Você já abriu um app de namoro sem realmente buscar um encontro, apenas para ver se alguém curtiu seu perfil? Esse comportamento tem nome: ego-scrolling. Ele descreve o uso de apps como Tinder, Bumble ou Happn apenas para inflar o ego, acumulando curtidas e matches, sem a intenção de construir conexões reais.
Segundo uma pesquisa do happn, 87% dos usuários nunca tinham ouvido falar no termo, mas 51% admitiram já ter praticado o ego-scrolling, de forma consciente ou não. O problema é que, apesar de parecer inofensivo, essa atitude pode trazer consequências emocionais sérias.
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A busca por validação rápida é um dos principais motivos. A pesquisa aponta que baixa autoestima, tédio, vício em recompensas instantâneas e falta de clareza sobre o que se busca em um app são fatores recorrentes. Situações de luto amoroso, ansiedade social e dependência emocional também aumentam a vulnerabilidade a esse comportamento.
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A psiquiatra Dra. Renata Abdalla, da Faculdade São Leopoldo Mandic, explica:
Buscar validação inflando o ego com curtidas superficiais pode levar a uma autoestima instável, alimentar frustração e tornar o uso dos apps compulsivo e desconectado de vínculos reais.
O impacto do ego-scrolling na autoestima9

Receber muitas curtidas gera uma descarga de dopamina, que aumenta a sensação de confiança para 25% dos usuários, melhora a autoestima (21%) e até traz diversão (18%). Mas o efeito é passageiro. O Dr. Celso Garcia Jr., psiquiatra da mesma instituição, alerta:
Apesar de gerar prazer momentâneo, pode reforçar a comparação, insegurança e dependência de aprovação externa, o que prejudica a autoestima no longo prazo.
Quando as curtidas não vêm, a situação se inverte: 31% dos usuários relatam insegurança e sentimentos de rejeição. Isso contribui para a chamada “fadiga dos aplicativos”, ou seja, a sensação de que os encontros virtuais não passam de interações superficiais.
Como evitar os efeitos do ego-scrolling
Segundo o happn, 35% dos usuários acreditam que o ego-scrolling prejudica a experiência nos aplicativos de relacionamento, criando falsas expectativas. Para minimizar os impactos, o Dr. Celso recomenda algumas práticas simples:
- Reflita sobre seus objetivos antes de abrir o app
- Estabeleça limites de tempo de uso
- Não baseie sua autoestima em curtidas
- Busque conexões autênticas
- Faça pausas sempre que sentir desgaste emocional
A conclusão dos especialistas é que é natural querer buscar um pouco de validação dos outros, mas é importante também perceber o impacto que isso pode ter na própria saúde mental e nos relacionamentos. O ego-scrolling pode até parecer um comportamento trivial, mas, se não for percebido, pode se transformar em um ciclo viciante. Estar atento aos próprios hábitos digitais é o primeiro passo para transformar o uso dos aplicativos de relacionamento em experiências mais leves, saudáveis e autênticas.
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