
Resumo
- A Keeta abriu duas ações contra a 99Food na Justiça de São Paulo.
- Na primeira ação, a Keeta acusa a 99 de exigir exclusividade de grandes redes via pagamentos antecipados.
- Ela pede suspensão imediata e veto em contratos futuros. A cláusula não atinge o iFood.
- Na segunda ação, a Keeta acusa a 99 de comprar palavras‑chave ligadas à marca dela no Google Ads.
O mercado de delivery de comida no Brasil, dominado pelo iFood nos últimos anos, pode ganhar novos contornos com a chegada de um gigante internacional. A Keeta, marca global da chinesa Meituan, prevê iniciar operações no país em novembro deste ano, mas já entrou em rota de colisão com a 99Food, serviço de entrega da 99, controlada pela também chinesa Didi Chuxing.
Antes mesmo de estrear, a Keeta abriu dois processos contra a concorrente, alegando que práticas comerciais adotadas pela 99Food dificultam a entrada de novos competidores e restringem a escolha dos consumidores.
As ações tramitam na Justiça de São Paulo e envolvem acusações que vão desde cláusulas contratuais até disputa por espaço em mecanismos de busca.
O que está em jogo na disputa judicial?
Na primeira ação, protocolada em 14 de agosto, a Keeta acusou a 99Food de impor cláusulas que obrigam grandes redes de restaurantes a não firmar parceria com a nova concorrente. Segundo a empresa, isso ocorre por meio de pagamentos antecipados, atrelados à exigência de exclusividade — restrição que não se aplica ao iFood, líder de mercado com cerca de 80% de participação.
A Keeta sustenta que tal prática cria barreiras artificiais à entrada de novos players e fortalece um cenário de duopólio entre iFood e 99Food. Nos documentos, a companhia alega que mais de cem redes já teriam sido abordadas pela 99 com propostas que somariam aproximadamente R$ 900 milhões. O valor é próximo ao aporte de R$ 1 bilhão anunciado pela Didi para relançar o 99Food neste ano.
Além de pedir a suspensão imediata dessas cláusulas, a Keeta requer que elas não sejam incluídas em contratos futuros, argumentando que são prejudiciais à livre concorrência e à inovação no setor.

Acusações também envolvem marketing digital
O segundo processo mira ações de marketing online. A Keeta acusa a rival de comprar palavras-chave no Google Ads relacionadas ao seu nome, o que faria anúncios pagos da 99 aparecerem acima dos resultados orgânicos da própria Keeta em buscas na internet.
No dia 12 de agosto, a Justiça concedeu liminar determinando que a 99 pare imediatamente de usar termos ligados à Keeta em campanhas patrocinadas, sob pena de multa diária de pelo menos R$ 20 mil. A decisão também prevê indenização de R$ 100 mil por danos morais.
Enquanto Keeta e 99 travam a batalha judicial, o iFood segue ampliando sua liderança. A empresa, controlada pela Prosus, anunciou investimento de R$ 17 bilhões no Brasil para o período fiscal de abril de 2025 a março de 2026, 25% a mais que no ciclo anterior.
Do outro lado, a Meituan planeja aportar R$ 5,6 bilhões no país nos próximos cinco anos para expandir a marca Keeta. A disputa promete movimentar o setor, mas, até que as ações sejam julgadas, o principal beneficiado pode ser justamente o líder do mercado, enquanto os incumbentes disputam nos âmbitos judicial e de marketing.
Com informações de Valor e NeoFeed
Keeta trava batalha judicial contra 99Food antes de estrear no Brasil