
Quase metade dos brasileiros considera o preço elevado como principal barreira para ter um computador em casa. Este novo dado faz parte da Pesquisa de Conectividade Significativa, divulgada nesta terça-feira (02/09) pela Anatel em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Realizado entre agosto de 2023 e junho de 2024, o levantamento ouviu 593 pessoas com mais de 18 anos de todo o Brasil para mapear as condições de acesso à internet e as barreiras para uma inclusão digital plena. A pesquisa divide os respondentes em três faixas de renda: até um, de um a três e mais de três salários mínimos.
Preço do PC afasta brasileiros

O fator financeiro é central nessa discussão. Entre os entrevistados que não possuem computador em casa – categoria que inclui desktops, notebooks e tablets –, 47,3% afirmam que o preço é alto demais. Outros 19,2% dizem não ter interesse, enquanto 9,8% apontam a falta de conhecimento sobre como usar o equipamento.
Do outro lado, 34% da população afirmam ter algum tipo de computador. Dentro desse grupo, os notebooks lideram com folga, presentes em 44% dos lares, enquanto os PCs de mesa aparecem em apenas 14% e os tablets, em 11%. Além disso, 30% dos entrevistados disseram possuir mais de um tipo de dispositivo.
A maioria dos entrevistados, em todas as faixas de renda, considera que o computador é mais adequado que o celular para atividades como acessar serviços do governo, bancos ou fazer compras online.
Essa percepção indica que a dependência do smartphone pode ser, em muitos casos, um contorno imposto pela falta de acesso ao PC ou até mesmo falta de letramento em informática. Por aqui, discutimos este tema no Tecnocast 320 – “A geração Z não sabe usar computadores?”.
Vale lembrar que a posse de computadores também é geograficamente desigual. Segundo o levantamento do TIC Domicílios 2024, o maior índice de adoção fica no Sul (43%), seguido por Sudeste (39%). Já o Nordeste tem a menor adesão (23%).
Acesso à internet é pelo celular

Com a ausência do computador, o smartphone segue consolidado como o principal, e muitas vezes único, dispositivo de acesso à internet. O levantamento mostra que, independentemente da faixa de renda, mais da metade dos entrevistados possui um aparelho celular há menos de dois anos.
Contudo, a pesquisa aponta que os planos de dados no país limitam desproporcionalmente a população de baixa renda. Entre os que ganham até um salário mínimo, 35% ficaram pelo menos um dia sem internet móvel nos 30 dias anteriores à pesquisa por causa do fim da franquia. Desses, 11,6% relataram ter ficado mais de 15 dias desconectados, índice cinco vezes maior que o registrado entre os mais ricos.
Dos entrevistados que tiveram a franquia esgotada, 63,8% deixaram de realizar transações bancárias, enquanto 56,5% não conseguiram acessar serviços do governo. Para contornar o problema, a principal estratégia adotada é buscar redes Wi-Fi, seja em casa ou em locais públicos.
Habilidades, publicidade e a satisfação geral

A pesquisa também investigou a percepção dos brasileiros sobre suas próprias capacidades no mundo digital. Em uma escala de 0 a 10, a nota média de satisfação com as próprias habilidades para realizar atividades na internet foi de 8,2. O próprio relatório, contudo, sugere que esse número pode indicar uma autoconfiança excessiva.
Outro ponto de destaque é a percepção sobre a publicidade online. A maioria dos entrevistados, em todas as faixas de renda, afirma que vídeos de publicidade aparecem com alta frequência (“sempre” ou “muitas vezes”). O estudo ressalta que esse conteúdo, além de incômodo, consome parte da franquia de dados, acelerando seu esgotamento.
Por fim, a satisfação geral com a conectividade no Brasil, englobando todos os aparelhos e formas de acesso, recebeu uma nota média de 7,8.
47% dos brasileiros não têm computador em casa por causa do alto custo