8 dicas de especialistas para incluir a inteligência artificial na sua rotina

Tecnologia

Se você quer incluir a inteligência artificial (IA) na sua rotina – seja na vida pessoal ou no trabalho –, mas ainda não sabe como, fique atento às dicas abaixo. Ouvimos oito especialistas que vão dar o caminho das pedras para quem ainda não começou a usá-la, incluindo um super checklist.

1) Use para coisas bobas

É importante ter em mente que ninguém vira um especialista da noite para o dia. Quem conta é Marcell Almeida, CEO e cofundador da PM3, do Grupo Alun (Alura, FIAP e StartSe).

“Quando a IA começou a bombar, confesso que eu também fiquei perdido. A sensação era: ‘preciso dominar tudo, e logo’. Depois entendi que não precisa ser assim”, lembra. 


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“Comecei a usar para coisas bobas do dia a dia como pedir dicas de viagem. Só depois levei para o trabalho, como copiloto, me ajudando a tomar decisões mais estratégicas”, diz. 

De acordo com Almeida, é justamente esse caminho de ‘baby steps’ que ajuda a tirar o peso das costas de que é preciso tornar-se um especialista em IA em tempo recorde. 

“Aprender a fazer boas perguntas é mais importante do que decorar prompts prontos. Cursos ajudam muito nisso, porque aceleram a curva de aprendizado e mostram como aplicar de verdade no contexto do trabalho, não só ‘substituindo o Google‘”, completa.

2) A melhor hora é agora

Mônica Magalhães, futurista, formada em Ciência da Computação, especialista em tecnologias emergentes, lembra que se esperarmos pelo melhor momento, talvez ele nunca chegue. Há uma tendência em preferir fazer as coisas da forma que já conhecemos. 

“É preciso olhar para o que fazemos no dia a dia e recriar a lógica desses processos, pensando em quais etapas podem ser automatizadas, quais precisam de curadoria humana e onde a IA pode liberar tempo e energia para as atividades de maior valor”, explica.

Isso significa experimentar aos poucos e começar com tarefas simples da vida pessoal, como organizar uma agenda ou a lista de compras, e só depois evoluir para os negócios.

“O segredo não está em usar todas as ferramentas de uma só vez, mas testar até encontrar aquela que você melhor se adapta. A IA não deve ser vista como um atalho para produtividade, mas como oportunidade de repensar como trabalhamos e aprendemos”, diz.

3) Adote como uma parceira

Vitor Gomes, gerente de produtos da Adobe, explica que incorporar a inteligência artificial no dia a dia não exige uma mudança radical, mas requer ver a IA como uma parceira. 

“No caso de estudantes de universidade ou concursos, por exemplo, o assistente de IA permite literalmente conversar com a informação de arquivos PDFs, gerar resumos e encontrar informações em segundos, tornando o aprendizado mais dinâmico”, afirma. 

Quando a IA é usada de forma conectada a algo da sua rotina, como os estudos, ela deixa de ser uma tendência distante e se torna uma parceira real para gerir seu tempo e energia.

4) Aprenda a delegar tarefas

Amanda Graciano, economista e estrategista de negócios, conta que, quando o tema é IA no trabalho, muitas vezes, focamos só no operacional, em vez de usar a IA como um gestor.

“A maior armadilha com a IA é que, muitas vezes, somos nós que entramos no piloto automático. O risco é transformá-la só em um acelerador de tarefas cansativas”, sinaliza.

“Pare, observe e escolha um ponto da sua rotina que drena energia, como responder e-mails, organizar agenda ou escrever relatórios. Use a IA como copiloto justamente ali e veja como ela reorganiza o fluxo. Essa pausa estratégica diferencia quem só usa ferramenta de quem recria a forma de trabalhar. Não é delegar tudo para a máquina; é ganhar tempo e espaço mental para o que é humano, criativo e estratégico”, completa.

5) Ganhe tempo com burocracia

Davi Holanda, fundador e CEO do Jota, um assistente financeiro com IA que funciona direto no WhatsApp, aponta que algumas tarefas repetitivas que consomem tempo, como organizar despesas, lembrar prazos ou monitorar gastos podem ser o foco para iniciar.

