Bateria que dura: por que a indústria aposta alto em autonomia extrema?

Tecnologia

O maior componente interno do celular sempre foi um dilema para as fabricantes. A bateria dos smartphones representa um desafio para se chegar nos modelos com estrutura fina, leve e com boa autonomia. Hoje, a evolução dessa peça mostrou que ter isso tudo junto é possível. Cada vez mais marcas investem pesado em baterias, trazendo opções com carregamento rápido e que duram dias

Boa parte do mercado já oferece celulares com média de 4.700 a 5.000 mAh, alguns já chegam aos 7.000 mAh. Mas, para além desse valor de capacidade, o que também contou para o crescimento das horas de uso do celular sem precisar de recarga foi toda a tecnologia que envolve a otimização do processamento do aparelho

A própria bateria passou por mudanças para se adequar às necessidades do usuário, seja do smartphone, tablet, notebook. A demanda energética maior resultou em um processo de “espiral deflacionária” com a produção em larga escala, de acordo com o professor Hudson Zanin, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).


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“Custava 850 dólares o quilowatt-hora (kWh) que armazenava numa bateria há 10, 15 anos. Hoje custa 15 [dólares], é um absurdo, impensável anos atrás. E tem margem ainda para reduzir isso aí a metade ainda”, explica.

Evolução do grafite para o silício-carbono 

A grande parte dos aparelhos eletrônicos conta com baterias de íons de lítio, elemento que tem grande capacidade de armazenamento de energia por unidade de massa. No entanto, a inovação da bateria de silício-carbono tem sido adotada por fabricantes como Xiaomi, Motorola e Jovi, e mostra uma nova possibilidade para se obter um celular com grande capacidade sem perder o design.

A mudança acontece no ânodo da bateria, explica o professor Hudson, que geralmente utiliza o grafite, enquanto o cátodo possui óxido de cobalto de lítio. “O silício consegue colocar muito mais energia, uma ordem de grandeza a mais de energia”, ele pontua. O carbono também garante maior estabilidade para a bateria

Por isso, o silício-carbono melhora também a resistência e a durabilidade da bateria, com a chance de se fazer mais ciclos de recarga. Baixar o custo dessa inovação, segundo o especialista, depende de fatores como o volume de produção, mas o que torna uma bateria cara não é o ânodo e sim o cobre utilizado para garantir resistência. 

Olhar estratégico das fabricantes chinesas

O professor da Unicamp aponta que a China sai na frente nessa corrida pela eficiência. O gigante asiático é o maior produtor mundial de baterias de íons de lítio e hoje domina o setor em diversas frentes, de smartphones a carros elétricos. “A China é a que está ditando essa evolução. Ela é muito rápida e muito dinâmica em fazer isso acontecer”, sinaliza.

Recém-chegada no mercado brasileiro, a fabricante chinesa Jovi trouxe a bateria como um dos pontos focais da marca. Em seu portfólio, os modelos V50 e V50 Lite, além dos modelos da linha Y, contam com a tecnologia denominada “BlueVolt”, que são baterias de silício-carbono de segunda geração. A fabricante também oferece quatro anos de garantia no componente. 

Segundo Andre Varga, diretor de Produto da marca, esse investimento foi feito com base nas pesquisas feitas pela fabricante com o público brasileiro que mostraram que um dos principais motivos para a troca de celular está na perda de capacidade de bateria

“A bateria sempre trabalha um passo para trás em relação à evolução de câmeras, de software, de IA”, pontua. “Se a gente imaginar quatro, cinco anos atrás foi quando as primeiras baterias de 5.000 mAh chegaram no mercado de telefonia, durante muito tempo foi 3.800, 4.000. Só que nesse meio tempo, a tecnologia dos processadores [evoluiu], as câmeras têm mais capacidade, as pessoas vão exigindo mais da eletricidade do telefone, e aqueles 5.000 hoje já não são tão eficientes”.

A proposta da tecnologia BlueVolt, segundo ele, é fornecer baterias “maiores em sua capacidade, mais finas em sua espessura, mais rápidas no carregamento e mais duradouras”. Isso foi possível com a redução de outros componentes internos do celular, densidades diferentes de lítio e uma estrutura de proteção da bateria mais arredondada, afirma André.

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