Assinaturas químicas em ossos antigos apontam que os neandertais comiam larvas

Tecnologia

Um estudo que analisou assinaturas químicas em ossos aponta que larvas frescas faziam parte da dieta dos neandertais. O artigo com os resultados da investigação foi publicado no dia 25 de julho no periódico científico Science Advances.

A nova pesquisa rebate a ideia de que os hominídeos eram essencialmente carnívoros, posicionando-se no topo da cadeia alimentar ao lado de tigres-dentes-de-sabre e leões-das-cavernas.

Essas hipóteses são baseadas nas análises dos níveis de nitrogênio nos ossos dos neandertais, já que esse elemento se acumula nos organismos vivos quando eles metabolizam proteínas nas refeições.


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Níveis de nitrogênio no organismo

A teoria de que os neandertais estavam no topo da cadeia alimentar leva em conta níveis altos de nitrogênio-15 — classificado como a forma mais pesada do elemento — nos ossos. Enquanto isso, o nitrogênio-14 — forma mais leve — é eliminado mais facilmente.

Mesmo com os altos níveis de nitrogênio pesado nos ossos dos neandertais, eles não tinham a capacidade de consumir tantas proteínas quanto tigres e leões, que conseguem ingerir quantidades até quatro vezes maiores do nutriente.

Reconstrução de homem neandertal
Reconstrução de homem neandertal no Neanderthal Museum, localizado na Alemanha (Divulgação/Neanderthal Museum)

O grupo de cientistas contou então com uma especialista em estudos de cadáveres humanos em decomposição para sanar essas dúvidas.

A Dra. Melanie Beasley, pesquisadora da Universidade Purdue, que trabalhou anteriormente no Centro de Antropologia Forense da Universidade do Tennessee, mediu o nitrogênio-15 nos músculos de cadáveres humanos em putrefação e nas larvas encontradas neles.

O resultado? Os níveis de nitrogênio-15 aumentaram conforme os corpos apodreciam, mas foram muito maiores nos insetos. Esse dado sugere que os neandertais adquiriram altos índices do elemento consumindo larvas enriquecidas em nitrogênio pesado que infestavam a carcaça dos animais.

“Nossa pesquisa sugere que os altos valores de nitrogênio-15 observados em hominídeos do Pleistoceno Superior podem ser inflados pelo consumo durante todo o ano de larvas enriquecidas com nitrogênio pesado encontradas em alimentos de origem animal secos, congelados ou armazenados”, destaca Beasley.

Dúvidas sobre nitrogênio pesado

Melanie Beasley, no entanto, ressalta que ainda não é possível afirmar que as larvas sejam a única explicação para os altos níveis de nitrogênio-15 nos vestígios fossilizados dos neandertais.

Perguntas como quantas larvas seriam necessárias para aumentar os níveis de nitrogênio-15 no organismo, e como os benefícios nutricionais desses insetos mudam durante o período de armazenamento, ainda precisam ser respondidas por novos estudos experimentais para maior entendimento das práticas alimentares dos nossos ancestrais.

Reconstrução de neandertal
Pesquisadores buscam mais explicações para os altos níveis de nitrogênio-15 nos fósseis de neandertais (Flickr/Paul Hudson)

Confira o estudo na íntegra no Science Advances.

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