Brasil na corrida da IA: energia limpa e laços com a China abrem caminho para protagonismo global

Notícias

Brasília – O Brasil reúne hoje duas vantagens estratégicas que podem colocá-lo no centro da corrida global pela inteligência artificial (IA): a abundância de energia limpa e uma relação comercial crescente com a China, maior parceiro econômico do país desde 2009. Em um momento em que o avanço da IA promete redefinir cadeias produtivas e criar novos polos de desenvolvimento, a combinação desses fatores pode transformar o Brasil em destino prioritário de investimentos e em ponte entre ecossistemas de inovação.

No painel “China: descobrindo uma potência inevitável”, realizado na Semana Caldeira, especialistas como Ricardo Geromel e executivos da Huawei destacaram que o mundo busca alternativas seguras e sustentáveis para sustentar o consumo de energia da nova era digital. Enquanto mais de 50% da matriz energética chinesa ainda depende do carvão, o Brasil apresenta um diferencial competitivo raro: mais de 90% de sua energia vem de fontes renováveis. Esse cenário pode se tornar um ativo central para atrair data centers, indústrias de tecnologia e parcerias internacionais de escala.

“O sonho da IA vai exigir uma quantidade gigantesca de energia. O planeta inteiro se pergunta onde poderá rodar essa revolução de forma limpa, e o Brasil tem essa resposta”, afirmou Geromel, lembrando que o país aparece entre os três destinos globais que mais recebem investimentos chineses. A leitura é que a disputa tecnológica e energética entre Estados Unidos e China abre uma janela para que o Brasil assuma papel mais ativo, conectando inovação com sustentabilidade.

Brasil e China: uma relação em expansão

Os números confirmam a tendência. Desde 2019, o comércio bilateral entre Brasil e China tem atingido recordes sucessivos. Ao mesmo tempo, cresce a presença de empresas chinesas no mercado brasileiro, especialmente em setores estratégicos como telecomunicações, mobilidade e energia. No campo da tecnologia, a promessa é de parcerias mais profundas, capazes de abrir espaço para startups locais se integrarem a cadeias globais de inovação.

A aproximação também passa pelo ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul. A missão empresarial que o Instituto Caldeira levará à China em outubro, com visitas de alto impacto a empresas e centros de tecnologia, foi apresentada como uma oportunidade para líderes brasileiros enxergarem de perto a velocidade da transformação chinesa. “É para abrir cabeças. A China é muito mais disruptiva do que imaginamos à distância”, reforçou Wanderson Prates, executivo da Huawei Cloud Brasil.

O papel da Huawei como aposta de longo prazo

Entre as empresas que já apostam no Brasil como mercado estratégico está a Huawei. Presente no país há 27 anos, a gigante chinesa construiu três data centers locais e anunciou investimentos crescentes em nuvem e inteligência artificial. A estratégia é clara: desenvolver talentos, consolidar um ecossistema de parceiros e, sobretudo, crescer em conjunto com empresas brasileiras, de startups a grandes corporações.

“O Brasil é um dos maiores mercados estratégicos da Huawei no mundo. Vamos continuar investindo e crescendo juntos”, afirmou Hua Yang, presidente da Huawei Cloud no Brasil. A empresa destina cerca de 20% de sua receita global a pesquisa e desenvolvimento, com foco especial em IA, e projeta que o país se torne vitrine para novas aplicações baseadas em computação em nuvem e automação inteligente.

No painel, a mensagem final foi de oportunidade e urgência. O Brasil pode aproveitar a transição global para se firmar como hub de inovação, não apenas pela escala de sua economia, mas pela capacidade de oferecer energia limpa, talentos e proximidade com a China em um momento decisivo da corrida tecnológica. Como resumiu Geromel: “O teu concorrente talvez ainda não esteja olhando para a China. Esse é o momento de fazer essa ponte, porque quem se antecipar terá vantagem por décadas.”

 

O post Brasil na corrida da IA: energia limpa e laços com a China abrem caminho para protagonismo global apareceu primeiro em Comex do Brasil.