O equilíbrio entre as peças de um PC é extremamente importante para o seu funcionamento ideal. Escolhas erradas podem levar a gargalos e isso atrapalha muito a experiência do usuário. Imagine que você investiu em uma excelente placa de vídeo, e o orçamento ficou apertado para um processador. Nessa situação hipotética e que é mais real do que pensamos, existe um gargalo.
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Existem diferentes tipos de gargalos e eles podem ser sentidos mais ou menos, dependendo da aplicação. Jogos estão entre os mais sensíveis e o gargalo de CPU, o mais comum. Por isso, vamos ajudá-lo a identificar esse tipo de problema e como agir diante disso.
O que é um gargalo de CPU?
Imagine seu PC como uma cozinha de restaurante, onde o processador é o chef e a placa de vídeo é a equipe que monta os pratos. O chef comanda tudo: ele processa a lógica do jogo, a inteligência artificial e a física, enquanto envia ordens claras para a equipe de montagem sobre quais gráficos renderizar. Para que tudo saia perfeito na tela, o ritmo entre o cérebro da operação e a equipe de execução precisa estar em total harmonia.
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O gargalo acontece quando o chef é mais lento que sua equipe. Se o seu processador não consegue enviar instruções na velocidade necessária, sua poderosa placa de vídeo ficará ociosa, esperando pelo próximo comando. É como ter os cozinheiros mais rápidos do mundo parados, porque o chef não dá conta de criar e distribuir as receitas a tempo.
Isso resulta em performance abaixo do que realmente era para ser, comparado com uma configuração com componentes equilibrados. Na prática, o jogador sentirá quedas de desempenho com certa frequência, estragando bastante a experiência. Em alguns casos, até tornando quase impossível rodar alguns jogos, como aqueles de mundo aberto mais complexos.
Formas de identificar o gargalo de CPU: ferramentas e métodos
Existem diferentes formas de identificar um gargalo de CPU e todas elas exigem um conhecimento, pelo menos, mínimo de ferramentas e interpretações de métricas.
Método simples: gerenciador de tarefas do Windows
Na aba Desempenho do Gerenciador de Tarefas do Windows (que você pode acessar ao pressionar Ctrl + Shift + Esc no teclado, ou clicar com o botão direito na barra de tarefas e acessar por lá), conseguimos ter algumas informações sobre uso do hardware em tempo real. Ao rodar um jogo, é possível (através de Alt + Tab) ver como o PC se comporta.
Método definitivo para gamers: MSI Afterburner com RivaTuner
Esse método é o mais comum aos PC gamers experientes. É necessário a instalar o MSI Afterburner com RivaTuner para gerar as métricas em tempo real em sobreposição, ou seja, em amostra enquanto roda o game.

Nas configurações do MSI Afterburner, na aba monitoramento, temos a seção Sensores de Monitoramento. Lá, é importante marcar opções como Uso da GPU, Temperatura da GPU, Uso da CPU (total e por núcleo), Temperatura da CPU, Uso de RAM (MB) e Taxa de quadros (FPS).
São duas marcações a serem feitas. A primeira delas é no símbolo de “check” no canto esquerdo, e depois marcar a caixa “Exibir informação na tela” mais abaixo. Uma vez configurado, é possível ver as métricas no jogo, através de uma tecla de atalho que pode ser configurada na aba “Informações na Tela”.
Método para usuários avançados: ferramentas de benchmark sintético
Benchmarks sintéticos são outra forma de identificar possíveis gargalos. Existem testes focados em cada componente do PC, como CPU e GPU através dos benchmarks do 3DMark, ou ainda outros testes voltados para memória RAM e SSD.
Mas como nosso foco é ver como está a relação entre CPU e GPU, conseguimos, através dos resultados, comparar com o imenso banco de dados desses testes e ver se existe uma diferença grande o suficiente em configurações iguais, identificando um possível gargalo.
Interpretando os resultados: quando é e quando NÃO é gargalo de CPU?
O gargalo de CPU é um dos mais fáceis de serem identificados, já que, como mencionamos antes, acontece com o uso total desse componente, enquanto a placa de vídeo está “mais de boa”, quando o ideal seria o contrário em jogos. Existem alguns cenários específicos:
Cenário 1 – Gargalo de CPU confirmado: um jogo exigindo 99% do processador, enquanto a placa de vídeo opera em cerca de 50% (isso depende muito do modelo), classifica como um gargalo clássico.
Cenário 2 – O falso positivo: existem limitações causadas pelo motor gráfico de um jogo. Isso é mais comum em títulos antigos, da época em que a otimização era pensada em 2 ou 4 núcleos, no máximo. No total, a CPU pode estar com o uso abaixo de 50%, mas esses núcleos podem estar a 100%, causando um falso positivo de gargalo de CPU. Não afetando o desempenho, está tudo bem.
Cenário 3 – A influência da resolução: esse cenário é mais fácil de controlar, mas também é um que eleva o potencial do gargalo de CPU. Jogos em 1080p, com FPS destravado (V-Sync off), fazem com que a taxa de frames suba bastante, dependendo da GPU. Com uma placa de vídeo mais forte, isso fica ainda mais evidente, fazendo com que a CPU chegue mais facilmente em 100%. Essa situação pode ser revertida ao aumentar a resolução.

Cenário 4 – Não é gargalo, é outra coisa: se mesmo a CPU e GPU estiverem em seu uso adequado, e problemas persistirem, é interessante verificar a memória RAM e até drive de armazenamento. Eles podem ser os culpados.
Identifiquei o gargalo. E agora?
Existem duas formas de amenizar ao máximo o gargalo (já que gargalo não pode ser eliminado, ele sempre existirá em algum nível) de CPU.
Soluções virtuais gratuitas
A primeira delas é de forma virtual. Fechar aplicações que estão rodando em segundo plano, traz um alívio ao processador. Navegador de internet, Discord, entre outros, exigem desse componente também.
Além disso, é sempre importante manter os drivers atualizados. No caso da CPU, estamos falando de driver de chipset, e até mesmo firmware da placa-mãe, para garantir a maior estabilidade de operação possível.
Caso você domine o overclock, é uma possível saída, dependendo do nível do gargalo. Subir as frequências aumenta também a potência do processador. Mas, vale lembrar, que isso causa ainda um aumento no aquecimento do componente, sendo necessário também um cooler melhor e placa-mãe preparada para isso.

Soluções físicas pagas (hardware)
Nessa segunda forma de amenizar gargalo de CPU, não tem jeito: será necessário abrir a carteira e deixar o cartão voar (ou fazer um PIX mesmo). Como estamos falando de gargalo para um componente específico, a solução seria a troca dele para um modelo melhor.
Mas não para por aí, já que, para essa troca, existe a chance de ser necessária também a troca da placa-mãe e memória RAM, algo que encareceria consideravelmente o upgrade para eliminar o gargalo.
Conclusão
Entender o gargalo, seja de CPU, GPU, RAM ou armazenamento, antes de montar (ou comprar) um PC, é o ideal. Assim, é possível focar em uma configuração o mais equilibrado possível, ou até montar uma máquina com um certo nível de gargalo controlado de forma proposital, para beneficiar um componente, tendo em vista um upgrade no futuro.
Vale reforçar que é impossível não ter um nível de gargalo, então isso não é o fim do mundo. Porém existem níveis que realmente atrapalham a experiência do usuário. Por isso, é importante saber como isso acontece e as formas de amenizá-lo o quanto antes.
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