
O Brasil registra, em média, quatro feminicídios por dia, segundo o Mapa da Segurança Pública de 2025. Em um país marcado pela persistência da violência de gênero, a Natura criou a assistente virtual “Ângela” no WhatsApp, uma iniciativa que usa a tecnologia para acolher mulheres em situação de violência.
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A Ângela foi desenvolvida pelo Instituto Avon, hoje integrado ao Instituto Natura. Sua proposta é funcionar como um primeiro ponto de contato para mulheres que precisam de ajuda, mas não sabem por onde começar ou não se sentem seguras para procurar serviços formais. A escolha do WhatsApp está ligada ao alcance do aplicativo no Brasil e à possibilidade de oferecer um acesso discreto, direto e sempre disponível no celular, reduzindo barreiras para a busca por orientação.
O atendimento segue um modelo híbrido, no qual a automação inicia o primeiro contato, mas a conversa é assumida por profissionais especializados sempre que há indícios de risco. “A Ângela foi construída para apoiar e orientar e, quando necessário, conectar cada usuária a uma rede de apoio segura, com absoluto respeito à privacidade. Para nós, tecnologia só faz sentido quando amplia humanidade”, diz Renata Marques, CIO da Natura.
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Os números de 2025 ajudam a dimensionar o alcance da iniciativa. Só neste ano, a assistente realizou 458 atendimentos humanizados, com 219 encaminhamentos para políticas públicas e 120 apoios de transporte seguro, viabilizados por meio de parceria com a Uber. Na prática, a tecnologia atua como uma ponte entre a usuária e a rede de proteção, muitas vezes antes de qualquer acionamento policial.
“Muitas mulheres sentem vergonha e não sabem onde e como pedir ajuda. Geralmente, o acionamento policial é o último recurso ao qual a mulher recorre. Então, oferecer um canal à palma da mão, no celular, em que ela pode buscar informações confiáveis e ter um aconselhamento especializado é fundamental para evitar que essa violência se perpetue”, afirma Beatriz Accioly, antropóloga e líder de Políticas Públicas Pelo Fim da Violência Contra Mulheres no Instituto Natura.
Como funciona o chatbot Ângela?
A assistente virtual atua como uma porta de entrada para a rede de apoio, com um atendimento que prioriza segurança, acolhimento e confidencialidade. O serviço não funciona como um canal direto de denúncia.

O contato começa de forma automatizada no WhatsApp, com acesso a informações confiáveis e esclarecimento de dúvidas iniciais. Ao primeiro sinal de risco ou quando a usuária pede ajuda direta, o atendimento é transferido para uma assistente social especializada, que realiza uma escuta ativa e avalia a situação com base no Formulário Nacional de Avaliação de Risco (FONAR).
A partir dessa análise, é construído um plano de ação individualizado, levando em conta o contexto e a história de cada mulher. Quando necessário, há encaminhamento para serviços públicos especializados, como Delegacias da Mulher, além da oferta de transporte seguro e gratuito por meio da parceria com a Uber.
Todo o processo é confidencial. Nenhum dado pessoal é armazenado e os indicadores são tratados de forma anônima, impedindo a identificação das usuárias.
Como entrar em contato com a Ângela?
Você pode entrar em contato com a Ângela pelo WhatsApp enviando uma mensagem para o número (11) 94494-2415. Ela funciona gratuitamente em todo o Brasil e está disponível 24 horas por dia para o atendimento automatizado.
O suporte com profissionais humanas especializadas ocorre de segunda a sexta, das 08h às 18h (exceto feriados). Se você enviar uma mensagem fora desse horário, o atendimento humano é agendado para o próximo dia útil.
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