com uma profundidade sem precedentes.

A revolução não estava apenas na narrativa. Tecnicamente, o jogo empurrava o SNES aos seus limites, contando com o Mode 7 para sequências de voo, efeitos especiais impressionantes durante as batalhas e uma das mais celebradas trilhas sonoras de Nobuo Uematsu — a ópera “Maria and Draco” continua sendo uma das músicas de videogame mais lembradas de todos os tempos. O sistema de combate com a mecânica de Magicite permitia personalizar cada personagem de forma única, oferecendo bastante liberdade estratégica.

O momento mais ousado do jogo — a destruição do mundo na metade da história e a subsequente transição para um cenário pós-apocalíptico — permanece como uma das reviravoltas mais impactantes da história dos games. Por tudo isso, Final Fantasy VI provou que videogames podiam contar histórias com a complexidade e o impacto emocional de grandes obras literárias ou cinematográficas.

3. EarthBound

Quando EarthBound (conhecido como Mother 2 no Japão) chegou ao Super Nintendo em 1994, poucos imaginavam que um RPG tão peculiar e aparentemente simplório se tornaria um dos jogos mais cultuados de todos os tempos. Criado por Shigesato Itoi, um famoso escritor japonês sem experiência prévia em desenvolvimento de games, o título subverteu praticamente todas as convenções do gênero.

Apesar do visual infantil, EarthBound abordava temas profundos e surpreendeu quem lhe deu uma chance (Imagem: Reprodução/HAL Laboratories)

Em vez do tradicional cenário medieval-fantástico, EarthBound se passava em uma versão surreal e satírica dos Estados Unidos contemporâneo, onde um garoto comum chamado Ness combatia alienígenas, hippies possuídos e cães falantes com um taco de baseball. Os itens incluíam hambúrgueres como itens de cura e cartões telefônicos para salvar o jogo. Essa combinação de elementos cotidianos com absurdos era parte fundamental do charme do jogo.

Sob a superfície aparentemente infantil, EarthBound escondia temas profundos. O jogo abordava consumismo, religião, política e até mesmo a transição da infância para a adolescência de maneira sutil e inteligente. A narrativa culminava em um confronto final contra um vilão abstrato e perturbador cujo design e diálogos incompreensíveis foram inspirados em um trauma de infância de Itoi, quando acidentalmente assistiu a uma cena de violência sexual em um filme.

Ironicamente, EarthBound foi um fracasso comercial em seu lançamento ocidental, em parte devido a uma campanha de marketing desastrosa com o slogan “Este jogo fede”. Apenas anos depois, impulsionado por comunidades online e sua inclusão no jogo Super Smash Bros, o título encontrou seu público e reconhecimento merecidos. Hoje, é celebrado por seu humor subversivo, trilha sonora experimental e influência em jogos indie que buscam narrativas fora da curva.

2. Super Metroid

Super Metroid é um raro exemplo de jogo que entretêm e redefine o que é possível fazer dentro de um gênero. Ele elevou a franquia da Nintendo a um novo nível e estabeleceu padrões de design que continuam sendo utilizados por desenvolvedores mais de 30 anos depois. Terceiro jogo da série e segundo para o Super Nintendo, Super Metroid refinava a fórmula iniciada no NES até a perfeição.

Super Metroid criou o que hoje conhecemos como “jogos metroidvânia” (Imagem: Reprodução/Nintendo)

A atmosfera é possivelmente o elemento mais marcante da experiência. Logo na introdução, somos recebidos por uma sequência cinematográfica que estabelece o tom sombrio, com Samus Aran revisitando a estação espacial onde deixou o último Metroid, apenas para encontrá-la destruída e a criatura roubada por Ridley. A partir daí, somos lançados em um planeta Zebes muito mais vasto e ameaçador que na versão do NES, com biomas distintos e uma sensação constante de isolamento. A ausência quase completa de diálogos amplifica essa solidão, com a narrativa sendo contada exclusivamente através do ambiente e de raras cutscenes.

