Riqueza, carreira e felicidade: 18 provocações de Scott Galloway

Tecnologia

Scott Galloway, professor de marketing da Universidade de Nova York (NYU), esteve no palco do Hotmart FIRE 2025, em Belo Horizonte, onde apresentou uma análise provocativa sobre a construção de riqueza e a busca pela felicidade.

O Canaltech acompanhou sua palestra, em que ele compartilhou pesquisas, dados e experiências pessoais para oferecer um “algoritmo” de segurança econômica e bem-estar emocional em uma sociedade capitalista.

18 provocações de Scott Galloway

Confira 16 pontos-chave apresentados por Galloway sobre empreendedorismo, riqueza e carreira.


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1. A definição de riqueza é matemática, não salarial

Segundo Galloway, ser rico não está atrelado a um salário alto, mas à relação entre renda passiva e despesas. A definição de riqueza é alcançada quando a renda passiva de uma pessoa é maior que seus gastos totais.

“O que significa ser rico? É a ausência de ansiedade econômica em uma sociedade capitalista… Economicamente, ser rico significa que seus gastos são menores que sua renda passiva”, explica o professor.

Ele exemplifica com seu pai, que ganhava $48 mil por ano em aposentadorias e gastava $45 mil, sendo, portanto, rico. Em contraste, um executivo que ganha milhões, mas gasta tudo, é pobre, pois vive com ansiedade econômica.

2. “Siga sua paixão” é um conselho a ser ignorado

O professor classifica o conselho “siga sua paixão” como um dos piores para jovens. Ele argumenta que a paixão profissional não vem de hobbies, mas da maestria. O trabalho de um jovem nos seus 20 anos é encontrar seus talentos e identificar uma área em que possa estar entre os 10% melhores em cinco anos, e no 1% melhor em dez anos. Essa área deve pertencer a uma indústria com alta taxa de emprego, e não em setores onde o profissional se torna menos valioso com a idade.

Scott Galloway durante apresentação no Hotmart FIRE 2025
Encontre seus talentos, não siga suas paixões é o conselho de Galloway (Imagem: Divulgação/Hotmart)

3. O “side hustle” é um sintoma de falta de foco

Galloway critica a glorificação do “side hustle” (bico ou projeto paralelo). Para ele, a necessidade de um projeto do tipo geralmente significa que a atividade principal não está funcionando como deveria. Ele defende o foco total e a imersão em uma única carreira para alcançar a excelência e, consequentemente, a segurança financeira.

4. Construa uma rede de apoio e de conselheiros

O sucesso raramente é uma jornada solitária. Galloway enfatiza a importância de construir dois tipos de rede. A primeira é um círculo íntimo de conselheiros para evitar erros, já que a autopercepção é limitada. Ele usa uma metáfora para descrever isso:

“É muito difícil ler o rótulo de dentro da garrafa. Você precisa estabelecer um ‘gabinete de conselheiros’ com pessoas que o conheçam bem, mas que sejam distantes o suficiente para lhe dar más notícias que você não quer ouvir.”

A segunda é a rede de aliados profissionais, cujo apoio impulsiona a carreira. O verdadeiro termômetro do seu networking, segundo ele, é este: “Pergunte a si mesmo: quantas pessoas estão advogando por você quando você não está na sala? Essa é a chave para o sucesso.”

5. O mito do equilíbrio entre vida e trabalho

Galloway afirma que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um mito para quem busca estar no topo de qualquer campo. Ele argumenta que a economia é competitiva e, para alcançar o patamar de 1% ou 10% em qualquer área, é necessário um período de imersão total por 10 a 20 anos. O professor sugere que quem almeja uma posição de destaque deve abandonar a ideia de equilíbrio durante essa fase da carreira.

6. Sucesso e fracasso não dependem apenas de você

O professor alerta que grande parte do sucesso e do fracasso não é mérito ou culpa exclusiva do indivíduo. Fatores como o CEP onde a pessoa cresceu, a faculdade que cursou e a sorte (“estar no lugar certo na hora certa”) têm um peso desproporcional nos resultados. Ele aconselha humildade nas vitórias e resiliência nas derrotas, reconhecendo a forte influência de forças externas.

“Nada nunca é tão bom ou tão ruim quanto parece. Quando as coisas estão indo bem para você, perceba que muito disso não é por sua causa. Seja humilde”, aconselha Galloway.

7. O estoicismo como ferramenta de resiliência

Segundo o professor, a vida não é sobre o que acontece com você, mas sobre como você reage ao que acontece. Galloway enfatiza a necessidade de aceitar o que não se pode controlar. A capacidade de “sofrer e seguir em frente” é uma habilidade crucial. O foco deve estar na própria resposta aos acontecimentos, sejam eles bons ou ruins, em vez de se fixar nos próprios acontecimentos.

Perfil de Scott Galloway em palestra
Professor destaca resiliência a altos e baixos na carreira como chave para o sucesso (Imagem: Divulgação/Hotmart)

8. O sucesso é construído sobre a resiliência à rejeição

A chave para o sucesso, de acordo com Galloway, é a capacidade de lidar com o fracasso. Ele menciona que apenas 1 em cada 7 novos negócios prospera. Portanto, para ter sucesso, é preciso estar preparado para tentar várias vezes. Ele cita seu próprio exemplo: iniciou nove empresas para conseguir dois sucessos.

