Sua saladinha está em risco. Um estudo da Embrapa Hortaliças revela que as mudanças climáticas podem tornar inviável o cultivo do alface em campo aberto durante o verão nos próximos 50 anos. O aumento da temperatura, aliado a condições de excesso de umidade, coloca em risco a produção.
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O que acontece é que, de acordo com pesquisadores da Embrapa, alface é extremamente sensível às altas temperaturas. Para germinar, suas sementes precisam de menos de 22 °C, e o desenvolvimento ideal acontece em clima ameno e úmido. Quando a média ultrapassa os 25 °C, a planta sofre pendoamento precoce (cresce rápido demais), alonga o caule e perde qualidade comercial, ficando amarga e com menos folhas.
Outro efeito comum do calor é a chamada queima de borda, que surge devido à deficiência de cálcio nas folhas. Isso ocorre porque, em climas quentes e úmidos, o crescimento é acelerado e os nutrientes não conseguem se distribuir corretamente.
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O que dizem as projeções climáticas?
O estudo cruzou dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e do Inpe para analisar cenários futuros. Foram considerados dois caminhos possíveis:
O cenário otimista envolve emissões controladas eaumento de até 3 °C até 2100. Mesmo assim, quase 97% do território terá risco climático alto ou muito alto para o cultivo de alface no verão. Já o cenário pessimista prevê emissões em crescimento, aumento de até 4,3 °C. Nesse caso, praticamente todo o Brasil enfrentaria risco “muito alto”, tornando a produção em campo aberto quase inviável.

Ou seja, mesmo no cenário mais positivo, o impacto será expressivo. A maior parte do território nacional tende a se tornar inadequada para o plantio tradicional da hortaliça.
Como o Brasil pode se adaptar?
A Embrapa já trabalha em alternativas para minimizar os impactos. Entre elas, está o desenvolvimento de cultivares mais resistentes ao calor, como a alface BRS Mediterrânea. Outra solução é o investimento em ambientes protegidos, como estufas, que permitem controlar temperatura, irrigação e luminosidade.
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