EUA recebeu 200 reclamações sobre ChatGPT: delírios, paranoia e crise espiritual

Tecnologia

A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) recebeu cerca de 200 reclamações envolvendo o ChatGPT, da OpenAI, entre novembro de 2022 e agosto de 2025. Embora a maioria trate de questões comuns, como dificuldades para cancelar assinaturas, ao menos sete pessoas relataram casos graves de sofrimento psicológico, incluindo delírios, paranoia e crises espirituais.

Usuários alegam que interações prolongadas com o ChatGPT desencadearam sintomas de confusão mental e distorções da realidade. Um dos casos mais graves foi o de uma mãe que denunciou o chatbot por “agravar os delírios” de seu filho, levando-o a desconfiar da própria família e abandonar o tratamento médico.

Outros relatos descrevem episódios de alucinações cognitivas e “crises espirituais” provocadas por conversas nas quais o ChatGPT teria utilizado linguagem emocional e simbólica, simulando empatia e até laços de amizade. Alguns usuários disseram ter se sentido manipulados emocionalmente ou convencidos de que viviam situações místicas e conspiratórias.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Especialistas em psiquiatria apontam que o fenômeno, chamado por alguns de “psicose induzida por IA”, não é exatamente causado pela tecnologia, mas pode reforçar delírios já existentes. Segundo o professor Ragy Girgis, da Universidade Columbia, o risco aumenta quando pessoas vulneráveis interpretam o chatbot como um interlocutor consciente e confiável.

OpenAI responde e reforça medidas de segurança

EUA recebeu 200 reclamações sobre ChatGPT; OpenAI responde (Imagem: Andrew Neel/Unsplash)

Diante da repercussão, a OpenAI afirmou que vem aprimorando seus modelos para identificar sinais de sofrimento mental e agir de forma responsável. Com o lançamento do GPT-5, a empresa diz ter introduzido mecanismos de detecção de delírio, psicose e mania, além de redirecionar conversas sensíveis para modelos mais seguros.

A companhia também implementou avisos para pausas em sessões longas, acesso facilitado a linhas de ajuda emocional e controles parentais para proteger adolescentes. Mesmo assim, várias das pessoas que registraram queixas disseram que não conseguiram contato direto com o suporte da OpenAI, pedindo à FTC que investigue a empresa e exija novos limites éticos e psicológicos para a interação com usuários.

A FTC ainda não informou quais medidas pretende adotar, mas o episódio serve de alerta: quanto mais humanos os chatbots (como o ChatGPT) se tornam, mais urgente é entender os impactos psicológicos da convivência com máquinas que sabem conversar, mas não sentir.

Leia também:

VÍDEO | O ‘ChatGPT Atlas‘ chegou: o navegador da OpenAI

Leia a matéria no Canaltech.