Astrônomos capturam primeira imagem de estrela que explodiu duas vezes

Tecnologia

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciaram que capturaram, pela primeira vez, evidências de que uma estrela explodiu duas vezes. As imagens foram obtidas com o Very Large Telescope (VLT) e publicadas na revista Nature Astronomy nesta quarta-feira (2).

A observação teve como alvo os destroços centenários da supernova SNR 0509-67.5, localizada na constelação de Dorado, a cerca de 60 mil anos-luz da Terra.

A SNR 0509-67.5 é o remanescente de uma anã branca — um tipo de estrela que se forma quando astros com massa semelhante à do Sol esgotam seu combustível para a fusão nuclear.


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Supernova Tipo Ia

As explosões de supernovas — normalmente associadas à morte de estrelas supermassivas — também podem ocorrer com anãs brancas, sendo então classificadas como do Tipo Ia. Grande parte do conhecimento sobre a expansão do Universo se baseia nesse tipo específico de explosão estelar.

As supernovas Tipo Ia ocorrem em sistemas binários, nos quais uma anã branca orbita uma estrela companheira e pode absorver parte de seu material. Modelos astronômicos apontam que, ao atingir uma massa crítica, a anã branca sofre uma única e poderosa explosão.

Contudo, estudos recentes já sugeriam que algumas supernovas Tipo Ia poderiam passar por uma detonação dupla antes de alcançar essa massa crítica — o que foi confirmado pela nova pesquisa do ESO.

“Esses resultados são uma indicação clara de que anãs brancas podem explodir bem antes de atingirem o famoso limite de massa de Chandrasekhar, e que o mecanismo de ‘dupla detonação’ de fato ocorre na natureza”, destaca em comunicado Ivo Seitenzahl, astrônomo alemão que liderou as observações relacionadas à supernova SNR 0509-67.5.

Processo da dupla detonação

Segundo os pesquisadores, no caso da dupla detonação, a anã branca desenvolve uma camada de hélio ao seu redor, que pode se tornar instável e entrar em ignição

A primeira explosão gera uma onda de choque que se propaga pela superfície e pelo interior da estrela, desencadeando uma segunda detonação em seu núcleo — o que culmina na supernova. Os estudos apontam que restos dessa explosão contém camadas separadas de cálcio, identificadas em azul na imagem.

Camadas de cálcio após dupla detonação
Astrônomos identificaram duas camadas de cálcio após o processo de dupla detonação (Reprodução/ESO/P. Das et al.)

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