
Resumo
- O volume de remessas de celulares cairá 2,1% em 2026, segundo a Counterpoint Research.
- A consultoria lista escassez de componentes e aumento dos custos de produção como motivos da queda.
- Fabricantes de smartphones de baixo custo, especialmente as chinesas, devem sofrer o maior impacto.
O volume de remessas de celulares encolherá 2,1% no próximo ano devido à escalada nos custos de produção, impulsionada principalmente pela escassez de componentes. Os dados são da consultoria Counterpoint Research.
Segundo os analistas da firma, a nova estimativa representa uma mudança brusca de cenário em relação às previsões anteriores, que indicavam um mercado em expansão.
O freio nas vendas é reflexo da dificuldade das fabricantes em manter preços competitivos diante do encarecimento do hardware, em especial dos chips de memória RAM, o que deve desestimular a troca de aparelhos por parte dos consumidores.
Maior impacto no segmento de entrada
Embora o problema seja sistêmico, o relatório aponta que o golpe mais duro será sentido pelas fabricantes chinesas, que tradicionalmente operam com margens de lucro mais apertadas e dependem de volume de vendas.
O levantamento da Counterpoint destaca que o segmento de entrada — composto por aparelhos que custam abaixo de US$ 200 (cerca de R$ 1.100, em conversão direta) — é particularmente sensível a qualquer variação no custo de materiais e deve ser diretamente impactado.
Como os componentes de memória (RAM e armazenamento) ficaram mais caros, as margens de lucro nesses dispositivos básicos devem sumir. Para as empresas, isso leva ou ao aumento do preço final, tirando o produto da faixa de “entrada”, ou à redução da produção.
Quais são as previsões?

Essa dinâmica deve afetar menos as empresas que construíram sua base de usuários oferecendo especificações robustas a preços agressivos, como a Samsung e a Apple, que possuem forte presença no segmento premium (em que as margens absorvem melhor os custos). Ainda assim, a sul-coreana e a gigante de Cupertino devem apresentar queda de, respectivamente, 2,1% e 2,2%.
A Samsung já assumiu que deve aumentar os preços de celulares e notebooks entre 10% e 20% no Brasil. A previsão foi divulgada pelo vice-presidente sênior, Gustavo Assunção, em entrevista exclusiva ao Tecnoblog.
No mercado de massa, mais sensível à variação de preços, as competidoras chinesas, como Honor, Oppo e Vivo Mobile (Jovi no Brasil) devem enfrentar uma grande queda. As duas últimas deixaram de apresentar números positivos e, agora, a previsão é de retração de 1,2%.
Entre as medidas de mitigação sendo aplicadas pelas marcas está o downgrade de componentes como módulos de câmera, tela, componentes de áudio e especificações de memória, segundo os analistas da Counterpoint.

