Uma pesquisa recente da Fortinet, empresa global de cibersegurança, aponta que o Brasil concentrou 315 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos no primeiro semestre de 2025. Esse número representa mais de 80% do total de ataques na América Latina.
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Os dados foram divulgados durante o Fortinet Cybersecurity Summit 2025, evento em que o Canaltech esteve presente, nesta terça-feira (12).
O vice-presidente de engenharia da Fortinet, Alexandre Bonatti, explica que a pesquisa se baseia em detectores da empresa instalados em clientes ao redor do mundo, que identificam ataques de origem tanto interna quanto externa.
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A empresa apresenta relatórios anuais sobre ameaças cibernéticas globais. Mas agora, também irá relevar estudos semestrais por conta do rápido avanço da tecnologia e melhorias em segurança.
Ataques direcionados: a maioria com foco em monetização
Bonatti revela que a grande parte dos ataques realizados no Brasil é direcionada. Diferentemente das investidas aleatórias, os ataques direcionados têm um alvo específico, podem durar meses e, geralmente, são bem-sucedidos. O principal objetivo é a monetização.
O gerente nacional da Fortinet, Frederico Tostes explica que a atividade criminosa se tornou um negócio lucrativo. “O criminoso não visa mais apenas explorar e coletar dados. Agora, os ataques funcionam como uma estratégia de negócios, buscando o maior lucro”, analisa Tostes.
O vice-presidente de engenharia menciona que os hackers por trás desses ataques seguem o lema “Go hard or go home” (Vá com tudo ou volte para casa). “Eles sempre avaliam se o ganho com o ataque será maior que o tempo e o recurso gasto para executá-lo”, conta Bonatti.

Brasil é atrativo pela lucratividade
Alexandre Bonatti esclarece que o Brasil se torna um alvo interessante para esses ataques por causa de suas grandes instituições, que combinam alta lucratividade com uma baixa maturidade em segurança.
Ele argumenta que a fase de transformação digital que o país atravessa nos últimos anos permite a implementação de mais tecnologias, mas, ao mesmo tempo, aumenta o risco de ataques se não houver uma maturidade adequada em segurança e governança de dados.
Frente à proporção das tentativas de ataques no Brasil em comparação com a América Latina, o gerente nacional da Fortinet avalia que um conjunto de fatores ainda torna o país um grande alvo, e que isso deve continuar.
“O alto percentual brasileiro indica que a lucratividade pode ser bem maior no país em relação aos outros. Contudo, o Brasil não carrega 84% do PIB da América Latina. Para ter esse resultado, há diversos fatores; um deles é a cultura”, revela.
Bonatti acrescenta que, no Brasil, a educação em cibersegurança ainda é precária em níveis individual, coletivo e corporativo. Ele exemplifica com casos de venda de credenciais empresariais no LinkedIn, onde um criminoso consegue acesso a sistemas de empresas por valores de R$ 10 ou R$ 20 mil.
Setores com IoT podem ser mais afetados
Para esmiuçar os números da pesquisa, o vice-presidente explica que as IoT (Internet das Coisas) — redes de dispositivos físicos interconectados — são um dos maiores alvos, principalmente quando utilizadas sem proteção ou com softwares desatualizados.
Setores que mais usam IoT, como indústria, agronegócio e saúde, são os mais atrativos para ataques. Isso porque esses segmentos aplicam a tecnologia em equipamentos críticos, como máquinas de colheita, sistemas de cirurgia robótica e aparelhos industriais.
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