Os astronautas das missões Apollo da NASA hastearam seis bandeiras dos Estados Unidos na Lua entre 1969 e 1972. Apesar de a flâmula da Apollo 11 ter sido vista voando após a decolagem da nave, a expectativa é que as outras cinco ainda estejam na superfície lunar.
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Mas será que as bandeiras dos EUA, deixadas no satélite natural da Terra, estão desbotadas e branqueadas após décadas expostas à radiação solar?
A resposta é sim. E a explicação para isso está tanto nas condições ambientais da Lua quanto nas características das flâmulas levadas a bordo das expedições da agência espacial norte-americana.
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Radiação UV e tecido das bandeiras
Um dos principais fatores que contribuem para a deterioração das bandeiras é a ausência de atmosfera na Lua. Por causa disso, a radiação solar incide diretamente em sua superfície, com altos níveis de radiação ultravioleta (UV).
“Esse tipo de radiação é extremamente eficaz em causar fotodegradação, um processo no qual as ligações químicas dos corantes presentes no tecido são quebradas”, explica Guilherme Bellini, físico e membro do Observatório Didático de Astronomia da Unesp.
O especialista ressalta que o nylon — material usado para confeccionar as flâmulas — é resistente em condições terrestres, mas a exposição às condições extremas do ambiente lunar, que incluem a intensa radiação solar e grandes variações térmicas diárias (em torno de 100 °C), torna o tecido quebradiço e vulnerável à fragmentação.
“Tecidos expostos a esse tipo de condição por décadas, sem qualquer forma de proteção, tendem sim a se degradar completamente”, acrescenta Bellini.

Outros fatores de deterioração das bandeiras
Não é apenas a radiação solar que pode ter contribuído para o desbotamento das flâmulas das missões Apollo. O vácuo espacial também acelera a degradação de materiais sintéticos, ao estimular a liberação de moléculas e enfraquecer a estrutura interna do tecido.
Outro fator importante é a presença de micrometeoroides, que atingem frequentemente a superfície lunar em altíssimas velocidades — já que não há atmosfera para desacelerá-los — e podem danificar qualquer material exposto.
“Ao longo de mais de cinco décadas de exposição direta, é bem provável que as cores originais das bandeiras tenham se desintegrado, restando apenas uma aparência esbranquiçada. Elas permanecem como marcos históricos, mas é provável que sua forma original já tenha se modificado substancialmente”, destaca o físico da Unesp.
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