Um adoçante comum pode estar diminuindo a eficiência de tratamentos de câncer

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A sucralose, um dos adoçantes artificiais mais usados por quem busca reduzir calorias ou controlar a glicemia, pode não ser a melhor escolha para pacientes em tratamento contra o câncer. Um estudo da University of Pittsburgh e do UPMC Hillman Cancer Center, publicado no último dia 31 na revista Cancer Discovery, revelou que pacientes com melanoma e câncer de pulmão que consumiam altos níveis de sucralose apresentaram pior resposta à imunoterapia e menor sobrevivência em comparação àqueles com baixa ingestão do adoçante.

Segundo os pesquisadores, a “sucralose impediu a eficácia das imunoterapias em uma ampla gama de tipos de câncer, estágios e modalidades de tratamento”.

A investigação utilizou modelos de camundongos para entender o mecanismo biológico por trás dessa relação. Foi identificado que a sucralose altera a composição da microbiota intestinal, aumentando espécies bacterianas que degradam o aminoácido arginina. Isso reduz seus níveis no sangue, nos fluidos tumorais e nas fezes.


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“Quando os níveis de arginina foram reduzidos devido às mudanças na microbiota induzidas pela sucralose, as células T não conseguiam funcionar adequadamente”, explica a autora principal, Abby Overacre, professora assistente no Departamento de Imunologia da Pitt e no UPMC Hillman Cancer Center.

Adoçante comum pode estar diminuindo a eficiência de tratamentos de câncer (Imagem: Mathilde Langevin/Unsplash)

As terapias imunológicas como o anti-PD1, funcionam estimulando a atividade das células T para que destruam as células cancerígenas de forma mais eficaz. Como a arginina é essencial para essa função, sua redução compromete a resposta do organismo ao tratamento.

Efeitos observados nos animais

Nos testes com camundongos portadores de adenocarcinoma e melanoma, a adição de sucralose à dieta inibiu a ação do anti-PD1, resultando em tumores maiores e menor taxa de sobrevivência.

Contudo, o estudo também identificou uma possível solução: a suplementação com arginina ou citrulina (que é convertida em arginina no organismo) restaurou a eficácia da imunoterapia. “Precisamos encontrar o paciente onde ele está. É por isso que é tão empolgante que a suplementação com arginina possa ser uma abordagem simples para neutralizar os efeitos negativos da sucralose na imunoterapia”, completa Overacre.

Os pesquisadores pretendem iniciar um ensaio clínico para verificar se suplementos de citrulina, que aumentam os níveis de arginina de forma mais eficaz que a arginina pura, podem melhorar a resposta imunológica e o sucesso do tratamento em humanos.

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