“Você pode simplesmente mandar um áudio no WhatsApp para organizar suas contas, gerar relatórios ou até automatizar tarefas mais complexas, como programar balanços semanais e agendar o envio de folhas de pagamento. A ideia é mostrar que a IA não precisa ser distante ou complicada: ela pode estar no seu celular, a um áudio de distância, ajudando a reduzir burocracias e tornando sua rotina mais leve e produtiva”, comenta 

6) Crie um plano para aprender 

Michelle Schneider, futurista, palestrante e autora do livro “O Profissional do Futuro” (Buzz Editora), explica que quem quer se diferenciar pode usar a própria ferramenta para pedir um plano de desenvolvimento personalizado. Ou seja, usá-la como um tutor de aprendizado.

“Basta dar um bom contexto. Quem é você, qual é o seu cargo, sua formação, o seu tempo de experiência e como já utiliza a tecnologia. Assim, a IA se torna um copiloto que sugere cursos, ferramentas e práticas para aumentar a eficiência do seu trabalho de forma personalizada. A teoria ajuda a orientar, mas é a prática que consolida o aprendizado”, diz. 

7) Use IAs dedicadas à sua função

Ronaldo Gismondi, diretor médico da Afya (grupo brasileiro de educação na área de saúde), traz uma visão positiva e prática sobre o uso da inteligência artificial na prática médica. 

“Hoje, já existem ferramentas específicas para médicos, desenvolvidas para explorar rapidamente pesquisas científicas e organizar dados complexos com alto nível de confiabilidade, transformando informação em decisões clínicas precisas e seguras”, conta. 

“No consultório, essas soluções resumem prontuários e liberam tempo precioso, permitindo que o médico se concentre no que realmente importa: a relação com o paciente. A IA não substitui a experiência do médico, ela multiplica seu alcance e fortalece sua capacidade de transformar vidas”, conta Gismondi, que vê a tecnologia como uma parceira de eficiência.

8) Bônus: Checklist de Iniciante na IA

Checklist do iniciante na IA / Imagem gerada pelo ChatGPT
Checklist do iniciante na IA / Imagem gerada pelo ChatGPT

Natasha Geraldo, psicóloga e gerente de RH (dona também de um canal de Youtube sobre o tema) separou um checklist essencial para quem está interessado em dar o passo inicial.

  • TESTE: Existem muitas ferramentas de IA, algumas são mais conhecidas que outras e muitas ainda estão sendo criadas. Então, a primeira coisa a se fazer é testar, para coisas pequenas mesmo, como fazer uma busca, resumir um texto, para tirar qualquer medo que possa existir de interação com as plataformas;
  • PERGUNTE-SE: Como a IA pode contribuir com o meu dia a dia e aprimorar a minha performance? Quais atividades que faço hoje que agregam pouco valor (são repetitivas e operacionais) que poderiam ser automatizadas ou facilitadas por IA? Faça essas perguntas de forma intencional, para pensar no que é possível agregar;
  • SEJA CONSTANTE: Faça isso sempre, é importante colocar na agenda, de fato, ou criar um lembrete para estabelecer um momento em que você irá fazer esse estudo;
  • COMUNIQUE-SE: Outro ponto que pode ajudar é dividir essa ideia com pares e ver como outras pessoas próximas já estão usando a IA e se inspirar nos colegas;
  • INFORME-SE: É importante manter-se atualizado, porque muitas ferramentas de IA são criadas a todo momento, com propósitos diferentes e pode ser que surja algo que seja ainda mais pertinente para a sua rotina de uma hora para a outra;
  • TENHA A MENTE ABERTA: Busque ter a postura de curiosidade e aprendizagem, isso ajuda a manter-se buscando por soluções e a estar atualizado com novidades;
  • FAÇA PARTE DE GRUPOS: Compartilhe seus avanços, isso estimula outras pessoas a fazer o mesmo e pode ajudar você a seguir também na sua evolução;
  • CONVERSE: Entenda a IA como um copiloto, você pode perguntar as dúvidas que forem surgindo. Saiba como a IA pode ajudar a ter mais eficiência na sua atividade perguntando quais dados e o que o assistente precisa para ajudar numa tarefa; 
  • BUSQUE PROMPTS: ⁠Leia prompts de outras pessoas, a OpenAI (ChatGPT) liberou alguns comandos prontos, por área, bem interessantes que podem abrir o caminho.

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