Pedaço de Marte | Níger quer investigar se houve tráfico em venda de meteorito

Tecnologia

O Níger abriu uma investigação oficial para apurar se houve tráfico internacional na comercialização do meteorito NWA 16788. O maior fragmento de Marte já encontrado na Terra foi vendido por US$ 5,3 milhões (cerca de R$ 29,4 milhões) em um leilão da Sotheby’s, em julho deste ano.

Segundo informações da casa de leilões dos Estados Unidos, o meteorito marciano foi descoberto em 2023, na região de Agadez, no Níger, por um “caçador de meteoritos”.

De acordo com o governo do país africano, a decisão de abrir a investigação ocorreu após as autoridades tomarem conhecimento da venda da rara rocha espacial em 16 de julho.


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“Diante desta situação, o Conselho de Ministros determinou ao Ministro das Minas, ao Ministro do Ensino Superior, ao Ministro da Segurança Pública e ao Ministro da Justiça que realizem investigações e esclareçam este caso, que provavelmente reúne todas as características de tráfico internacional ilícito”, informou o órgão em comunicado.

Em outro comunicado — este publicado no perfil oficial do governo nigerino no X —, o país ressaltou que ainda não possui legislação específica sobre os procedimentos legais a serem seguidos após a identificação de meteoritos em seu território.

Resposta da Sotheby’s

A Sotheby’s afirmou que tanto a exportação quanto o transporte do NWA 16788 foram realizados em conformidade com os requisitos internacionais vigentes.

“Como acontece com tudo o que vendemos, toda a documentação relevante estava em ordem em cada etapa do transporte, de acordo com as melhores práticas e os requisitos dos países envolvidos”, destacou a casa de leilões à BBC.

A empresa acrescentou ainda que tomou conhecimento da investigação aberta pelo governo do Níger e que está revisando todos os dados disponíveis para esclarecer quaisquer dúvidas levantadas.

NWA 16788
NWA 16788 foi vendida por mais de US$ 5 milhões em leilão (Reprodução/Sotheby’s)

Violação da soberania do Níger?

O professor Paul Sereno, fundador da organização NigerHeritage, afirmou que a soberania do Níger foi violada. Segundo ele, mesmo sem leis nacionais específicas sobre o tema, as autoridades deveriam ter sido ao menos consultadas.

“O direito internacional diz que não se pode simplesmente retirar do país algo que seja importante para o patrimônio nacional — seja um bem cultural, físico, natural ou até extraterrestre. Sabemos que já superamos os tempos coloniais, quando tudo isso era aceitável”, disse Sereno à BBC.

O professor lembrou ainda que uma lei aprovada em 1997, que regulamenta o comércio de patrimônios no Níger, inclui “espécimes mineralógicos” ao lado de obras de arte, arquitetura e achados arqueológicos. No entanto, meteoritos não são mencionados diretamente.

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