Como é fabricado um celular dobrável? Nós visitamos uma fábrica

Tecnologia

O celular dobrável representa uma das maiores evoluções tecnológicas dos smartphones nos últimos anos. Marcas como Samsung, Motorola e Huawei apostam neste formato que promete revolucionar a experiência mobile, com modelos como o Galaxy Z Fold 7, Motorola Razr 60 Ultra e Huawei Mate XT Ultimate.

Mas você já se perguntou como é fabricado um aparelho tão complexo? Visitamos a fábrica da Motorola em Jaguariúna–SP para descobrir os segredos por trás dessa tecnologia.

A complexidade por trás do celular dobrável

A fabricação de smartphones dobráveis é mais complexa que a de aparelhos convencionais. O processo, assim como nos smartphones comuns, envolve três etapas principais: front-end (montagem da placa-mãe), back-end (montagem final) e embalagem, mas cada etapa precisa de mais atenção nos dobráveis.


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“A fabricação é muito mais complexa em comparação a um modelo em barra porque o celular dobrável é bem mais complexo”, explica Paulo Caixeta, Gerente Sênior de Operação de E-commerce da Motorola. “Ele envolve muitos processos, porque esses aparelhos hoje são dobráveis e à prova d’água.”

A primeira diferença está na divisão de componentes. Enquanto smartphones tradicionais concentram todos os elementos em um corpo único, os dobráveis precisam distribuir peso e componentes entre duas partes.

Dobradiça é parte fundamental

A dobradiça representa o maior desafio técnico dos celulares dobráveis. Feita de titânio, na maioria das vezes, como no Motorola Razr 60 Ultra, e composta por milhares de peças minúsculas, ela precisa suportar milhares de ciclos de abertura e fechamento.

A Motorola utiliza robôs especializados que testam a resistência das dobradiças durante meses. Esses equipamentos abrem e fecham os aparelhos continuamente para simular anos de uso em questão de semanas.

“A gente testa extensivamente, temos aparelhos que abrem e fecham o telefone durante meses para ver quanto ele aguenta”, detalha o especialista.

Segundo a marca, o Razr 50 Ultra foi projetado para até 600 mil ciclos de dobra, enquanto no 60 Ultra, a resistência subiu 35%. Ou seja, é estimado que o dobrável mais avançado da marca suporte 810 mil ciclos de dobrar e fechar.

celular dobrável motorola
Huawei Mate XT é celular dobrável que consegue dobrar em 3 partes (Imagem: Gabriel Furlan Batista/Canaltech)

Tela flexível é ultrafina e revestida por plástico

Muitos smartphones dobráveis utilizam tecnologia P-OLED (Plastic OLED).

Diferente das telas convencionais, esses displays são fabricadas com material plástico flexível que permite a dobra sem quebrar, sobretudo pela tecnologia UTG, isto é, do vidro ultrafino usado na construção.

É normal notar um pequeno relevo na região da dobra. Com a evolução dos celulares dobráveis, esse vinco fica imperceptível durante o uso normal do aparelho e não compromete a qualidade da imagem.

Marcas realizam testes rigorosos

Segundo o especialista da Motorola, cada celular produzido na fábrica passa por aproximadamente 15 mil testes antes de ser aprovado para venda. O processo inclui calibração de frequências, potência de transmissão e verificação de todos os componentes.

Os aparelhos são testados em câmaras que simulam condições extremas. Eles passam por testes de queda, resistência à água, variação de temperatura e descarga eletrostática.

Um dos testes mais importantes verifica o consumo de energia com o aparelho desligado. De acordo com o representante da marca, telefones que consomem bateria desnecessariamente são rejeitados para evitar problemas futuros.

Motorola Razr 60 Ultra
Motorola Razr 60 Ultra (Vitória Zabelê/Canaltech)
Motorola Razr 60 Ultra e Motorola Razr 60
Motorola Razr 60 Ultra e Motorola Razr 60 (Vitória Zabelê/Canaltech)
Entrada da fábrica da Motorola em Jaguariúna-SP
Entrada da fábrica da Motorola em Jaguariúna-SP (Vitória Zabelê/Canaltech)
Motorola foi pioneira em celulares dobráveis
Motorola foi pioneira em celulares dobráveis (Vitória Zabelê/Canaltech)
Motorola foi pioneira em celulares dobráveis
Motorola foi pioneira em celulares dobráveis (Vitória Zabelê/Canaltech)
Celulares da Motorola em exibição na fábrica
Celulares da Motorola em exibição na fábrica (Vitória Zabelê/Canaltech)

Centro de gravidade equilibrado

Uma particularidade dos dobráveis é o equilíbrio de peso. A placa-mãe e a bateria precisam ser divididas entre as duas metades do aparelho para manter o centro de gravidade centralizado.

“Se tiver um lado mais pesado que o outro, o telefone pode cair quando você abrir. Essa distribuição exige engenharia precisa e componentes customizados”, explica Paulo Caixeta.

Durabilidade comparável

Apesar da complexidade adicional, os celulares dobráveis atuais oferecem durabilidade similar aos smartphones convencionais. Os testes extensivos garantem que a vida útil não seja comprometida pela tecnologia dobrável.

A evolução também é visível. Os primeiros modelos apresentavam vincos mais pronunciados e dobradiças menos refinadas. As versões atuais chegam próximas da perfeição visual quando totalmente abertas.

Automação na produção da Motorola

A fábrica da Motorola utiliza manufatura 4.0 com alta automação. Robôs especializados colocam até 80 componentes por segundo durante a montagem das placas-mãe.

Cada telefone passa por inspeção óptica em múltiplas etapas. Câmeras verificam a colocação correta de componentes minúsculos, alguns com apenas 0,125 milímetros.

Todo o processo é rastreado digitalmente, pois, cada aparelho recebe um QR Code único que permite identificar fornecedores, datas de fabricação e histórico completo de testes.

Sem dúvidas, os celulares dobráveis evoluíram significativamente nos últimos anos e, apesar da fabricação complexa, a tecnologia amadureceu e oferece smartphones confiáveis e úteis para os usuários.

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