No último dia 22, um estudo publicado na revista Biology Letters revelou que as aves do terror (Phorusrhacidae, também conhecidas como aves terroristas) serviam como presas de um imenso jacaré pré-histórico, o Purussaurus neivensis, há cerca de 12 milhões de anos, na região que hoje é a Colômbia.
O pássaro do estudo era um dos maiores já encontrados, com cerca de 2,7 metros de altura e totalmente adaptado para a caça terrestre. Já o Purussaurus, parente distante dos jacarés modernos, podia alcançar até 10 metros na idade adulta. O indivíduo envolvido no caso, segundo os pesquisadores, media aproximadamente 4,7 metros, sendo ainda um subadulto.
As evidências nas marcas de mordida
A descoberta foi possível graças à análise detalhada de um fóssil da perna do pássaro, encontrado anos atrás no sítio de La Venta. O osso apresentava quatro marcas de dentes bem preservadas. Ao realizar imagens 3D e medições precisas, a equipe concluiu que o padrão e o tamanho das marcas coincidiam com a mordida de um Purussaurus jovem.
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A ausência de sinais de cicatrização no osso indica que as mordidas ocorreram quando o animal já estava morto ou durante o ataque, sem tempo para iniciar qualquer processo de cura. Ainda assim, não é possível afirmar com 100% de certeza se o jacaré caçou o pássaro ou se aproveitou de um corpo já morto para se alimentar. O estudo levanta duas possibilidades:
- Na primeira, o Purussaurus teria emboscado o pássaro do terror próximo à água, aproveitando-se de seu poder de mordida para dominar a presa.
- Na segunda, o pássaro teria morrido por outra causa e o jacaré simplesmente se alimentou dele, atuando como necrófago.
Ambos os cenários revelam um ponto importante: mesmo os predadores terrestres mais temidos estavam vulneráveis ao se aproximar de ambientes aquáticos, onde outros caçadores dominavam.
Segundo os autores do estudo, essas evidências ajudam a entender melhor a dieta do Purussaurus e o que eles chamam de “paisagem do medo” da época, onde cada território tinha seus próprios dominadores e armadilhas naturais. Na natureza, mesmo o topo da cadeia alimentar pode, eventualmente, virar presa.
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