
Resumo
- O Commonwealth Bank of Australia, maior banco do país, reverteu a demissão de 45 funcionários após pressão do Sindicato do Setor Financeiro.
- A instituição reconheceu erro na avaliação inicial.
- Os funcionários podem escolher permanecer, ser realocados internamente ou optar pelo desligamento voluntário.
O Commonwealth Bank of Australia (CBA), maior banco do país, voltou atrás na decisão de dispensar 45 funcionários do setor de atendimento que seriam substituídos por uma nova inteligência artificial. A reversão foi anunciada na última quinta-feira (21/08), após ação movida pelo Sindicato do Setor Financeiro (FSU, na sigla em inglês) no tribunal de relações trabalhistas australiano (Fair Work Commission).
O sindicato alegou falta de transparência da instituição financeira, que justificou os cortes afirmando que um novo “bot” estava reduzindo as chamadas recebidas em cerca de 2.000 por semana.
Segundo o FSU, o volume de ligações cresceu, levando o banco a oferecer horas extras para atender ao fluxo de clientes, contrariando a justificativa para as demissões.
Banco admite erro em avaliação
À Bloomberg, um porta-voz do CBA admitiu que a avaliação inicial foi falha e “não levou em conta adequadamente todas as considerações comerciais relevantes”. A instituição, que emprega mais de 51.000 pessoas, também pediu desculpas aos funcionários impactados e reconheceu que deveria ter realizado uma análise mais criteriosa.
Foram oferecidas três opções aos 45 funcionários que seriam desligados: permanecer nas funções atuais; buscar uma realocação dentro da empresa; ou optar pelo desligamento voluntário. A decisão foi celebrada pelo Sindicato do Setor Financeiro como uma “vitória enorme”.

O caso reforça o debate sobre o impacto da IA no mercado de trabalho e acontece pouco depois do Commonwealth Bank of Australia anunciar uma parceria com a OpenAI, dona do ChatGPT, para integrar tecnologias avançadas para clientes e funcionários.
Instituições financeiras em todo o mundo estão explorando o uso da tecnologia para otimizar operações, reduzir custos e melhorar a experiência do cliente. Contudo, a transição tem gerado incertezas sobre a segurança dos empregos.
Um relatório da Bloomberg Intelligence, divulgado em agosto de 2025, projetou que até 200.000 empregos poderiam ser cortados no setor bancário global nos próximos três a cinco anos, à medida que a IA assume tarefas hoje executadas por humanos.
No Brasil, bancos já aderem à IA

A IA já é usada por bancos brasileiros para digitalizar serviços e otimizar atendimento, até o momento sem casos de demissões em massa. O objetivo declarado pelas instituições é aumentar a eficiência e liberar os funcionários humanos para tarefas mais complexas.
Chatbots e algoritmos têm ajudado em transações, análise de crédito e prevenção de fraudes, mas sindicatos já acompanham o tema temendo cortes de empregos.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), por outro lado, defendeu que a tecnologia cria novas oportunidades, e que o setor tem investido na capacitação de colaboradores para atuar nesse novo cenário.
Com informações da Bloomberg
Após pressão, banco australiano desiste de trocar funcionários por IA