Ego Scrooling | 51% dos solteiros usam os apps de namoro de forma autocentrada

Tecnologia

Você já abriu um app de namoro sem realmente buscar um encontro, apenas para ver se alguém curtiu seu perfil? Esse comportamento tem nome: ego-scrolling. Ele descreve o uso de apps como Tinder, Bumble ou Happn apenas para inflar o ego, acumulando curtidas e matches, sem a intenção de construir conexões reais.

Segundo uma pesquisa do happn, 87% dos usuários nunca tinham ouvido falar no termo, mas 51% admitiram já ter praticado o ego-scrolling, de forma consciente ou não. O problema é que, apesar de parecer inofensivo, essa atitude pode trazer consequências emocionais sérias.

A busca por validação rápida é um dos principais motivos. A pesquisa aponta que baixa autoestima, tédio, vício em recompensas instantâneas e falta de clareza sobre o que se busca em um app são fatores recorrentes. Situações de luto amoroso, ansiedade social e dependência emocional também aumentam a vulnerabilidade a esse comportamento.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

A psiquiatra Dra. Renata Abdalla, da Faculdade São Leopoldo Mandic, explica:

Buscar validação inflando o ego com curtidas superficiais pode levar a uma autoestima instável, alimentar frustração e tornar o uso dos apps compulsivo e desconectado de vínculos reais.

O impacto do ego-scrolling na autoestima9

51% dos solteiros usam os apps de namoro de forma autocentrada (Imagem: Divulgação/Happn)

Receber muitas curtidas gera uma descarga de dopamina, que aumenta a sensação de confiança para 25% dos usuários, melhora a autoestima (21%) e até traz diversão (18%). Mas o efeito é passageiro. O Dr. Celso Garcia Jr., psiquiatra da mesma instituição, alerta:

Apesar de gerar prazer momentâneo, pode reforçar a comparação, insegurança e dependência de aprovação externa, o que prejudica a autoestima no longo prazo.

Quando as curtidas não vêm, a situação se inverte: 31% dos usuários relatam insegurança e sentimentos de rejeição. Isso contribui para a chamada “fadiga dos aplicativos”, ou seja, a sensação de que os encontros virtuais não passam de interações superficiais.

Como evitar os efeitos do ego-scrolling

Segundo o happn, 35% dos usuários acreditam que o ego-scrolling prejudica a experiência nos aplicativos de relacionamento, criando falsas expectativas. Para minimizar os impactos, o Dr. Celso recomenda algumas práticas simples:

  • Reflita sobre seus objetivos antes de abrir o app
  • Estabeleça limites de tempo de uso
  • Não baseie sua autoestima em curtidas
  • Busque conexões autênticas
  • Faça pausas sempre que sentir desgaste emocional

A conclusão dos especialistas é que é natural querer buscar um pouco de validação dos outros, mas é importante também perceber o impacto que isso pode ter na própria saúde mental e nos relacionamentos. O ego-scrolling pode até parecer um comportamento trivial, mas, se não for percebido, pode se transformar em um ciclo viciante. Estar atento aos próprios hábitos digitais é o primeiro passo para transformar o uso dos aplicativos de relacionamento em experiências mais leves, saudáveis e autênticas.

Leia também:

VÍDEO | Relacionamento com IA? 🤔

Leia a matéria no Canaltech.