Um estudo conduzido por cientistas de diversas universidades ao redor do mundo indica que a vida extraterrestre pode não depender da presença de água em outros planetas. Os resultados da pesquisa foram publicados em 11 de agosto no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
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Experimentos realizados por pesquisadores de instituições como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Cardiff mostraram que um tipo de líquido conhecido como líquido iônico pode se formar a partir de compostos químicos encontrados em planetas e luas rochosos.
“Consideramos a água necessária para a vida porque é o que é essencial para a vida na Terra. Mas, se adotarmos uma definição mais geral, percebemos que precisamos de um líquido no qual processos metabólicos possam ocorrer”, afirmou Rachana Agrawal, pesquisadora do MIT e líder do estudo, em comunicado.
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“Se incluirmos o líquido iônico como uma possibilidade, isso pode expandir drasticamente a zona de habitabilidade de todos os mundos rochosos”, acrescentou Agrawal.
Líquidos iônicos em diferentes condições
Os líquidos iônicos são sais que permanecem líquidos em temperaturas abaixo de 100 ºC — ou seja, abaixo do ponto de ebulição. As investigações mostraram que uma mistura de ácido sulfúrico com alguns compostos orgânicos contendo nitrogênio pode gerar esse tipo de líquido.
O ácido sulfúrico é encontrado em planetas rochosos como subproduto de atividades vulcânicas, e compostos nitrogenados já foram detectados em asteroides e planetas do nosso Sistema Solar — sugerindo que esses líquidos podem existir em outros sistemas planetários.

Diante dessas evidências, os cientistas propuseram que é possível encontrar bolsões de líquido iônico mesmo em planetas com temperaturas de até 180 ºC ou em atmosferas cuja pressão é muito baixa para suportar água em estado líquido.
“Ficamos simplesmente surpresas com a formação do líquido iônico em tantas condições diferentes. Se você aplicar ácido sulfúrico e ácido orgânico a uma rocha, o excesso de ácido sulfúrico penetra nos poros, mas ainda permanece uma gota de líquido iônico. Não importa o que tentássemos, o líquido iônico ainda se formava”, ressaltou Seager.
Além disso, os pesquisadores sugerem que o líquido iônico pode propiciar o desenvolvimento de algumas biomoléculas, como proteínas capazes de permanecer estáveis nesses fluidos.
Sinais de vida em Vênus
As descobertas surgiram enquanto Agrawal e Seager buscavam sinais de vida em Vênus. As pesquisadoras investigavam diferentes formas de coletar e evaporar ácido sulfúrico, visto que nuvens desse composto existem na atmosfera do planeta.
Os experimentos de evaporação mostraram que uma camada líquida — posteriormente identificada como líquido iônico — poderia permanecer na atmosfera de Vênus por milênios, funcionando como um possível oásis para a formação de formas simples de vida.
Novos estudos ainda são necessários para comprovar se os líquidos iônicos realmente podem sustentar a vida em outros planetas. Entretanto, os cientistas envolvidos afirmam que o estudo abriu uma “caixa de Pandora” para novas investigações.

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