A jogabilidade de Super Metroid é um exemplo perfeito de design que respeita a inteligência do jogador. Sem tutoriais extensos ou indicações óbvias de para onde seguir, o jogo guia sutilmente através de bloqueios de progressão que só podem ser superados após obter novas habilidades. Essa estrutura não-linear, onde poderes como o Morph Ball, Screw Attack e Wave Beam desbloqueiam novos caminhos em áreas já visitadas, criou o que hoje conhecemos como gênero “metroidvania”. A sensação de empoderamento gradual, à medida que Samus se torna mais versátil e letal, permanece como uma das mais satisfatórias na história dos games.

Tecnicamente, Super Metroid explorava muito bem as capacidades do SNES. Os sprites detalhados de Samus e dos inimigos, os efeitos de paralaxe nos cenários, a iluminação dinâmica em certas áreas e a fluidez das animações criavam um mundo convincente e imersivo. A trilha sonora minimalista de Kenji Yamamoto, alternando entre temas ambientais e melodias memoráveis, complementava perfeitamente a atmosfera. O clímax emocional com o sacrifício do Metroid bebê permanece como um dos momentos mais impactantes da era 16-bits.

1. Donkey Kong Country

Quando rumores sobre um novo jogo do Donkey Kong começaram a circular em 1994, poucos previram o impacto que Donkey Kong Country teria na indústria. Em um momento em que a Nintendo enfrentava a crescente pressão dos CDs e dos gráficos 3D do PlayStation e Sega Saturn, a Rare realizou o que parecia impossível: criou um jogo visualmente revolucionário utilizando a tecnologia “ultrapassada” do Super Nintendo.

Donkey Kong Country mostrou que o SNES ainda tinha fôlego, mesmo com o advento dos consoles de 32-bits (Imagem: Reprodução/Nintendo)

O segredo estava na técnica inovadora de pré-renderização. Os personagens e cenários eram modelados em estações de trabalho Silicon Graphics de última geração — as mesmas usadas em filmes como Jurassic Park — e depois convertidos em sprites para o SNES. O resultado eram visuais 3D impressionantes que pareciam de um console de próxima geração, não a um sistema de 16-bits lançado em 1990. A Nintendo, que começava a perder terreno para a Sega e Sony, ganhou um trunfo valioso que prolongou a vida comercial do Super Nintendo.

Mas Donkey Kong Country não era apenas isso. Sua jogabilidade era refinada e desafiadora, com controles precisos e level design criativo. A parceria entre Donkey Kong e Diddy Kong, cada um com características diferentes, adicionava uma camada estratégica ao gameplay. Os níveis variados — das minas de carrinho às cavernas submarinas e fábricas industriais — mantinham o clima de novidade por toda a experiência. Segredos abundantes recompensavam a exploração, com áreas bônus escondidas e passagens secretas aumentando significativamente a longevidade do jogo.

A trilha sonora composta por David Wise merece destaque especial. Temas como “Aquatic Ambience” e “Fear Factory” transcenderam a cultura gamer e são reconhecidos como algumas das peças musicais mais memoráveis já compostas. Cada ambiente tinha sua identidade sonora única, contribuindo imensamente para a imersão. A combinação disso tudo criou uma experiência completa que vendeu mais de nove milhões de cópias mundialmente e gerou uma série de sequências aclamadas. Mais importante, demonstrou que a Nintendo e seu fiel cartucho ainda tinham muito a oferecer em um mundo que caminhava rapidamente para a era do CD.

Menções honrosas

A variedade e qualidade dos jogos lançados em 1994 é tamanha que alguns títulos simplesmente não poderiam ficar de fora da lista. Seja por representarem evoluções notórias de franquias famosas ou o pontapé inicial de uma nova era nos videogames, os jogos a seguir mereciam ser lembrados como parte importante da história dos games lançados em 1994.

