A possibilidade de os Estados Unidos desligarem o GPS no Brasil é extremamente improvável, apesar dos boatos que circulam nas redes sociais. Embora o sistema seja operado pelos militares norte-americanos, esse tipo de medida costuma ser reservado para zonas de guerra, com o objetivo de dificultar o uso de mísseis guiados ou drones por adversários.
Além disso, smartphones e equipamentos modernos são compatíveis com vários sistemas de localização, como o russo Glonass, o europeu Galileo e o chinês Beidou.
Ou seja, se o GPS fosse desligado de uma hora para outra, a maior parte dos dispositivos continuaria funcionando normalmente.
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Ainda assim, do ponto de vista técnico, existem formas de limitar ou dificultar o uso do GPS em um país. A seguir, veja cinco formas de como isso poderia acontecer — mesmo que nenhuma delas seja simples ou viável do ponto de vista político:
1. Bloqueio seletivo de sinal por parte dos EUA
O GPS transmite dois tipos de sinal: um civil (livre para qualquer dispositivo) e um militar, criptografado e reservado para as forças armadas dos EUA e seus aliados.
Em tese, é possível degradar ou negar o sinal civil em áreas específicas.

Mas isso afetaria países vizinhos e exigiria alteração técnica no funcionamento dos satélites, o que tornaria o processo complexo e politicamente delicado.
2. Jamming: bloqueio local com interferência de rádio
Essa é uma técnica comum em guerras: bloqueadores emitem sinais na mesma frequência do GPS, anulando o sinal original.
Para afetar um país como o Brasil, seria necessário instalar transmissores de alta potência em solo, algo que só poderia ser feito com a anuência do próprio governo brasileiro — ou como sabotagem, o que caracterizaria um ato hostil.
3. Spoofing: envio de sinais falsos
Em vez de bloquear, o spoofing engana os receptores com sinais falsos de localização.
Isso já foi usado por governos para desorientar navios e aviões em regiões sensíveis. Mas a técnica exige equipamentos sofisticados e acesso próximo aos alvos, o que limita sua aplicação em larga escala e dificulta sua adoção contra um país inteiro.
4. Ataque cibernético à infraestrutura do GPS
O sistema GPS depende de uma rede de controle em solo, com estações que monitoram e atualizam os satélites.
Um ataque cibernético bem-sucedido poderia comprometer dados de posicionamento, mas isso afetaria usuários globalmente — inclusive os próprios EUA. Por isso, não é um método viável para afetar só um país.

5. Diversidade de sistemas impede um apagão total
Mesmo que os EUA restringissem o GPS, outros sistemas continuariam operando.
O Galileo, Beidou e Glonass são amplamente suportados por celulares, aviões e navios modernos.
Além disso, algumas nações usam sistemas de backup terrestres, como o eLoran. Ou seja, ninguém ficaria totalmente “no escuro” sem o GPS.
O corte do GPS no Brasil seria tecnicamente desafiador, politicamente explosivo e, no fim das contas, ineficaz diante da existência de outros sistemas.
O sinal de geolocalização não é mais monopólio de um único país — e isso torna qualquer tipo de apagão global ou regional cada vez menos provável.
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