Warner recomenda que acionistas rejeitem Paramount e fechem com Netflix

Tecnologia

A Warner Bros. Discovery (WBD) orientou os acionistas a rejeitarem a oferta pública de aquisição hostil apresentada pela Paramount Skydance. Em comunicado enviado ao mercado nesta quarta-feira (17), o conselho de administração classificou a proposta de US$ 30 por ação como “ilusória” e reafirmou o compromisso firmado com a Netflix.

O argumento da diretoria é de que a proposta de US$ 108 bilhões (R$ 589,7 bilhões, em conversão direta) da Paramount, controlada por David Ellison e apoiada pela RedBird Capital, impõe “riscos e custos numerosos e significativos” à empresa.

A WBD sustenta que a proposta hostil subvaloriza o negócio e carece de garantias financeiras sólidas, questionando a estrutura de financiamento apresentada pela família Ellison.

O movimento ocorre em defesa do acordo de US$ 72 bilhões celebrado no início do mês com a Netflix. Considerando dívidas e outras despesas, o valor chega a US$ 82 bilhões (R$ 440 bilhões). Pelo plano atual, a Warner Bros. Discovery passará por uma cisão (spin-off), dividindo-se em duas empresas de capital aberto.

A recomendação do conselho não significa, necessariamente, uma derrota para a Paramount. Mesmo com o direcionamento do conselho, os acionistas ainda podem acatar à proposta de aquisição hostil.

Dúvidas sobre o financiamento da Paramount

A Warner desconfia da capacidade de execução da Paramount e alega, segundo apuração do The Wall Street Journal, que a empresa tem “consistentemente enganado” os acionistas da WBD. A crítica foca no fato de que o financiamento da família Ellison estaria atrelado a um fundo fiduciário revogável, o que, na visão do conselho da WBD, é incerto para uma transação desse porte.

A oferta inicial da Paramount contava com o apoio de três fundos soberanos do Golfo Pérsico, além da Affinity Partners, que anunciou a saída do negócio na terça-feira (16/12). Um porta-voz da Affinity declarou que “a dinâmica do investimento mudou significativamente desde que nos envolvemos inicialmente em outubro”, mas ressaltou que a empresa ainda vê “forte lógica estratégica” na proposta da Paramount.

Outro que preferiu se abster da relação com a Paramount foi Donald Trump, indicado como facilitador do negócio a Skydance e a Paramount no começo deste ano. O presidente dos Estados Unidos negou ter amizade com David Ellison e alegou que continua sendo alvo do canal de notícias do grupo, CBS News.

Netflix se mantém otimista

Enquanto a Paramount tenta seduzir acionistas com uma oferta de compra integral e pagamento em dinheiro vivo, a Netflix defende a sinergia de seu acordo. Em e-mail aos funcionários, os co-CEOs da Netflix, Greg Peters e Ted Sarandos, afirmaram ter um “acordo sólido em vigor” e se mostraram confiantes na aprovação.

Provavelmente visando maior aceitação dos acionistas e do governo, o discurso dos CEOs também mudou quanto ao lançamento de conteúdo exclusivamente nos cinemas. Após críticas pelo discurso anti-cinema, Sarandos agora diz que manterá a janela de lançamento tradicional do conglomerado.

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