É VERDADE que o evento conhecido como Lāhainā Noon deixa o estado do Havaí, nos Estados Unidos, sem sombras. Imagens que circulam nas redes sociais mostram diversos objetos expostos ao Sol sem projetar sombras — mas o fenômeno também acontece em outros lugares do mundo.
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“Lā hainā” significa “sol cruel” no idioma havaiano, enquanto “noon” refere-se ao horário do meio-dia, quando ocorre o fenômeno.
O Lāhainā Noon acontece duas vezes por ano no estado norte-americano, no final de maio e em meados de julho, antes e depois do solstício de verão no Hemisfério Norte.
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Contudo, apesar de o fenômeno ser conhecido por esse nome específico no arquipélago dos EUA, o professor Roberto Costa, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, traz uma informação importante:
“Não é só no Havaí que acontece, mas em qualquer lugar da Terra que esteja entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio”, ressalta o docente.
“Dia sem sombra” ao redor do mundo
A maior diferença entre o fenômeno observado no Havaí e em outros lugares do globo está no nome, já que, globalmente, ele é conhecido como “Dia sem sombra”. Mas a causa e a explicação são exatamente as mesmas.
“O eixo de rotação do nosso planeta está inclinado 23,5 graus em relação ao eixo de nossa órbita em torno do Sol. Essa inclinação define o ciclo das estações do ano, pois durante seis meses o Sol incide mais diretamente no Hemisfério Sul e, nos outros seis, no Hemisfério Norte”, explica o professor da USP.
Esse fator faz com que, em qualquer lugar da Terra situado a menos de 23,5 graus de latitude do equador terretsre — ou seja, entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio —, o Sol do meio-dia possa chegar ao zênite, ponto mais alto do céu a 90° em relação à cabeça dos observadores. Quando isso acontece, os objetos não projetam sombra.
Roberto Costa destaca que o Havaí está localizado ao sul do Trópico de Câncer e dentro da faixa de latitudes onde o Sol pode chegar ao zênite, e por isso é possível observar o fenômeno. No entanto, ele ocorre em diversos outros locais do planeta, com a data exata variando de acordo com a latitude.
“Esse fenômeno ocorre em todo o cinturão equatorial, em toda a parte do planeta que está entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. Se você olhar um mapa-múndi, verá que essa faixa inclui, nas Américas, do México a SãoPaulo, quase toda a África, quase toda a Índia e, na Ásia, do sul da China até o norte da Austrália”, pontua o docente do IAG-USP.
ZERO SHADOW IN MANILA AT 12:01 PM
The sun’s rays were vertically aligned with objects ⬇️ on the ground in Luneta Park at 12:01 PM PhST, resulting in little to no shadow for a brief moment! 🤩
In Hawaii, it is called “Lāhainā Noon”.
📷 Aldrin Pabas#AstroShaker #ZeroShadowDay pic.twitter.com/OG1d0YhUAa
— Earth Shaker PH (@earthshakerph) August 13, 2024
Fenômeno de sombra zero no Brasil
Costa acrescenta que o dia exato do evento depende da latitude. Em cidades situadas sobre o equador terrestre, como Belém do Pará, os dias sem sombra coincidem com os equinócios da primavera, por volta de 22 de setembro, e do outono, perto de 22 de março.
Já em São Paulo, que está praticamente sobre o Trópico de Capricórnio, o fenômeno ocorre apenas uma vez por ano, no solstício de verão, por volta de 21 de dezembro.
Portanto, o Lāhainā Noon deixa, sim, o Havaí sem sombra duas vezes por ano, mas o evento também acontece em outros lugares da Terra pelos mesmos motivos — mas com outro nome.
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