Lucas Mantovani, sócio da SAFIE, aponta caminhos para pequenas e médias empresas preservarem margem e diversificarem mercado
Da Redação (*)
Brasília – Desde 6 de agosto de 2025, está em vigor nos Estados Unidos uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, sete dias após a assinatura do decreto executivo em 30 de julho. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), cerca de 44,6% do valor das exportações brasileiras estarão isentas dessa sobretaxa, incluindo setores como aviação, celulose, suco de laranja, combustíveis e minérios. No entanto, indústrias e segmentos manufatureiros com forte presença no mercado norte-americano devem sentir imediatamente os efeitos dessa medida.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, caso a medida seja mantida, as exportações brasileiras podem cair R$ 52 bilhões no curto prazo, com perda aproximada de 110 mil empregos. Para Lucas Mantovani, sócio e cofundador da SAFIE, advogado empresarial e especialista em planejamento societário, contratual e fiscal para PMEs e startups, o tarifaço representa um choque externo que exige resposta rápida.
“O pequeno empresário brasileiro enfrenta um cenário onde a inércia pode ser fatal. A reação estratégica e ágil é fundamental para não apenas sobreviver, mas para transformar o impacto das tarifas em uma oportunidade de inovação e adaptação. Gerir a tarifa como uma variável dentro do planejamento é o caminho para garantir competitividade e sustentabilidade no longo prazo”, afirma.
A seguir, o especialista lista três frentes de ação para reduzir o impacto da medida e preservar a competitividade:
1. Frente contratual: blindagem jurídica
Revisar cláusulas de contratos internacionais para prever situações como força maior, revisão de preços e repasse tarifário é fundamental para garantir amparo legal. Essa atualização permite reequilibrar obrigações contratuais, evitar litígios e oferece maior flexibilidade para renegociações com distribuidores e clientes nos Estados Unidos. Dessa forma, as empresas ganham segurança para enfrentar o impacto das tarifas.
2. Frente tributária/fiscal: recuperação de margem
Aproveitar incentivos fiscais e regimes especiais como Reintegra, drawback e Acredita Exportação, além de ajustar a forma de apuração dos tributos, pode compensar parte da perda de margem. Um planejamento fiscal bem estruturado possibilita a redução de custos operacionais e a manutenção da competitividade mesmo com a tarifa adicional vigente. Essa estratégia é essencial para preservar a saúde financeira das empresas.
3. Frente comercial: reprecificação e diversificação
Recalcular preços considerando o novo cenário de custos, implementar hedge cambial para proteger-se das variações do dólar e buscar novos mercados fora dos Estados Unidos são ações estratégicas fundamentais. A diversificação geográfica diminui a dependência de um único país e distribui melhor os riscos decorrentes das barreiras comerciais. Assim, as empresas podem ampliar suas oportunidades de negócio.
Mantovani reforça que o momento pede visão estratégica e velocidade de execução: “Quem começar agora a renegociar contratos, rever a precificação e buscar incentivos fiscais tem mais chances de não apenas sobreviver ao impacto, mas sair dele com estrutura mais sólida e clientes diversificados. A tarifa é um desafio, mas também pode ser um gatilho para evoluir o modelo de negócios.”
(*) Com informações da Safie
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