Cientistas desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA), semelhante ao ChatGPT, capaz de prever o risco de uma pessoa desenvolver mais de mil doenças a longo prazo. As pesquisas relacionadas à ferramenta foram divulgadas em 17 de setembro na revista Nature.
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Pesquisadores do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL), do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer (DKFZ) e da Universidade de Copenhague criaram um sistema chamado Delphi-2M, que utiliza registros anteriores para estimar como a saúde de um indivíduo pode evoluir ao longo do tempo.
O modelo de IA generativa foi desenvolvido com algoritmos semelhantes aos usados em modelos de linguagem de grande porte (LLMs), como o ChatGPT. Para isso, foram utilizados dados de 400 mil pacientes armazenados pelo UK Biobank. O sistema também foi testado com sucesso em informações de 1,9 milhão de pacientes do Registro Nacional de Pacientes da Dinamarca.
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“Ao modelar como as doenças se desenvolvem ao longo do tempo, podemos começar a explorar quando certos riscos surgem e a melhor forma de planejar intervenções precoces. É um grande passo em direção a abordagens mais personalizadas e preventivas na área da saúde”, destacou em comunicado Ewan Birney, coautor do estudo e cientista do EMBL.
IA que estuda a “gramática” da saúde
De acordo com os pesquisadores, o Delphi-2M aprende a partir de dados de diagnósticos médicos anteriores e de fatores de estilo de vida, como tabagismo.
“Assim como grandes modelos de linguagem podem aprender a estrutura de frases, este modelo de IA aprende a ‘gramática’ dos dados de saúde, tratando históricos médicos como sequências de eventos que se desenrolam ao longo do tempo”, afirmou Moritz Gerstung, especialista em IA do DKFZ.
O modelo mostrou-se especialmente eficaz em doenças com padrões claros de progressão, como diabetes e ataque cardíaco. No entanto, não é tão confiável em patologias raras ou que dependem de eventos imprevisíveis ao longo da vida, como doenças infecciosas.
Os cientistas ressaltam que o sistema fornece estimativas bem calibradas sobre a probabilidade de ocorrência de determinadas doenças, mas ainda não consegue prever com exatidão o que acontecerá com cada indivíduo.
Até o momento, a IA foi utilizada em tarefas como:
- Compreender como as doenças se desenvolvem ao longo do tempo;
- Explorar de que forma o estilo de vida e o histórico médico afetam o risco de doenças a longo prazo;
- Simular resultados de saúde usando dados artificiais de pacientes, em situações nas quais é difícil obter ou acessar informações do mundo real.

Necessidade de novos testes
Os pesquisadores reforçam que são necessários novos testes antes que o Delphi-2M possa ser aplicado em ambientes clínicos, mas destacam que ele representa uma nova forma de compreender a saúde humana.
“Modelos generativos como o nosso poderão um dia ajudar a personalizar o atendimento e antecipar as necessidades de saúde em larga escala. Ao aprender com grandes populações, esses modelos oferecem uma lente poderosa sobre como as doenças se desenvolvem e podem, eventualmente, subsidiar intervenções mais precoces e personalizadas”, concluiu Moritz Gerstung.
Confira a íntegra do estudo na Nature.
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