Por que jogos exclusivos existem?

Tecnologia

Toda marca em qualquer indústria precisa oferecer um diferencial para se destacar diante dos concorrentes, sempre foi assim. Não é diferente no meio dos videogames com os exclusivos de plataformas. Jogos exclusivos existem desde que essa indústria começou ainda na década de 1970 e permanece uma realidade até hoje.

Não existe necessariamente um fato exato que nos aponte para o motivo do surgimento dos jogos exclusivos. Como dito, é algo que existe desde os primórdios. Nos consoles, isso começou a acontecer entre a Atari e a Mattel com o Intellivision, ficando muito mais acirrado na década seguinte com a chegada da Nintendo e Sega, iniciando o conhecido “Console Wars”.

Anos 1990: o primeiro boom dos jogos exclusivos

Com a popularização dos videogames e a chegada de mais marcas nesse segmento a partir do fim dos anos 1980, essa indústria precisava apelar para exclusividade. Com tantas ofertas diferentes, um diferencial era necessário para que o investimento em determinada plataforma fosse justificável.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Só era possível jogar Spider-Man no Atari 2600 em 1982 (Imagem: Reprodução)

Nessa época, o mundo viu a chegada da Sega e Nintendo, que disputaram ferrenhamente a atenção do jogador, oferecendo seus jogos exclusivos. É aí que temos o primeiro e maior embate até o momento: Sonic vs. Mario, cada um exclusivo de sua respectiva plataforma.

Em meados da metade dos anos de 1990, a Sony chegou com o PlayStation, chamando a atenção pelas inovações técnicas, como uso do CD nos consoles (embora o Sega Saturn tenha chegado antes do PS1). Com uma nova marca no mercado, mais jogos exclusivos apareciam e, no caso do PlayStation, tínhamos Crash Bandicoot e Gran Turismo, entre vários outros.

Existem diferentes tipos de exclusivos

Desde aquela época, existem diferentes tipos de exclusivos. Um deles é os exclusivos “first-party”, aquele jogo desenvolvido por estúdios que pertencem à plataforma. Dois exemplos claros e clássicos, que já citamos aqui, são o Mario em consoles da Nintendo e o Sonic em consoles da Sega (embora esse tenha seguido um rumo diferente a partir dos anos 2000).

Esses sempre são os jogos mais aguardados de qualquer plataforma. Hoje em dia, a Sony é a empresa que mais explora esse tipo de exclusivo, feitos por seus estúdios internos. Alguns exemplos recentes de sucesso incluem The Last of Us e God of War. A Microsoft comprou diversos estúdios estúdios para seguir o mesmo caminho, com grande destaque para Bethesda e Activision, dois dos vários nomes de peso.

E a Nintendo não fica atrás. A Big N segue o mesmo caminho estabelecido há quatro décadas, lançando jogos da franquia Mario, Pokémon, Metroid, Zelda, entre vários outros, exclusivamente para sua plataforma.

Existem ainda os exclusivos “third-party”, games feitos por estúdios que não fazem parte da empresa dona da plataforma para a qual está sendo lançados. Na era 16-bit, tivemos a franquia Final Fantasy, feita pela então Squaresoft, que não pertence à Nintendo, mas cujos jogos eram lançados somente para o NES (ou Nintendinho) e SNES (Super Nintendo) na época. Anos depois, todos os games foram lançados para diversas plataformas.

The Last of Us Part II foi um exclusivo de PlayStation por quase seis anos (Imagem: PlayStation/Divulgação)

Alguns desses jogos acabam sendo exclusivos permanentes, como Bayonetta 2 e 3 para consoles da Nintendo. Já outros duram um tempo, e depois se tornam multiplataforma, e nesse grupo temos vários exemplos. Já que tocamos no nome da série de RPG da Square, temos Final Fantasy XVI, que saiu primeiro para PS5, depois PC e, por último, Xbox Series.

Esses títulos de estúdios terceirizados para uma única plataforma, na maior parte das vezes, contam com investimentos da própria plataforma.

Riscos dos jogos exclusivos

Jogos exclusivos existem para atrair um jogador para aquela determinada plataforma. Existe a chance de um determinado título ser um “system seller”, ou seja, um game tão desejado que faz com que as pessoas comprem o console só para poder jogá-lo. Isso é bastante positivo para a plataforma, mas existe um risco para os desenvolvedores.

Final Fantasy XVI não foi o sucesso esperado pela Square depois da exclusividade com PS5 (Imagem: Square Enix/Divulgação)

Por se tratar de um jogo disponível somente para uma única plataforma, existe o risco de as vendas serem baixas. E por deixar de lado outras plataformas no lançamento, quando chegar às demais, pode não atrair tanto atenção dos gamers de outros consoles (ou PC), como aconteceu com Final Fantasy XVI.

Games exclusivos realmente dão certo?

A história nos mostra que sim, jogos exclusivos dão certo. Basta ver o sucesso dos consoles da Nintendo e, basicamente, todos os PlayStation. Os títulos que fazem mais sucesso sempre são os exclusivos, principalmente first-party. Algumas dessas franquias são verdadeiros system sellers, ajudando no crescimento das vendas dos consoles.

Qualquer jogo do Mario é sinônimo de exclusivo absoluto (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Por outro lado, vemos o Xbox tendo dificuldades geração após geração, principalmente por não oferece jogos first-party com mais frequência e títulos de peso. É tanto, que a Microsoft decidiu acabar com exclusivos e tornar até mesmo os jogos feitos pelo Xbox Game Studio multiplaformas, saindo não só para o PlayStation, mas também para consoles da Nintendo, algo inédito na indústria até agora.

Vale destacar que, no momento, somente a Nintendo se mantém fiel a esse modelo de “meus jogos, ninguém tasca”. Se quiser jogar Mario, Zelda, Donkey Kong, Metroid e Pokémon, é necessário ter um console da Big N. Até mesmo a Sony mudou a postura e tem lançado seus jogos para PC, além de começar a disponibilizá-los também no Xbox.

Veja mais do CTUP:

Leia a matéria no Canaltech.