Stellantis quer colocar Brasil no “mapa” da reciclagem de carros

Tecnologia

Cerca de 1,5%. É apenas esta a porcentagem dos carros no fim da vida útil no Brasil cujos componentes têm algum reaproveitamento, enquanto no Japão e em países da Europa o número varia entre 80% e 85%. É neste contexto que a Stellantis inaugurou seu primeiro Centro de Desmontagem Veicular Circular AutoPeças, iniciativa pioneira no setor automotivo que vai encarar inúmeros desafios pela frente. 

Segundo comunicado do grupo que assina marcas como Fiat e Jeep, o Centro vai ter capacidade de desmontar até 8 mil veículos por ano, com foco na reciclagem automotiva e reaproveitamento de peças. O objetivo é estender a vida útil dos componentes, bem como reduzir o impacto ambiental. 

O problema é que, como os números indicam, ainda há um longo caminho a ser percorrido para o setor desabrochar no Brasil. E, para entender melhor o porquê, bem como os desafios à frente, o CT Auto conversou com Alexandre Aquino, vice-presidente de economia circular na Stellantis América do Sul.


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A reciclagem veicular no Brasil

Para Aquino, é difícil atribuir a diferença entre os números a um único fator. “Então, se são vários, é um conjunto de fatores, e um conjunto de fatores é um conjunto de oportunidades, né? Porque se está assim hoje, significa que tem também muito espaço para crescimento. Acho que é aí que está o nosso foco, é aí que estão as apostas da Stellantis”, observou. 

A Stellantis inaugurou em Osasco o novo Centro de Desmontagem Veicular Circular AutoPeças (Divulgação/Stellantis)

Atualmente, o Brasil ainda está em uma etapa inicial da reciclagem veicular. Por isso, há marcos regulatórios robustos surgindo — é o caso do recente programa Mover, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para promover a descarbonização dos veículos. Para isso, o programa traz uma série de iniciativas, como limites mínimos de reciclagem na fabricação dos carros. 

No entanto, Aquino observa lacunas na infraestrutura e processos integrados, mas também no comportamento do mercado e dos clientes. Portanto, ele acredita que é necessário que a demanda nasça do mercado consumidor, e que a indústria se adapte e traga iniciativas como consequência. 

E o futuro?

Dá para considerar que, no momento, o Brasil está em uma fase de transição para a reciclagem veicular, mas o caminho à frente é longo.

Sabendo disso, o grupo quer protagonizar a indústria automobilística na América do Sul. “É um momento de transformação, sim, e a Stellantis pretende estar ali no banco do motorista”, acrescentou. É aqui que entra o novo Centro de Desmontagem, que promete acelerar este processo.

O que acontece é que, através da desmontagem dos carros, a marca consegue mais materiais tanto para reciclagem quanto para remanufatura e para revenda — contanto que as condições sejam adequadas para isso, claro. Antes, a maior parte do trabalho da Stellantis era direcionada para a reciclagem e remanufatura; agora, a iniciativa a desmontagem vem como um catalisador. 

As oportunidades são várias quando o assunto é a reciclagem veicular (Divulgação/Stellantis)

“É difícil falar que o Brasil vai chegar a 50% dos carros reciclados em 5 anos, 10 anos, não sei. O que é importante perceber aqui é que o espaço para crescimento é muito grande pelos números, e as possibilidades para crescimento também são muito grandes por questões que ainda podem ser adaptadas e vão promover essa aceleração”, finalizou. 

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