O cometa 3I/Atlas foi oficialmente descoberto em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), localizado em Río Hurtado, no Chile. Contudo, um satélite da NASA já havia registrado o objeto interestelar dois meses antes dessa data.
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É o que aponta um artigo publicado no servidor de pré-impressão arXiv. De acordo com a pesquisa, o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), da agência espacial norte-americana, registrou o movimento do cometa intruso em maio deste ano.
A maior surpresa é que o TESS não foi projetado para identificar visitantes interestelares como o 3I/Atlas, mas sim para observar estrelas e detectar exoplanetas quando eles passam em sua frente. No entanto, no início de 2025, o instrumento observava justamente a região do céu por onde o cometa estava passando.
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Foi nesse contexto que Adina Feinstein e Darryl Seligman, da Universidade Estadual de Michigan, junto com John Noonan, da Universidade de Auburn, decidiram analisar os dados.
Técnica de “empilhamento de deslocamentos”
As investigações levaram os pesquisadores a registros feitos em 7 de maio, ao longo de dois períodos de observação diferentes. Mas havia uma complicação: o TESS captura uma imagem a cada 200 segundos, e o 3I/Atlas se movia mais rápido do que as estrelas observadas normalmente pelo satélite.
Para resolver a questão, a equipe aplicou uma técnica conhecida como “empilhamento de deslocamentos”. O método consistiu em prever a posição do 3I/Atlas em cada imagem e depois deslocar os registros para que o objeto estivesse sempre no mesmo ponto. Em seguida, várias imagens foram sobrepostas, revelando sinais claros do cometa.
Ao analisar os resultados, os cientistas identificaram que, em 7 de maio, o objeto interestelar estava a cerca de 950 milhões de quilômetros da Terra (aproximadamente 6,3 UA). Já em 2 de junho, os registros mostraram que o cometa havia se aproximado para cerca de 818 milhões de quilômetros (cerca de 5,5 UA).
Nesse intervalo, seu brilho aumentou cerca de cinco vezes. Essa variação pode ser explicada tanto pela redução da distância em relação ao planeta, quanto pela liberação de gases e poeira.

Liberação de dióxido de carbono
A hipótese de que a mudança no brilho poderia estar relacionada à liberação de gases como o dióxido de carbono foi confirmada posteriormente por observações com o Telescópio Espacial James Webb.
Usando sua visão infravermelha e o Espectrógrafo de Infravermelho Próximo (NIRSpec), o Webb detectou que a proporção de dióxido de carbono em relação à água no 3I/Atlas é maior do que a observada em cometas do Sistema Solar.
Os autores do estudo com base em dados do TESS também tentaram identificar variações na rotação do núcleo do cometa, mas os sinais não foram claros o suficiente para confirmar esse movimento.
Confira o estudo na íntegra no servidor de pré-impressão arXiv.
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