3 linguagens de programação pioneiras que nem os virjões conhecem

Tecnologia

Linguagens como COBOL e FORTRAN mantêm sistemas críticos rodando e, por isso, não podem ser consideradas obsoletas. Contudo, a história da computação está repleta de pioneiras revolucionárias que se tornaram meras referências acadêmicas.

Essas linguagens não desapareceram por serem falhas. Pelo contrário, seu legado é tão forte que as tecnologias que as substituíram incorporaram e aperfeiçoaram suas ideias centrais. Conheça três delas que hoje são estudadas mais que programadas.

Três linguagens de programação esquecidas no tempo

ALGOL

Criada no final da década de 1950, a ALGOrithmic Language (ALGOL) ambicionava ser a notação universal para descrever algoritmos. ALGOL foi a primeira linguagem a ter sua sintaxe definida formalmente (usando a notação BNF).


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Ela se tornou um modelo teórico, influenciando diretamente a estrutura e os blocos de código de linguagens como Pascal e C. Sua influência se estende a quase todas as linguagens modernas (Java, C++, JavaScript).

Contudo, nunca obteve apoio comercial maciço, em parte por ser complexa para a época e por ter o FORTRAN apoiado pela IBM como seu concorrente direto. ALGOL venceu na ideia, mas não na aplicação comercial de longo prazo.

Simula

Todo desenvolvedor utiliza classes, objetos e herança. Estes conceitos nasceram no Simula 67, desenvolvido na Noruega na década de 1960, fazendo dela a primeira linguagem orientada a objetos (POO).

Simula é o pilar histórico da POO. Foi projetada para simulações complexas (como modelagem de clima ou tráfego), demandando uma forma de código que espelhasse entidades do mundo real.

Seu domínio era restrito a nichos de simulação. O paradigma POO ganhou popularidade por meio de linguagens como Smalltalk e, posteriormente, C++ e Java, que refinaram e generalizaram seus conceitos para um uso comercial amplo. Simula cumpriu sua missão de inventar um paradigma, mas as sucessoras dominaram o mercado.

SNOBOL

A SNOBOL (StriNg Oriented SymBOlic Language), desenvolvida nos Laboratórios Bell nos anos 1960, era lendária por seu poder em manipulação de strings e reconhecimento de padrões (pattern matching).

Seu foco especializado em texto foi revolucionário para a época, mostrando o potencial do processamento de dados textuais de forma avançada.

Foi superada pela ascensão de ferramentas e linguagens de script mais modernas e eficientes. A chegada do Perl nos anos 1990, que combinava poder de string com sintaxe mais acessível e ecossistema ativo, tornou SNOBOL um artefato histórico.

Inspiração para futuras gerações

Essas linguagens não são lembradas pelo volume de código que produzem hoje, mas pela qualidade conceitual das ideias que introduziram. Elas provam que, no desenvolvimento de software, o sucesso de uma invenção não garante a longevidade da ferramenta original.

O passado da programação não está inativo; ele está, literalmente, codificado nos conceitos fundamentais que usamos todos os dias. E, ainda que não sejam lembradas nem pelos mais fervorosos entusiastas do desevolvimento de softwares, a ALGOL, a Simula e a SNOBOL ajudaram a inspirar outras plataformas e, com certeza, ainda têm parte de seus “traços genéticos” em várias das ideias e linguagens mais populares dos dias de hoje.

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