É VERDADE que whey protein é um ultraprocessado; saiba se é saudável consumir

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É VERDADE que o whey protein é um alimento ultraprocessado. Embora seja amplamente recomendado por nutricionistas como complemento nutricional — sobretudo para atletas —, essa característica do suplemento pode passar despercebida.

A classificação do whey como ultraprocessado se baseia nos critérios do Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB). O documento define alimentos ultraprocessados como formulações industriais feitas a partir de ingredientes extraídos ou derivados de alimentos — como óleos, gorduras e açúcares — ou de substâncias sintetizadas em laboratório.

“O GAPB adota a Classificação Nova, que categoriza os alimentos de acordo com o grau de processamento. O whey protein e vários outros suplementos em pó são considerados ultraprocessados porque resultam de etapas industriais exclusivas da indústria (não podem ser preparados em uma cozinha doméstica) e contêm aditivos cosméticos, como aromatizantes, adoçantes, corantes, emulsificantes e espessantes”, explica Aline Ferraz, nutricionista e mestre em Ciências Nutricionais e Metabolismo pela Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp.


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Segundo a especialista, essa classificação significa que o whey deve ser consumido com moderação. Isso porque o guia recomenda priorizar alimentos in natura — obtidos diretamente de plantas ou animais e sem modificações significativas — ou minimamente processados — que passam por alterações mínimas e necesárias antes de chegar ao consumidor.

Um ultraprocessado saudável?

O whey protein é extraído do soro do leite, uma fonte de proteína de alto valor biológico, de boa digestibilidade e naturalmente rica em aminoácidos essenciais para a síntese muscular.

Nutricionistas destacam, contudo, que ele não substitui refeições completas nem fontes naturais de proteína, devendo ser usado apenas como complemento alimentar.

Whey protein
Se recomendado, o whey deve ser usado apenas para complementar a dieta de proteínas (Unsplash/Kelly Sikkema)

Dennys Cintra, coordenador do Laboratório de Genômica Nutricional da Unicamp, ressalta que o consumo do whey não é indispensável: é possível atingir as necessidades diárias de proteína por meio de uma dieta equilibrada, com fontes in natura como carnes magras, ovos e leguminosas — que, além de proteína, fornecem vitaminas, minerais e fibras.

O especialista acrescenta que a ingestão saudável do whey deve considerar a presença de conservantes e outros ingredientes sintetizados, além de seguir orientação profissional.

“A suplementação não deve ser feita por conta própria, porque a pessoa não sabe a quantidade que precisa ingerir. O cálculo da necessidade proteica diária não está no rótulo — ele deve ser individualizado e orientado por nutricionistas”, reforça o doutor em Clínica Médica.

Riscos e cuidados no consumo de whey

O uso inadequado do whey protein pode levar à substituição de alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais por produtos ultraprocessados, resultando em perda de nutrientes na dieta.

Há também riscos para pessoas com alergia à proteína do leite ou intolerância à lactose, que devem optar por versões específicas, como as sem lactose.

Além disso, o consumo excessivo pode sobrecarregar rins e fígado, especialmente em pessoas predispostas a ter problemas nesses órgãos.

“Antes de iniciar o consumo de whey, é importante realizar um check-up de marcadores relacionados, como exames de sangue específicos”, orienta Aline Ferraz.

Whey protein
Consumo de whey sempre deve ocorrer sobre orientação de nutricionista (Unsplash/Aleksander Saks)

Outros cuidados incluem avaliar a quantidade de proteína por porção, evitando produtos com excesso de carboidratos e gorduras, e dar preferência a versões adoçadas com adoçantes naturais, como a estévia.

“Em pessoas saudáveis, quando utilizado dentro das necessidades diárias de proteína e de forma estratégica para complementar a ingestão total, o whey protein não oferece riscos significativos e pode ser um recurso prático. O problema surge no usoindiscriminado, na substituição de refeições ou no consumo de produtos de baixa qualidade”, conclui a nutricionista.

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