Crateras de impacto na Terra surgem quando algum objeto espacial — meteoroide, asteroide ou cometa — atinge nosso planeta em alta velocidade, escavando a superfície de maneira circular. Isso é um fenômeno geológico básico, e, na verdade, ajuda a moldar planetas e luas, de Mercúrio, Marte e Vênus à Terra e ao nosso satélite natural. Um das crateras mais importantes que temos é a conhecida como Tesouro de Gana.
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Impactos antigos ajudaram até mesmo a moldar a vida na Terra, trazendo minerais importantes, recursos energéticos e mais. A maioria das crateras, no entanto, já não é mais visível, tendo sido escondidas pela erosão ou pelos sedimentos. A Cratera de Impacto de Bosumtwi — seu nome oficial —, em Gana, é diferente.
A Cratera de Bosumtwi
Bem preservada, essa cratera é definida e quase perfeitamente circular, tendo a base preenchida por um lago e circulada por uma elevação que separa o dentro de um platô. Cientistas têm estudado o local há anos, como Marian Selorm Sapah, que começou um projeto de pesquisa da Universidade de Gana na cratera em 2019.
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A investigação, no entanto, encontrou algo preocupante: a atividade de mineração ilegal no local de impacto. Ele fica no Cinturão de Ouro de Ashanti, onde está o único lago terrestre natural do país, mas também muitos minerais valiosos, como o ouro. A cratera de Bosumtwi é considerada, pela União Internacional de Ciências Geológicas, um patrimônio geológico mundial.
É uma entre apenas 190 crateras de impacto no mundo, 20 delas no continente africano. Há, também, apenas 6 lagos meteoríticos na Terra, de valor científico inestimável.
A cratera também tem cerca de 1,07 milhão de anos, oferecendo à ciência conhecimento acerca de processos de impacto, história do clima e evolução do planeta. Para completar, possui significado cultural para o povo Ashanti, de Gana. Ela suporta o ecoturismo e as vidas de muitos povos locais. Em 2025, uma continuação dos trabalhos de pesquisa revelou, com dados de satélites, a escala da mineração artesanal ilegal.
São usados instrumentos e maquinários rudimentares, produtos químicos tóxicos como mercúrio e cianeto e práticas como drenagem fluvial, todos eles causando danos ambientais severos. Nos últimos 10 anos, as atividades aceleraram muito, sob o risco de causar danos irreparáveis à cratera.
Os cientistas, então, pedem por ações imediatas, como aumentar o monitoramento por satélite, fazer valer o banimento de mineração com mais severidade e engajar em programas de engajamento da comunidade. Isso pode, no futuro, salvar o conhecimento científico trazido pelo local, bem como o sustento das comunidades que dependem do Tesouro de Gana para sobreviverem.
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