Os cavalos possuem um repertório surpreendentemente complexo de expressões faciais, comparável ao de primatas e humanos. É o que diz um novo estudo da revista Zoological Science, que analisou mais de 800 interações entre cavalos em ambientes naturais e identificou 22 expressões distintas usadas em contextos sociais variados, como brincadeiras, ameaças, alertas e interações amigáveis.
Tradicionalmente, quem trabalha com equinos aprende a interpretar sinais básicos, como a posição das orelhas (para frente indicando atenção ou relaxamento, e para trás sinalizando incômodo ou agressividade). No entanto, o novo estudo vai além, utilizando um sistema chamado EquiFACS (Equine Facial Action Coding System) para mapear com precisão os movimentos musculares faciais que compõem cada expressão.
Esse sistema já é usado em outras espécies, como cães, gatos e primatas, e permite uma comparação evolutiva mais abrangente entre diferentes animais sociais.
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Expressões faciais dos cavalos e contextos sociais
A pesquisa foi realizada com cavalos observados no pasto, sem a presença de humanos para não influenciar os comportamentos. Foram gravadas diversas interações espontâneas, que foram posteriormente analisadas em vídeo. Com o uso de análise de rede, os pesquisadores identificaram como diferentes unidades de ação facial se combinam em expressões específicas.
Expressões de ameaça, por exemplo, incluíam orelhas achatadas para trás, cabeça abaixada e narinas dilatadas. Já as expressões lúdicas eram marcadas por movimentos rápidos e variados, como boca aberta, lábios inferiores relaxados, queixo elevado e maior visibilidade dos olhos.
Segundo os pesquisadores, os resultados têm implicações importantes para o bem-estar animal. Saber reconhecer sinais faciais sutis pode ajudar treinadores, veterinários e cuidadores a compreender melhor o estado emocional dos cavalos. Vale observar, também, que a descoberta de paralelos entre expressões lúdicas de diferentes espécies sugere que esses comportamentos sociais podem ter evoluído há milhões de anos, muito antes do que se pensava.
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