A Microsoft anunciou que usará inteligência artificial para impulsionar o desenvolvimento de jogos no Xbox. O modelo “Muse” auxiliará estúdios a criarem parte dos seus futuros games, assim como vão explorar seu potencial para “preservar” jogos clássicos e otimizar seu desempenho em hardwares modernos.
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A IA do Microsoft Research foi criada usando os dados do jogo Bleeding Edge (do estúdio Ninja Theory), obtendo informações equivalentes a sete anos de gameplay e um bilhão de pares de imagens no total. Apesar da quantidade de material, o modelo só consegue reproduzir imagens em resolução de 300×180.
“Esta parceria com a Ninja Theory nos permitiu trabalhar bem próximo com o estúdio e compreender quais necessidades precisam estar no lugar e como podemos desbloquear, de forma responsável, acesso a uma grande escala de dados de gameplay”, afirma a chefe do time de inteligência em jogos da Microsoft Research, Katja Hofmann.
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Como o Muse mudará os games no Xbox?
A IA do Xbox é a primeira de seu gênero e será usada para gerar visuais de ambiente nos jogos ou ação a ser reproduzida nos controles. Ela compreende um game com mundo tridimensional e suas físicas, com a possibilidade de reagir à forma como os jogadores vão interagir com tudo isso.
A vice-presidente da divisão de IA para jogos na Microsoft, Fatima Kardar, aponta que o Muse pode representar um verdadeiro salto na indústria gaming e na forma como estúdios criam suas experiências.
“Isso permite que o modelo crie gameplay consistente e diverso, renderizado pela IA, demonstrando um passo maior em relação aos modelos de IA generativa que podem empoderar criadores de jogos”, explica Kardar.
IA substituirá profissionais?
A Microsoft reforça que a intenção de usar o Muse não é substituir os profissionais de desenvolvimento de jogos no Xbox, mas sim auxiliar durante os estágios iniciais dos projetos.
“Para a Xbox, os princípios que nos guiam com a IA é criar mais valor para jogadores e criadores de jogos, levar mais títulos para mais pessoas ao redor do mundo e reconhecer que o desenvolvimento de grandes jogos sempre estará conectado à visão de seu criador e artistas”, reforça Fatima Kardar.
Este tema é uma das maiores preocupações dentro da indústria gaming, com companhias afirmando que o uso da inteligência artificial servirá para agilizar processos. Hoje, o desenvolvimento de um jogo “AAA” leva de 5 a 10 anos no geral – tempo elevado e que gera muitos custos, com ambos sendo alvo de redução com a utilização da tecnologia.
Abordagem do Muse para jogos clássicos
Também é de ciência de todos que grande parte dos jogos antigos, seja do próprio Xbox ou de diversas outras produtoras, continuam “presos” a plataformas do passado. Phil Spencer, CEO da Microsoft Gaming, revela que a companhia usará o Muse para reviver “jogos mortos”.
“Pode imaginar um mundo onde, com dados de gameplay e vídeo, uma IA pode aprender sobre jogos antigos e portar eles para qualquer plataforma onde ela rode. Falamos sobre preservação de jogos como atividade, com os modelos e sua habilidade de aprender como um jogo se comporta, sem a necessidade da engine original rodar no hardware em que foi planejado. Isso nos abre grandes oportunidades”.

Todas essas experiências com inteligência artificial e o Muse estão em estágio de protótipo, mas a Microsoft aponta que isso logo poderá ser disponibilizado através do Copilot Labs. Também está previsto liberar a ferramenta para jogadores e criadores do ecossistema Xbox, mas não foi divulgada data ou sequer uma previsão.
Microsoft não forçará estúdios a usarem IA
Fatima Kardar afirma que a Microsoft não forçará nenhum dos estúdios que pertencem ao Xbox a utilizar a ferramenta de inteligência artificial. Para eles, cabe a cada um decidir se quer ou não utilizar no desenvolvimento de seus jogos e em qual grau fará isso.
“Como parte disto, empoderamos os líderes criativos aqui na Xbox para decidir sobre o uso da IA generativa. Nós sabemos que isso não será uma solução única para cada jogo ou projeto, com sua abordagem sendo escolhida pela visão criativa e objetivos de cada equipe”, afirma a executiva.
O chefe da Ninja Theory, Dom Matthews, também revela que eles não utilizarão a IA para criar conteúdo dentro de seus jogos. A intenção é apenas agilizar processos e tornar o desenvolvimento mais veloz.
“Não temos intenção de usar a tecnologia para a criação de conteúdo. Eu acho que o aspecto interessante para nós é como podemos usar o Muse para tornar o processo de produzir jogos mais veloz e fácil para nossa talentosa equipe. Assim, eles podem realmente focar naquilo que realmente é especial nos jogos: a criatividade humana”, destaca Matthews.
Vídeo: No nosso canal do YouTube, nossa equipe discute sobre a presença de um Xbox portátil no mercado de games e o que a Microsoft pode estar planejando.
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