De Made in a Created in: os países do BRICS+ estão moldando uma nova economia criativa

Tecnologia

Os países do BRICS+ podem se tornar centros de desenvolvimento de soluções criativas baseadas em tecnologias inovadoras. Essa é a avaliação de Vladislav Kreinin, vice-presidente sênior e diretor do departamento de marketing e comunicação do Sberbank, da Rússia.

Kreinin abriu uma sessão intitulada “Created in BRICS+”, que aconteceu no dia 9 de outubro durante o Fórum Internacional RICS, em São Petersburgo (Rússia). “Estamos prestes a passar da lógica do ‘Made in’ para a lógica do ‘Created in’ – para a criação de valor e significados em primeiro lugar”, comentou o executivo na abertura do debate.

Participantes de diversos países da aliança discutiram como a inteligência artificial, a blockchain e as indústrias criativas podem se tornar a base de uma nova estrutura econômica.

As indústrias criativas crescem em um ritmo 15% maior que os demais setores da economia, formando um mercado global de mais de US$ 1,6 trilhão. A nova economia supera a noção de capacidade de produzir bens físicos, voltando-se para a geração de ideias, conteúdos, design e códigos culturais.

Esse é um setor que já contribui com mais de 4% para o PIB mundial, número que tende a aumentar nos próximos anos. Para os países do BRICS+ – muitos dos quais têm sido historicamente vistos como exportadores de matérias-primas ou locais de produção –, essa é uma oportunidade para reformatar e mudar o seu papel na economia global.

Sber investe em tecnologia própria

Nos últimos anos, a Sber transformou-se em uma empresa de TI capaz de desenvolver seu próprio ecossistema de ferramentas de inteligência artificial e blockchain. A companhia conta com três redes neurais emblemáticas: GigaChat, Kandinsky e SymFormer. Juntas, elas formam um conjunto de soluções totalmente adequado às indústrias criativas.

O GigaChat é capaz de gerar texto, responder a perguntas e criar códigos de programação. Recentemente, ele ganhou a habilidade de criar apresentações por meio da análise de prompts e estruturação de conteúdos.

Já o Kandinsky gera imagens, animações e pequenos vídeos a partir dos pedidos em texto dos usuários. Por fim, o SymFormer é especializado em música, sendo capaz de processar descrições de texto e convertê-las em faixas de música, além de aperfeiçoar partituras e criar trilhas sonoras.

IA e humanos caminham juntos rumo ao futuro da arte

A colaboração entre a tecnologia e os seres humanos permite transformar em realidade produtos criativos marcantes para a comunidade global. Um exemplo disso é a primeira ópera do mundo concluída com a ajuda da IA: Mandrágora.

Mandrágora é baseada em uma ideia de Pyotr Tchaikovsky e Sergei Rachinsky. Ela foi recriada e concluída com a ajuda do compositor russo contemporâneo Pyotr Dranga e das redes neurais da Sber. O GigaChat escreveu o libreto, o SymFormer finalizou a música e o Kandinsky criou os efeitos visuais.

A ópera foi apresentada no Novo Palco do Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, em junho de 2025. Além disso, ela entrou no repertório do teatro, tornando-se uma obra artística de pleno direito e marcando uma nova etapa no desenvolvimento da síntese da arte e da tecnologia.

Blockchain pode ajudar indústria criativa

Não é somente a IA que pode fomentar o desenvolvimento de produtos criativos. A tecnologia blockchain pode contribuir em outra etapa do processo.

O Laboratório de Blockchain do Sberbank é responsável pela pesquisa das cadeias de blocos existentes, bem como pelo desenvolvimento de novos sistemas. As soluções usam como base a própria plataforma de blockchain da Sber, que permite a implementação de contratos inteligentes e a emissão e negociação de ativos digitais (DFA) sem programação.

Para as indústrias criativas, isso significa licenciamento transparente, controle da utilização de conteúdos e automatização dos pagamentos de royalties, formando novos modelos de colaboração.

“O ecossistema da Sber pode constituir a base para uma infraestrutura para as indústrias criativas interagirem”, sublinha Vladislav Kreinin, do Sberbank. “Isso vai desde a IA generativa e a blockchain até os serviços de proteção de propriedade intelectual e a promoção de conteúdos.”

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