Review Silent Hill f | A nova era do terror chegou

Tecnologia

Após 12 anos sem um capítulo inédito, a Konami e a NeoBards Entertainment se uniram para trazer Silent Hill f à vida. O jogo de terror tem uma proposta totalmente distinta dos demais: ela se passa no Japão dos anos 1960.

Ainda que esteja muito longe da sua “zona de conforto”, a obra consegue replicar com perfeição tudo que levou a franquia ao sucesso. E é possível dizer que eles vão um pouco além e estabelecem novos padrões.

Com muito mistério, sustos e confrontos emblemáticos, Silent Hill f não se destaca apenas como o “retorno” da série icônica, mas como o início de uma nova era para toda a franquia e seus milhões de fãs


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Prós

  • O terror e o grotesco voltam forte
  • Ambientação com vida própria
  • Narrativa, mesmo cercada de mistérios, é uma obra-prima
  • Visuais impressionantes
  • Alto fator replay

Contras

  • Os combates têm um ritmo desequilibrado

A névoa ao redor de Silent Hill f

No pequeno distrito de Ebisugaoka, no Japão dos anos 1960, uma névoa cercou casas, campos e templos. Os cidadãos sumiram. Monstros tomaram o lugar. Um grande mistério surge ao seu redor e apenas 4 jovens continuam a caminhar pelas ruas. 

Imagem de Silent Hill f
Shimizu Hinako é a protagonista de Silent Hill f (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Este é o plot de Silent Hill f, que te levará à imersão na realidade de Shimizu Hinako — a protagonista da história. Em meio às amizades, à infância que se foi, início da vida adulta (que é repleta de decisões e sentimentos) e ao “grande mistério” que a cerca, ela tem de sobreviver a qualquer custo.

É simples a primeiro momento, mas está repleto de camadas que vão te manter com os olhos presos à tela. Cada história esconde algo por trás, cada relação é composta por palavras que não foram ditas e a forma como isso consome a personagem e seus amigos é sufocante — para dizer o mínimo.

Isso funciona graças ao roteiro de Ryukishi07, autor que trabalhou em jogos no estilo visual novel como When They Cry. Ele traz uma maestria exemplar em apresentar a trama central, enquanto se cerca de elementos que alimentam até uma certa “paranoia” do que está ao seu redor.

“Ryukishi07 sabe guiar muito bem o público entre a construção dos personagens e o terror que os cerca, algo que me impressionou bastante” – Diego Corumba

Claro que o gameplay e os quebra-cabeças são destaques em Silent Hill f, mas a narrativa que mistura o terror, os traumas e até mitologia é o que realmente vai te prender ao jogo. Não à toa que você encerrará a experiência e não terá a compreensão completa do que de fato acontece. Para isso terá o “Novo Jogo +”.

Ele não serve apenas para que repassem tudo “de novo”, mas entenda melhor algumas situações a partir daquilo que vivenciou na primeira experiência. Ou seja, de fato é algo que você vai querer mergulhar ainda mais para saber como houve toda uma construção ao redor deste universo.

Existe um limite entre forçar o jogador a zerar uma experiência 2 vezes e deixar pontas soltas de forma sugestiva. Silent Hill f está justamente na linha que divide ambos: você não será obrigado a finalizar a aventura de forma repetida, mas apenas assim obterá algumas respostas — como NieR Automata fez em 2017. 

O terror de verdade está de volta

A dúvida que não quer calar: Silent Hill f assusta de verdade? A resposta é sim, caros leitores. Me orgulho de ver filmes de terror sem me abalar, mas o que a Konami fez ali em determinados momentos testou todas as minhas convicções. 

Trechos que podem mudar subitamente de cenas gravadas para gameplay e vice-versa, posicionamento irregular de inimigos e outras questões visuais são exemplares. Diria que há muito tempo não vejo algo que me desse certo receio de seguir em frente (desde o primeiro The Evil Within, para ser honesto)

O mesmo vale para a ambientação de Ebisugaoka, nos anos 1960. Tem algo macabro e sinistro na cidade e não é apenas a névoa e os monstros que circulam ao seu redor. A área rural, seu “silêncio” e as casas misturadas a cenários naturais (campo, montanhas etc.) têm um charme próprio. 

Imagem de Silent Hill f
A cidade de Ebisugaoka passar um ar sinistro, mesmo sem a névoa (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Por ter sido produzido na Unreal Engine 5, os visuais não são um problema que você terá em Silent Hill f. Dos trajes a todo o cenário, tudo tem uma fidelidade gráfica que impressiona e assustará —- de todas as formas possíveis. 

