
Resumo
Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) acende um alerta sobre o volume de anúncios enganosos relacionados à saúde que circulam no Instagram e no Facebook. A pesquisa analisou quase 170 mil peças publicitárias veiculadas nas plataformas da Meta e concluiu que mais de 76% continham algum tipo de irregularidade ou fraude. O resultado foi apresentado ontem (21) no Fantástico, da Globo.
Dentro desse universo, os pesquisadores avaliaram individualmente pouco mais de 6 mil anúncios e identificaram que cerca de 5 mil eram golpes diretamente ligados à área da saúde. As mensagens seguem um padrão recorrente: promessas de cura rápida, resultados garantidos e tratamentos supostamente milagrosos, muitas vezes associados a doenças graves ou condições crônicas.
Como funcionam os golpes mais comuns

De acordo com o estudo, os anúncios fraudulentos se concentram em temas como câncer, diabetes, emagrecimento e disfunção erétil. Em aproximadamente 85% dos casos, basta um clique para que o usuário seja direcionado ao WhatsApp, onde os golpistas passam a pressionar a vítima para concluir a compra do suposto tratamento.
Para aumentar a credibilidade, os criminosos utilizam imagens e vídeos de figuras públicas conhecidas. O médico Drauzio Varella é o nome mais recorrente. Em alguns casos, os conteúdos vão além de imagens estáticas e utilizam vídeos manipulados com inteligência artificial para imitar a voz do médico e vender medicamentos sem registro.
Outros nomes populares também aparecem com frequência, como os de Susana Vieira, Simone Mendes e até do ex-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Médicos ouvidos pelos pesquisadores alertam que, além do prejuízo financeiro, esse tipo de fraude pode levar pacientes a abandonar tratamentos adequados, colocando a saúde e a vida em risco.

Por que esses anúncios continuam no ar?
Um dos pontos mais críticos apontados pelo estudo é a duração dessas campanhas fraudulentas. Alguns anúncios permanecem ativos por mais de dois anos e, quando são removidos, outros muito semelhantes rapidamente surgem em seu lugar, explorando brechas nos sistemas de moderação.
Em nota ao Fantástico, a Meta afirmou que os golpes têm se tornado mais sofisticados e que os esforços para combatê-los foram intensificados. A empresa disse estar testando tecnologias como reconhecimento facial, além de aplicar políticas específicas e ferramentas de segurança para tentar reduzir esse tipo de prática nas plataformas.
Drauzio Varella, que move processos contra a empresa, reforça o alerta aos usuários: “O Código de Ética Médica proíbe que médicos façam propaganda de medicamentos”. O médico ainda é direto ao orientar o público: “Toda vez que você vir meu nome ligado a um medicamento, é mentira. Cai fora, porque isso é golpe”.
76% dos anúncios sobre saúde na Meta são golpe, mostra estudo

