Paramount oferece US$ 108 bilhões em dinheiro para tomar Warner da Netflix

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Resumo
  • Paramount Skydance fez nova oferta de US$ 108,4 bilhões em dinheiro para tomar a Warner Bros. Discovery da Netflix.
  • A proposta surge no mesmo dia em que Donald Trump expressou preocupação com a aquisição da Warner pela Netflix.
  • O presidente dos EUA alega risco de concentração de mercado e promete envolvimento pessoal no processo de aprovação antitruste.

A Paramount Skydance apresentou uma proposta de US$ 108,4 bilhões (R$ 589,7 bilhões, em conversão direta) em dinheiro por toda a Warner Bros. Discovery (WBD) — incluindo redes de TV como CNN e TNT, algo que tinha ficado de fora da negociação com a Netflix.

A proposta surge no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, questionou publicamente o acordo entre Netflix e WBD. Trump disse que a aquisição precisa ser aprovada e que pode haver problemas, já que a Netflix poderia ficar com uma fatia de mercado muito grande.

Na sexta-feira (05/12), a Netflix anunciou ter chegado a um acordo com a WBD no valor de US$ 82,7 bilhões (cerca de R$ 450 bilhões), em uma transação envolvendo dinheiro e ações.

Paramount fez nova oferta em dinheiro

A proposta da Paramount é pagar US$ 30 por ação em dinheiro. Isso supera os US$ 27,75 da Netflix e também oferece uma forma de pagamento mais vantajosa — parte do valor oferecido pela Netflix seria pago com suas próprias ações.

No mercado financeiro, movimentos como esse da Paramount são chamados de aquisições hostis. Esse nome é usado quando uma empresa faz uma oferta sem negociar diretamente com quem a controla. Em vez disso, o acordo é oferecido diretamente aos acionistas, deixando as lideranças sem ter como reagir.

A Paramount vinha tentando comprar a WBD há algum tempo, sem sucesso. Os advogados da Paramount enviaram uma carta à WBD após três ofertas serem rejeitadas, questionando se o processo de leilão estava sendo realmente justo e alegando o favorecimento a um comprador.

A Skydance, vale lembrar, é uma empresa controlada pela família Ellison (da Oracle). Ela comprou a Paramount no início deste ano em um negócio que também enfrentou críticas.

Como lembra a Bloomberg, a oposição de Donald Trump alega que houve acordos pessoais que teriam sido feitos para facilitar a aprovação, além de rumores de influência na demissão de críticos, como o apresentador e comediante Stephen Colbert.

Sindicatos nos EUA, como o Sindicato dos Roteiristas, também se manifestaram contra a aquisição, alegando diminuição na concorrência.

Trump questiona compra da Warner pela Netflix

Trump manifestou preocupação sobre a aquisição da WBD pela Netflix. Em conversa com repórteres, ele afirmou que a combinação das duas gigantes concentraria o mercado.

Segundo a Bloomberg, Trump alega que o negócio “pode ser um problema” para a concorrência no setor de entretenimento e, por isso, também pretende se envolver pessoalmente na supervisão do processo de aprovação antitruste.

A declaração sinaliza que a aprovação do acordo pode não ser tão rápida ou garantida quanto a Netflix esperava. O co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, havia se reunido com o presidente e, até então, teria tido a impressão de que não haveria oposição imediata do governo.

Risco de concentração de mercado

No entanto, a realidade pode ter pesado. A fusão colocaria sob o mesmo teto estúdios de cinema e TV, além de dois dos maiores serviços de streaming do mundo. Segundo dados de mercado, a união entre a plataforma de streaming e a dona da HBO Max concentraria cerca de 33% do mercado de vídeo sob demanda nos EUA, superando com folga a participação de 21% do Prime Video, da Amazon.

A aquisição também preocupa o mercado de entretenimento: os sindicatos do setor alegam redução de players e empresas exibidoras temem diminuição dos lançamentos de obras no cinema.

A Netflix prometeu manter os negócios atuais da Warner, incluindo lançamentos nos cinemas. Entretanto, segundo a Variety, poucas horas após o anúncio, Sarandos deu a entender que deve diminuir o tempo em que os filmes da WB ficarão exclusivamente nas telonas.

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