
O Atlas, o navegador da OpenAI lançado recentemente, chegou com a promessa de transformar a experiência online ao permitir que a IA navegue pela internet como um humano. Mas, conforme usuários e pesquisadores começaram a testar suas capacidades, uma descoberta levantou suspeitas: o Atlas parece evitar deliberadamente grande parte da web, especialmente sites de veículos de mídia que estão em disputa judicial com a OpenAI. E quando não acessa esses conteúdos, ele encontra meios alternativos para reconstruí-los.
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Apresentado pela OpenAI como um navegador com “modo agente”, o Atlas consegue realizar ações online por conta própria: pesquisar, acessar páginas, comparar preços e até organizar informações de agenda com base em notícias recentes. Na teoria, seria como ter um assistente humano navegando por você.
A prática, porém, revelou limitações e atitudes curiosas, algumas ligadas a questões legais em torno do uso de conteúdo jornalístico para treinar modelos de IA.
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Atlas evita sites que processam a OpenAI
Investigadores do Tow Center for Digital Journalism identificaram que o Atlas evita acessar artigos de veículos que processam a OpenAI, como o New York Times e PCMag. Em vez de admitir que não acessará essas páginas, o navegador tenta contornar o bloqueio: procura versões alternativas do conteúdo, matéria equivalentes em sites parceiros, tweets que comentam o assunto ou citações em outras reportagens.
O comportamento foi comparado ao de um rato em um labirinto, desviando de áreas perigosas. No caso, conteúdos protegidos por disputas legais.
Atlas consegue burlar bloqueios e paywalls
Outro ponto polêmico é a capacidade do navegador de acessar conteúdos que supostamente deveriam estar protegidos:
- Paywalls com sobreposição: quando o texto aparece na página, mas é coberto por uma janela pedindo assinatura, invisível ao usuário, não ao agente.
- Identificação como usuário real: o navegador se comporta como o Chrome comum, evitando ser identificado como bot.
- Conteúdo acessível com login: se o usuário tiver assinatura e estiver logado, o agente consegue ler tudo e operar livremente.
Isso coloca publishers em um dilema, já que bloquear o acesso pode significar também bloquear leitores humanos reais.
O impacto para veículos e o futuro da navegação
Com IA navegando como pessoas, os mecanismos tradicionais de defesa (paywalls, bloqueios de bots e sistemas de identificação) deixam de ser totalmente eficazes. O Atlas, mesmo evitando certos sites, ainda consegue contornar as limitações e oferecer resumos baseados em fontes indiretas.
Esse cenário levanta uma questão maior: se agentes de IA se popularizarem como porta de entrada para o conteúdo online, quem controlará o acesso à informação? Por enquanto, o Atlas promete uma navegação inteligente. Mas sua relação com a informação, os direitos autorais e o acesso justo à mídia ainda parece uma variável incerta nessa equação.
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