“As pessoas pensam que o sucesso se parece com uma linha reta, mas não é. É uma linha sinuosa”, destacou o professor.

9. A felicidade vem de experiências, não de bens materiais

Galloway reforça um conceito validado por diversas pesquisas sobre bem-estar: o erro de cálculo que as pessoas fazem ao buscar a felicidade. Ele argumenta que a satisfação duradoura raramente é encontrada na aquisição de bens, mas sim na vivência de momentos e na criação de memórias.

“As pessoas superestimam a felicidade que obterão das coisas e subestimam a felicidade que obtêm das experiências”, observou.

10. O trabalho remoto limita o crescimento de jovens ambiciosos

O professor posiciona o trabalho remoto como um dos piores acontecimentos para jovens ambiciosos. Segundo ele, um profissional em home office tem metade da probabilidade de ser promovido em comparação com seus pares que frequentam o escritório. Relacionamentos profissionais são função da proximidade, e é no ambiente de trabalho presencial que se encontram mentores e parceiros de negócios.

11. A provocação contra o isolamento social

De forma deliberadamente provocativa, Galloway afirma que um dos maiores riscos para os jovens hoje é o isolamento social, potencializado pelas telas. Ele usa a metáfora de que os jovens “não estão bebendo o suficiente” para defender a socialização.

O álcool, nesse contexto, é apresentado como um “lubrificante social” histórico que une as pessoas, e ele argumenta que os riscos do isolamento superam os riscos de uma vida social ativa para a maioria dos jovens adultos.

12. Para ter segurança econômica, mude-se para uma cidade grande

Dados apresentados por ele indicam que dois terços de todo o crescimento econômico global ocorrerão em 20 cidades específicas. Para jovens com ambição, estar em um desses centros urbanos é um fator importante. A densidade de capital, cultura e ideias nesses locais gera mais oportunidades de carreira e desenvolvimento.

“Vá para uma cidade se você for ambicioso”, provoca Galloway.

13. Exercícios físicos como indicador de sucesso

Galloway aponta uma correlação entre preparo físico e sucesso profissional. A característica mais comum entre os CEOs das 500 maiores empresas dos EUA (S&P 500) não é a universidade onde estudaram, mas o fato de que 494 deles se exercitam pelo menos quatro vezes por semana. A proporção de tempo gasto se exercitando versus assistindo a esportes é, para ele, um indicador de sucesso futuro.

14. O maior ativo de um jovem é o tempo

A ferramenta mais poderosa para a construção de riqueza para quem tem menos de 30 anos é o tempo, por meio do poder dos juros compostos. Galloway afirma que economizar e investir 4% da renda anual em fundos de índice de baixo custo a partir dos 20 anos garante a segurança econômica na maturidade, mesmo sem uma carreira de sucesso excepcional.

“Não invista em coisas exóticas. Não escolha ações, invista em fundos de índice de baixo custo. (…) A diversificação é basicamente um retorno sem risco”, afirmou o professor.

15. Educação de elite ou $5,6 milhões para seu filho?

Para ilustrar o poder do tempo, Galloway usa um exemplo real: em vez de pagar $58 mil por ano em uma escola de elite para seu filho, ele calculou que investir essa mesma quantia anualmente no mercado de ações resultaria em um patrimônio de $5,6 milhões para o filho aos 35 anos. A provocação questiona o valor real de certos gastos com status versus o poder do investimento disciplinado.

Scott Galloway apresenta palestra no Hotmart Fire 2025
Professor aconselha colocar filhos em escolas perto de casa, com ganho de tempo e qualidade de vida (Imagem: Divulgação/Hotmart)

16. A felicidade é uma curva em U

Estudos sobre felicidade mostram um padrão consistente: a vida, em termos de satisfação, se assemelha a um sorriso. A felicidade é alta até os 25 anos, cai para seu ponto mais baixo entre os 25 e 45 anos — um período de estresse e confronto com a realidade — e volta a subir a partir dos 45 ou 50 anos. A lição, segundo ele, é que para aqueles na fase mais difícil, a felicidade os espera no futuro.

17. A decisão mais importante da vida é com quem ter filhos

A escolha do parceiro ou parceira é a decisão mais importante para o bem-estar econômico e emocional. Galloway destaca que a principal causa de divórcio não é a infidelidade, mas sim questões financeiras. Ter um parceiro com valores alinhados sobre dinheiro, gastos e estilo de vida é um pilar para um relacionamento estável e, consequentemente, para a felicidade e o sucesso.

18. Felicidade em uma palavra

Galloway conclui a palestra citando um estudo de Harvard de 80 anos que identificou a principal fonte de felicidade: o número de relacionamentos profundos e significativos na vida de uma pessoa. A linha de abertura do estudo, segundo ele, resume tudo: “Felicidade é amor. Ponto final.”

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