A Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, enfrenta reação pública e política após a divulgação de documentos internos que revelam diretrizes controversas para o uso de seus chatbots de inteligência artificial. O material, analisado e divulgado pela Reuters na última quinta-feira (14), indicava que as regras internas permitiam interações de caráter romântico ou sensual com crianças, além da possibilidade de geração de desinformação médica e declarações discriminatórias.
- Meta AI ganha app próprio no Brasil e mostra prompts da comunidade
- IA para crianças? Elon Musk planeja lançar o Baby Grok
Os documentos, intitulados “GenAI: Padrões de Risco de Conteúdo”, têm mais de 200 páginas e descrevem quais comportamentos seriam considerados aceitáveis para os chatbots da empresa durante interações com usuários. Essas regras teriam sido aprovadas por equipes jurídicas, de engenharia e políticas públicas da companhia, incluindo o departamento de ética.
Entre os trechos mais criticados, estavam exemplos de respostas em que chatbots poderiam se envolver em conversas de tom romântico com menores de idade. As orientações também citavam limites sobre linguagem sensual, mas indicavam situações em que comentários sobre a atratividade de crianças poderiam ser considerados “aceitáveis” dentro das regras.
–
Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
Ver essa foto no Instagram
A política ainda permitia que os bots criassem conteúdos falsos, desde que viessem acompanhados de uma nota de isenção, e abria exceções para a produção de argumentos depreciativos com base em raça.
Reações e críticas públicas
Após questionamentos da Reuters, a Meta confirmou a autenticidade do documento, mas afirmou que já removeu as partes mais polêmicas, classificando-as como inconsistentes com suas políticas atuais. Mesmo assim, as revelações geraram forte reação negativa. O cantor Neil Young, por exemplo, anunciou que não utilizará mais o Facebook em suas atividades, classificando como “inconcebível” o uso de chatbots em conversas com crianças.
Parlamentares norte-americanos também se manifestaram. O senador Josh Hawley abriu uma investigação para apurar se a Meta permitiu exploração ou danos a menores por meio de seus produtos de IA. Outros legisladores, como Marsha Blackburn e Ron Wyden, pediram responsabilização da empresa e defenderam limites mais rígidos para o uso da inteligência artificial em ambientes digitais.
Leia também:
- Como o chatGPT trata assuntos pesados? Nós testamos e essas foram as respostas
- Não há confidencialidade quando se usa ChatGPT como terapeuta, diz Sam Altman
VÍDEO | Meta IA no WhatsApp: PERIGOSO ou não?
Leia a matéria no Canaltech.