Ave marinha que faz cocô cinco vezes por hora — voando — surpreende cientistas

Tecnologia

Na última segunda-feira (18), um estudo publicado na revista Current Biology revelou um comportamento inusitado da cagarra-do-pacífico (Calonectris leucomelas): essa ave marinha defeca, em média, cinco vezes por hora, e quase sempre em pleno voo. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Tóquio, que instalaram pequenas câmeras nas barrigas de 15 aves em uma colônia na Ilha Funakoshi Ohshima, no Japão.

Durante cerca de 36 horas de filmagens, foram registrados 195 episódios de excreção. Quase todos ocorreram enquanto as aves estavam no ar, com apenas uma exceção na superfície do mar, provavelmente acidental. O comportamento indica que as cagarras evitam liberar fezes enquanto estão flutuando na água, mesmo que isso exija o gasto de energia para decolar apenas para se aliviar.

Os pesquisadores sugerem que a escolha de defecar em voo pode ser uma forma de higiene, já que evita sujar as próprias penas e reduz o risco de atrair predadores pela concentração de dejetos. Além disso, a postura durante o voo pode facilitar a pressão abdominal necessária para a excreção.


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Ave marinha que faz cocô cinco vezes por hora voando (Imagem: Uesaka e Sato, 2025/Current Biology)

Impacto ambiental e circulação de nutrientes

Embora pareça apenas uma curiosidade, o hábito tem implicações relevantes para o meio ambiente. Assim como as baleias redistribuem nutrientes no oceano por meio das fezes, as aves marinhas também podem ter papel importante na ciclagem de elementos vitais como fósforo e nitrogênio. Estima-se que cada cagarra elimine até 5% de sua massa corporal por hora, o que pode afetar tanto a própria aerodinâmica quanto a fertilização marinha em áreas de grande concentração de aves.

Outro ponto de atenção é a possibilidade de disseminação de patógenos, incluindo o vírus da gripe aviária. Como muitas dessas aves sobrevoam regiões onde outras estão repousando, parte dos dejetos pode cair diretamente sobre indivíduos na superfície, facilitando a transmissão.

Os cientistas agora pretendem investigar se o padrão identificado nessa ave marinha também ocorre em outras espécies, como gaivotas, para compreender melhor o impacto ecológico e epidemiológico desse comportamento pouco estudado.

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