No espaço, ninguém pode te ouvir gritar — a frase, tornada célebre pelo filme Alien – O Oitavo Passageiro (1979), faz referência ao fato de que o vácuo espacial não permite a propagação do som, deixando o universo fora da Terra silencioso. Isso, em partes, tem a ver com a maneira como os humanos processam o som no corpo. Como seriam os barulhos do espaço se a coisa fosse diferente?
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O som, segundo contou o astrônomo Chris Impey ao site Live Science, é uma onda de compressão. Quando o som viaja pelo ar, o que ocorre na verdade é uma propagação de energia por um meio — moléculas de gás se movendo e empurrando uma à outra, gerando vibrações que são captadas pelos nossos ouvidos. Nosso cérebro, então, traduz isso na forma de som. Sem gás, não há meio, sem compressão ou modo de carregar a energia.
O som no espaço
Como é, em geral, preenchido por vácuo, o espaço tem poucas moléculas — entre as galáxias, há, em média, menos de um átomo por m³. É um bilionésimo de bilhão menos denso do que o ar que respiramos. Há locais, no entanto, em que há som, como planetas com atmosfera e o horizonte de eventos de buracos negros, onde há moléculas o suficiente para a transmissão de vibrações. Ouça a sonificação do buraco negro do aglomerado galático de Perseu (já vamos explicar o que é isso):
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A densidade de tais meios, no entanto, é diferente da densidade atmosférica da Terra, tornando os sons indetectáveis ao ouvido humano. Cientistas descobriram que buracos negros supermassivos, como os do aglomerado de Perseu, cospem gás, criando nuvens de pressão, como ondas de som. Ao fotografar as moléculas de gás se espalhando pelo espaço, foi possível calcular a quantidade de pressão transmitida nos “arrotos” dos buracos negros, possibilitando descobrir quais sons fariam.
O barulho dos buracos negros fica no tom de um si bemol, mas 57 oitavas abaixo do dó central, ou seja, muito baixo — várias oitavas além do que conseguimos ouvir. Em Marte, rovers são equipadas com detectores acústicos, gravando o vento do planeta, mas a atmosfera é tão fina que a frequência do som também é muito baixa.
Alguns pesquisadores contornaram esses problemas com a sonificação, a arte de traduzir os sons muito distantes da nossa audição para frequências perceptíveis. Muitos desses cientistas são músicos, e trazem sua habilidade para reimaginar a astronomia de maneira que mais pessoas possam experimentar.
Isso, segundo a cientistas da NASA Kimberley Arcand, aproxima uma nova audiência da ciência espacial, já que o espaço pode parecer distante e abstrato sem um ponto de conexão sensorial. Pessoas cegas ou com baixa visão, em especial, podem ouvir o ribombar de buracos negros e do planeta marte, maravilhando-se com a sinfonia silenciosa do universo.
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