Um forte estrondo assustou moradores da Flórida (Estados Unidos) nesta quinta-feira (21), por volta das 23h50 (horário local). Tratava-se dos efeitos do lançamento do foguete Falcon 9, da SpaceX, que transportava no topo o avião espacial X-37B. Enquanto o primeiro estágio do foguete — que decolou do Kennedy Space Center — retornou à Terra, o estágio superior continuou levando o X-37B à órbita baixa do planeta.
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Apesar do susto causado pelo estrondo, o fenômeno sônico gerado pelo retorno do propulsor do Falcon 9 não representou nenhuma anomalia no voo.
Essa é a oitava missão do Veículo de Teste Orbital (OTV), avião espacial sobre o qual poucos detalhes são divulgados pelos Estados Unidos. Sabe-se que ele possui 8,8 metros de comprimento e 2,9 de largura, e se assemelha a uma miniatura dos ônibus espaciais aposentados da NASA.
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De acordo com a Força Espacial dos Estados Unidos (USSF, na sigla em inglês), o objetivo da missão OTV-8 é testar sensores e outras tecnologias que os militares norte-americanos desejam experimentar na órbita terrestre, como comunicações a laser e um sensor inercial quântico.
“A OTV-8 exemplifica o status do X-37B como a principal plataforma de teste da Força Espacial dos EUA para tecnologias espaciais críticas do futuro. Por meio de sua inovação focada na missão, o X-37B continua a redefinir a arte do possível na fronteira final do espaço”, destacou em comunicado William Blauser, diretor em exercício do Escritório de Capacidades Rápidas do Departamento da Força Aérea.

“GPS quântico” no espaço
Um dos principais objetivos da OTV-8 é testar o que é considerado o sensor inercial quântico mais avançado do mundo já usado no espaço. A USSF aponta que esse experimento fornecerá informações detalhadas sobre navegação espacial independente de redes de satélite, como o GPS tradicional.
A orientação baseada no “GPS quântico” detecta a rotação e a aceleração de átomos no espaço, usando princípios da mecânica quântica para medir movimentos com altíssima precisão. Assim, funciona como uma “bússola atômica”, permitindo navegação mesmo em regiões sem sinal de GPS.
Além de aplicações em viagens entre a Terra e a Lua, os sensores inerciais quânticos prometem expandir as fronteiras tecnológicas da exploração espacial de longa distância.
“A demonstração do sensor inercial quântico do OTV-8 é um avanço bem-vindo para a resiliência operacional no espaço. Seja navegando além das órbitas terrestres, no espaço cislunar, ou operando em ambientes sem GPS, o sensoriamento inercial quântico permite recursos de navegação robustos quando a navegação por GPS não é possível”, ressaltou Coronel Ramsey Horn, comandante da unidade de operações Delta 9 da Força Espacial dos EUA.

Importância das comunicações a laser
O X-37B também realizará testes de comunicações a laser em órbita baixa da Terra. Esse tipo de tecnologia é fundamental para futuras explorações espaciais, visto que o menor comprimento de onda da luz permite transmitir mais dados em cada sinal.
Além disso, a comunicação a laser é mais segura que a de radiofrequência, já que os feixes podem ser direcionados com maior precisão. Esses fatores aumentam a eficiência e a confiabilidade dos sistemas orbitais dos EUA.
“A demonstração de comunicações a laser do OTV-8 marcará um passo importante na capacidade da Força Espacial dos EUA de alavancar redes espaciais proliferadas como parte de uma arquitetura espacial diversificada e redundante. Ao fazê-lo, fortalecerá a resiliência, confiabilidade, adaptabilidade e velocidades de transporte de dados de nossa arquitetura de comunicações via satélite“, afirmou Chance Saltzman, chefe de Operações Espaciais da USSF.
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