Nova internet promete cheiro e sabor direto pelo celular; o que esperar do 6G

Tecnologia

Imagine transmitir o aroma de uma comida ou a textura de um tecido através do celular. Essa é uma das promessas do 6G, a próxima geração de conectividade que deve chegar ao Brasil em 2030.

E o nosso país está se posicionando como um dos protagonistas no desenvolvimento do 6G, tecnologia que promete revolucionar a conectividade global a partir de 2030, com velocidades até 50 vezes maiores que o 5G. 

Mas a nova tecnologia vai muito além da velocidade: ela promete criar a “internet dos sentidos”, permitindo que experiências virtuais incluam tato, olfato e paladar, revolucionando completamente nossa forma de se conectar.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Laboratório WOCA quer trazer inovação brasileira para o padrão do 6G (Imagem: Anaísa Catucci/Canaltech)

Durante o festival HackTown 2025, realizado entre os dias 31 de julho e 3 de agosto, em Santa Rita do Sapucaí (MG), os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os trabalhos desenvolvidos no Laboratório WOCA (Wireless and Optical Convergent Access).

O laboratório WOCA faz parte da programação preparada pelo Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel, além de debates sobre a internet dos sentidos.

“Estar na vanguarda da tecnologia é possível e essencial para o país e neste momento que passamos”, afirmou Carlos Nazareth, diretor do Inatel.

A pesquisa desenvolvida no laboratório contribui diretamente para o avanço das pesquisas envolvendo conectividade, colocando o país como agente ativo nos fóruns técnicos globais.

“O 6G será muito mais do que apenas uma conexão mais rápida. Estamos falando de aplicações que envolvem realidade aumentada imersiva, controle remoto com retorno tátil e gêmeos digitais para prever cenários complexos.

Nosso desafio é garantir que essa tecnologia atenda também as particularidades do Brasil, como o acesso em áreas remotas e o uso eficiente de energia”, completa o diretor.

O que é o 6G?

A tecnologia 6G deverá oferecer internet móvel de altíssima velocidade, com maior eficiência energética e cobertura ampliada, especialmente em áreas remotas. Entre as aplicações previstas, estão:

  • Realidade aumentada imersiva;
  • Controle remoto com retorno tátil;
  • Gêmeos digitais para prever cenários complexos;
  • Uso de drones para garantir sinal em emergências e desastres.

Inatel apresenta o Laboratório WOCA

Fundado em 1965, o Inatel é referência nacional na formação de engenheiros e no desenvolvimento de soluções em telecomunicações.

O instituto abriga o primeiro curso de engenharia de telecomunicações do Brasil e lidera projetos em parceria com instituições internacionais, como as universidades de Oulu, na Finlândia, e de Dresden, na Alemanha.

Durante o HackTown, o professor Arismar Cerqueira Sodré Junior, coordenador de pesquisa do Inatel, conduziu a apresentação do laboratório WOCA, espaço dedicado ao estudo de redes ópticas e sem fio integradas para o 6G.

Entre os destaques, está o desenvolvimento de um protocolo que amplia em até dez vezes o alcance do sinal de celular, atingindo distâncias de até 150 km com velocidades de 100 megabits por segundo.

WOCA desenvolveu protocolo que amplia em até dez vezes o alcance do sinal de celular (Imagem: Anaísa Catucci/Canaltech)

Essa é uma solução eficiente para áreas de baixa cobertura, um dos principais desafios da conectividade no Brasil.

Tecnologias emergentes apresentadas

O Inatel demonstrou soluções que já antecipam características da próxima geração de conectividade. Entre elas:

  • Power Fiber: transmissão simultânea de energia e dados por fibra ótica. O Inatel detém recorde mundial na área;
  • VLC (Visible Light Communication): transmissão de dados por luz LED, com potencial de até 1 terabit por segundo;
  • FSO (Free Space Optical): comunicação via feixes de luz no ar, aplicável em zonas urbanas, rurais e até no espaço;
  • 5G com rádio centralizado: sistema que distribui sinal para várias torres com apenas um rádio, otimizando custos e infraestrutura.

Também foram apresentados sistemas de antenas compactas de altíssima frequência, transmissão de dados e energia por fibra e redes ópticas sem cabeamento físico.

A instituição ainda lidera iniciativas para ampliar o acesso à internet em áreas rurais, desenvolvendo tecnologias de baixo custo e alto desempenho.

“Não adianta ter inteligência artificial sem dados, nem IoT [Internet das Coisas] sem conectividade. O futuro exige uma infraestrutura integrada, inteligente e acessível para todos”, finaliza o diretor Nazareth.

Internet dos sentidos

Além de revolucionar a velocidade e o alcance, o 6G abrirá caminho para a “internet dos sentidos”, uma fusão de tecnologias imersivas com as redes de próxima geração, que foi tema de debates durante o evento.

O Inatel, por meio de suas pesquisas, trabalha no desenvolvimento de soluções que vão muito além da transmissão de imagens e sons.

O objetivo é permitir a transmissão do tato, olfato e paladar, tornando as experiências virtuais mais realistas e que devem moldar o futuro da conectividade.

Santa Rita do Sapucaí: o Vale da Eletrônica

Com cerca de 40 mil habitantes, a cidade de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais, é conhecida como o Vale da Eletrônica.

A cidade abriga cerca de 200 empresas de tecnologia, responsáveis por 60% do PIB local, com faturamento anual de R$ 3,6 bilhões e mais de 14 mil empregos diretos.

Leia mais no Canaltech

Leia a matéria no Canaltech.