Criador da web diz que algoritmos viciantes deveriam ser banidos

Tecnologia
Resumo
  • Tim Berners-Lee defende que algoritmos que tornam redes sociais viciantes devem ser proibidos por lei.
  • Ele critica plataformas digitais por estimular polarização, fake news e discursos de ódio.
  • Apesar das falhas, afirma não se arrepender da criação da web e vê aspectos positivos que devem ser preservados.

Tim Berners-Lee, cientista da computação famoso por ser o “pai da web”, defendeu que algoritmos viciantes, como os usados pelas principais redes sociais, sejam proibidos por lei.

Berners-Lee foi responsável por criar, há 36 anos, várias das tecnologias que serviram de base para a internet se tornar o que conhecemos hoje, como o sistema World Wide Web, a linguagem HTML, o sistema URL e o protocolo HTTP.

Em uma entrevista recente ao canal britânico ITV, ele refletiu sobre o estado da rede nos dias atuais — com duras críticas às redes sociais.

O que o criador da web acha das redes sociais?

“Os sistemas são treinados para manter as pessoas na plataforma, então são recompensados quando alguém fica na plataforma por causa, por exemplo, de discursos de ódio”, explica o cientista, que propõe uma solução rigorosa.

Foto de pessoas sentadas usando smartphones. O foco da imagem são os smartphones, e as pessoas não aparecem.
Berners-Lee aponta redes como fator para crescimento da polarização (foto: Robin Worrall/Unsplash)

“Uma coisa que podemos fazer é tornar isso ilegal. Nós podemos dizer que você pode criar plataformas de mídia social; a única coisa que não pode é torná-las viciantes”, sugere Berners-Lee.

O cientista também considera que as redes tiveram consequências ruins para a sociedade. “Eu acho que há muitas evidências de que a polarização, em termos gerais, cresceu por causa das plataformas de mídia social”, avalia.

Na entrevista, ele também defende que crianças podem ter smartphones e acessar a internet, desde que não usem algoritmos viciantes. “Elas devem ter [acesso à] Wikipédia, poder ligar [para os pais], avisar que estão vindo para casa”.

Berners-Lee não se arrepende de criar a web

Não é a primeira vez que o cientista expressa sua preocupação sobre o estado atual da web.

Em 2017, por exemplo, ele criticou a falta de controle sobre dados pessoais, a disseminação de fake news e as propagandas políticas em formato de spam. Naquela época, ele já pedia que os algoritmos de recomendação de conteúdo fossem mais transparentes.

Mesmo assim, na entrevista para a ITV, Berners-Lee diz não se arrepender de sua criação.

“No geral, não. Há muitas coisas ruins. Mas, no geral, há muitas coisas boas. Acho que precisamos manter a caixa de Pandora aberta. Basta consertar as peças que causam dependência. Isso é possível, as pessoas que criam sistemas viciantes sabem o que estão fazendo”, avalia.

Com informações da ITV

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