The Lion King

Em 1994, as adaptações de filmes para videogames já entregavam alta qualidade e fidelidade às suas contrapartes cinematográficas. Depois do excepcional Aladdin, The Lion King chegou aos consoles capturando a essência do filme com gráficos vibrantes e uma trilha sonora que adaptava as composições clássicas de Elton John e Hans Zimmer. A dificuldade elevada — especialmente o infame nível “Hakuna Matata” com seus troncos rolantes — fez muitos jogadores acreditarem que o jogo foi intencionalmente projetado para ser difícil, incentivando mais aluguéis nas locadoras.

Não se engane pelo visual bonitinho e trilha sonora marcante: The Lion King é um dos jogos baseados em desenho mais lazarentos de todos os tempos (Imagem: Reprodução/Virgin Interactive)

Super Punch-Out!!

Retomando a fórmula de seu antecessor para NES, Super Punch-Out!! refinava a jogabilidade e trazia gráficos impressionantes para o Super Nintendo. Os oponentes carismáticos e caricatos — como o narcisista Bear Hugger e o excêntrico Aran Ryan — tinham personalidades distintas e padrões de ataque únicos que exigiam estratégias específicas para serem derrotados. Menos celebrado que Mike Tyson’s Punch-Out!!, este título merece reconhecimento por sua jogabilidade afiada e desafiadora que recompensava timing perfeito e observação cuidadosa, além de ser tecnicamente impecável para os padrões da época.

Sonic the Hedgehog 3 & Knuckles

O que deveria ser um único jogo ambicioso acabou dividido em dois lançamentos devido a limitações de tempo e orçamento. Sonic 3, lançado em fevereiro, e Sonic & Knuckles, em outubro, introduziram a revolucionária tecnologia “lock-on” que permitia conectar os cartuchos fisicamente. Quando combinados, ofereciam a experiência completa originalmente planejada pelo Sonic Team, com novos power-ups, estágios bônus aprimorados e a capacidade de jogar com Knuckles em todas as fases de Sonic 3. Rumores persistentes sugerem que Michael Jackson colaborou secretamente na trilha sonora antes de abandonar o projeto, com várias faixas musicais apresentando semelhanças com seus trabalhos.

Sonic 3 foi tão ambicioso que teve de ser dividido em dois jogos, dando origem a Sonic the Hedgehog 3 & Knuckles (Imagem: Reprodução/SEGA)

Earthworm Jim

Criado pela Shiny Entertainment, Earthworm Jim era a personificação do humor absurdo dos anos 1990. Protagonizado por uma minhoca em um traje espacial, o jogo se destacava pelos visuais caricatos, animações fluidas e situações completamente nonsense — como lançar vacas ou usar a própria cabeça como chicote. O humor irreverente estendia-se aos inimigos bizarros como Evil the Cat e Queen Slug-for-a-Butt. Além da jogabilidade sólida de plataforma e ação, o título impressionava pelos visuais desenhados à mão e animações detalhadas.

Tekken

Enquanto Virtua Fighter da Sega liderava a revolução dos jogos de luta 3D, a Namco respondeu com Tekken, um jogo que simplificava os controles para tornar o gênero mais acessível. O sistema de quatro botões, cada um correspondendo a um membro do lutador, era intuitivo e permitia que mesmo iniciantes dessem combos impressionantes. O elenco diversificado, incluindo o patriarca Heihachi Mishima e sua família disfuncional, apresentou personagens que se tornariam ícones do gênero. Originalmente lançado em arcades usando o hardware System 11 (baseado no PlayStation), Tekken demonstrava o potencial da nova geração de consoles que estava apenas começando.