Existe um grande apelo gráfico, principalmente no aspecto grotesco. Você não apenas enxerga algumas mortes, cortes e dores. Você basicamente vivencia isso ao lado de Hinako. Inclusive, é bom se preparar para cenas fortes e que vão exigir um sangue frio acima da média. 

A “pior” parte é que tudo isso faz parte da riqueza de Silent Hill f. Ou seja, em determinados momentos você precisará ver sangue, tripas, membros decepados, criaturas das mais grotescas possíveis, situações inconvenientes e outros que te farão suar frio

Foco em combate

O gameplay agrada e traz mecânicas que ressaltam o lado estratégico dos jogadores. Armas quebram, tem de equilibrar o uso de sua barra de energia, desviar nos momentos certos e até atacar nos pontos de vulnerabilidade de seus inimigos durante a luta. 

Quem decidir seguir um caminho menos tortuoso em Silent Hill f, pode selecionar o modo “história” para não ter tantos problemas durante os confrontos contra chefões e criaturas. Porém, o modo “difícil” vai te oferecer um verdadeiro desafio soulslike.

Imagem de Silent Hill f
Em determinados momentos, nem um “mestre dos soulslike” daria conta (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

É possível separar as coisas, com a opção de reduzir apenas a dificuldade dos embates e manter um padrão elevado para os desafios e quebra-cabeças (ou vice-versa ou tudo menor ou maior para os dois). Então o tipo de experiência será mais pessoal e não deve causar muitos problemas.

Outro ponto de destaque é a presença dos pontos de fé. Os itens que obtém dos cenários podem ser trocados por eles, que podem garantir amuletos ou até upgrades vitalícios para a protagonista da história. 

Isso significa que terá de fazer escolhas. Manter aquele item no inventário até o “momento certo” de usá-lo ou sacrificá-lo para obter melhorias mais rápido? Em alguns casos, não há um caminho correto e cada um deve definir suas prioridades.

É possível trocar o uso dos amuletos a qualquer momento, o que permite uma maior estratégia a depender do seu oponente. Alguns vão exigir mais energia, outros vão te forçar a esquivar de forma mais eficaz, então caberá a você decidir onde e como utilizar tudo isso ao seu favor.

“Silent Hill f não é um jogo simples, justamente por colocar todo o peso das decisões e imersão nas mãos dos jogadores” – Diego Corumba

Dito tudo isso, o problema de Silent Hill f não é o combate em si. Seu maior defeito é o ritmo de como eles são apresentados. Há momentos longos demais sem qualquer tipo de confronto. Outros, com a aparição de um monstro a cada 1 minuto caminhando por Ebisugaoka. 

Em trechos mais próximos ao fim da história, as coisas podem se tornar um pouco mais chatas. Há sequências que tudo que você precisa fazer é atacar e seguir em frente. Neste ponto, senti que reduziu bastante o ânimo dentro da aventura — algo que seguia em alta durante toda a duração do jogo. 

De resto, será um clássico survival horror. Em Silent Hill f você irá do ponto A ao ponto B, com a resolução de quebra-cabeças no caminho para compreender o que acontece ao seu redor. Os combates são bons, mas perto do fim é possível que já se canse deles e isso pode te incomodar.

Silent Hill f vale a pena?

Toda a experiência de Silent Hill f é cercada de mistérios, mas nada é tão claro quanto a recomendação de que todo fã de jogos de terror precisa vê-lo com seus próprios olhos

O game brilha em vários momentos e apresenta o que foi o melhor jogo da Konami em toda esta última década. Além disso, ele estabelece novos padrões para o survival horror, que devem guiar a franquia no futuro e criar novos fãs. 

Imagem de Silent Hill f
Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
Imagem de Silent Hill f
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Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
Imagem de Silent Hill f
Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
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Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
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Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
Imagem de Silent Hill f
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Imagem de Silent Hill f
Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
Imagem de Silent Hill f
Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
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Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)
Imagem de Silent Hill f
Imagem do review de Silent Hill f (Captura de Tela/Diego Corumba)

Mesmo que o combate soe cansativo depois de um tempo, vale se atentar que Silent Hill f não é uma jornada tão extensa — que leva cerca de 10 a 12 horas para ser completada. Então até o momento que você se cansa será “curto”, por assim dizer. 

E este elemento não mede a grandiosidade que a experiência traz, tanto para quem estava esperando por seu grande retorno quanto para quem torcia pelo sucesso da Konami. Este é um dos jogos de terror indispensáveis e valerá cada segundo que passar ao lado de Shimizu Hinako. 

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