Em meio ao debate acalorado sobre como big techs donas de ferramentas de IA – como o Google e a OpenAI (ChatGPT) – podem remunerar os produtores de conteúdo, como o jornalismo profissional, uma agência de notícias australiana fechou um acordo com a gigante de buscas (e, por que não, agora, gigante da IA) para licenciar conteúdo jornalístico para o Gemini.
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Na última segunda-feira (18), a Australian Associated Press ( AAP) anunciou em um comunicado no próprio site que fornecerá seu conteúdo de notícias baseado em fatos ao Google como parte de uma nova parceria para ajudar a melhorar os resultados da inteligência artificial.
O Gemini, ferramenta de inteligência artificial do Google – vale lembrar – foi lançado pela empresa como evolução do assistente virtual chamado Bard, num passado pouco distante.
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A agência de notícias, que ostenta 90 anos de história, afirma que seu conteúdo valioso e confiável vai apoiar os resultados gerados por IA para uso no aplicativo Gemini, do Google.
“Temos o prazer de fazer parceria com o Google para fornecer o nosso jornalismo como um mecanismo para garantir a atualidade e a precisão das informações que seus produtos fornecem”, disse a CEO da AAP, Emma Cowdroy, sem dar mais detalhes sobre a parceria de longa data.
Detalhes financeiros do acordo entre Google e AAP não foram divulgados até o momento.
O Google tem uma parceria com a AAP há vários anos para treinar jornalistas e investir em inovação digital. O novo passo “vai ajudar [o Google] a fornecer um fluxo de informações em tempo real para aprimorar as respostas no aplicativo Gemini e auxiliará os australianos quando buscarem informações locais relevantes e atualizadas”, concordou Nic Hopkins, diretor de Parcerias de Notícias do Google para a Austrália e para a Nova Zelândia no mesmo anúncio.
Setor de buscas na Justiça
Vale lembrar que uma decisão da ACCC (sigla em inglês para a Comissão Australiana de Concorrência e Consumo) condenou o Google a pagar uma multa de 55 milhões de dólares australianos por práticas que prejudicam a concorrência no mercado de buscas no país.
Ao encerrar do processo movido pela comissão, o Google aceitou pagar a multa, mas o valor ainda depende de outras decisões envolvendo o Tribunal Federal australiano.
A AAP reforça que o seu conteúdo é produzido por jornalistas experientes, radicados na Austrália, e que também fazem viagens internacionais para coberturas, em um ambiente livre de influências comerciais e políticas. A única agência de notícias independente do país fornece artigos, fotos, vídeos e checagem de fatos para centenas de veículos pelo mundo, não só na sua região.
Em um esforço recente, houve um aumento do número de acordos entre veículos de imprensa e big techs proprietárias de sistemas de IA generativa, em função de as empresas de tecnologia buscarem tornar suas respostas mais relevantes e fugirem de críticas sobre erros de informação.
A Agence France-Presse (AFP) assinou um acordo com a empresa francesa de tecnologia Mistral em janeiro, para que seu chatbot utilize artigos da agência para formular suas respostas. Já outras organizações de notícias têm tomado medidas legais devido ao uso de conteúdo protegido.
Essa é uma briga que vai longe.
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