Heretic

Utilizando uma versão licenciada do motor de Doom, Heretic transportava a fórmula de FPS para um ambiente de fantasia sombria. Desenvolvido pela Raven Software e publicado pela id Software, o jogo substituía shotguns por varinhas mágicas e demônios por gárgulas, mas mantinha a ação frenética que tornou Doom um fenômeno. Suas inovações incluíam a capacidade de olhar para cima e para baixo (limitada, mas significativa para a época), um inventário de itens colecionáveis e efeitos atmosféricos como vento que afetavam projéteis. Essas melhorias técnicas, combinadas com o setting de dark fantasy, ajudaram a diversificar o gênero FPS em seu primórdio, provando que tinha potencial além dos tradicionais “doom clones”.

Heretic utilizou engine de Doom e promoveu melhorias significativas, dando um passo além em termos de qualidade nos FPS (Imagem: Reprodução/Raven Software)

1994 foi muito mais que o “ano do cartucho”

1994 marcou o início de mais um período de transição na indústria gamer, com passado e futuro da indústria coexistindo em perfeito equilíbrio. Por um lado, consoles de 16-bits como o Super Nintendo e o Mega Drive atingiram seu ápice técnico e criativo, apresentando obras-primas que extraíam até a última gota de potencial daquele hardware. Por outro, vimos os primeiros passos da revolução dos 32-bits e da mídia óptica que transformaria para sempre o desenvolvimento de jogos.

Esta dualidade criou um ambiente extraordinariamente fértil para a criatividade. Desenvolvedores aperfeiçoavam fórmulas testadas e comprovadas com títulos como Super Metroid e Final Fantasy VI, enquanto novos estúdios como a Blizzard davam os primeiros passos em franquias que se tornariam pilares da indústria. O 3D começava a mostrar seu potencial com Tekken e outros jogos de arcade, enquanto títulos em 2D como Donkey Kong Country provavam que ainda havia espaço para inovação mesmo com tecnologias “ultrapassadas”.

Talvez mais importante que as inovações tecnológicas tenha sido a maturidade que os jogos começaram a demonstrar em 1994. Narrativas mais complexas, temas mais profundos e experiências mais diversificadas expandiram as fronteiras do que os videogames podiam expressar. De EarthBound com sua sátira social a Final Fantasy VI com seus personagens tragicamente humanizados, os jogos começavam a ser reconhecidos como um meio de expressão artística legítimo, não apenas entretenimento infantil.

Olhando para trás, fica claro que 1994 foi mais que apenas “o ano do cartucho” como a Nintendo insistia. Ele definiu os rumos dos videogames para as décadas seguintes, e as franquias, mecânicas e inovações nascidas naquele momento continuam influenciando desenvolvedores até hoje.

10 jogos lançados em 1994 que marcaram época

  1. Donkey Kong Country: Plataforma revolucionário da Rare que estendeu a vida do SNES com gráficos pré-renderizados impressionantes e gameplay preciso
  2. Super Metroid: A perfeição do design não-linear e da narrativa ambiental, estabelecendo os padrões para o gênero “metroidvânia”
  3. Earthbound: RPG único ambientado em uma versão surreal dos EUA modernos, com humor irreverente e temas surpreendentemente profundos
  4. Final Fantasy VI: Épico da Square com narrativa madura, 14 personagens jogáveis e um dos vilões mais memoráveis dos videogames
  5. Warcraft Orcs & Humans: Lançou as bases para uma das franquias mais bem-sucedidas da Blizzard e ajudou a definir o gênero RTS
  6. The King of Fighters ’94: Crossover ambicioso da SNK que estabeleceu um sistema de equipes de três lutadores e uma das séries mais duradouras de jogos de luta de todos os tempos
  7. Killer Instinct: Jogo de luta da Rare com combos de tirar o fôlego e visuais pré-renderizados impressionantes
  8. Doom 2: Sequência que expandiu o revolucionário shooter da id Software com novos inimigos, armas e níveis complexos
  9. The Need for Speed: Simulador de corrida da EA focado em reproduzir fielmente a experiência de dirigir supermáquinas exóticas
  10. International Superstar Soccer: Fenômeno no Brasil, revolucionou games de futebol com jogabilidade fluida e criou uma verdadeira febre nas locadoras de todo o Brasil

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