Efeito bolha: algoritmos e IA aprofundam isolamento e polarização digital

Tecnologia

O modo como indivíduos se informam e interagem no ambiente digital está intrinsecamente ligado ao chamado “efeito bolha”, um fenômeno provocado pela arquitetura algorítmica das redes sociais. Este tema foi o centro de um debate aprofundado no podcast Canaltech, onde a redatora Viviane França conversou com Juliana Taha, psicóloga e pesquisadora que estuda os impactos dos algoritmos na saúde mental e nas relações sociais.

Segundo Juliana Taha, as bolhas digitais são uma consequência “inevitável” da vasta quantidade de dados e informações disponíveis atualmente. As grandes empresas de tecnologia inicialmente desenvolveram ferramentas de seleção para “facilitar inicialmente a navegação do usuário”. Contudo, com o avanço de algoritmos de machine learning e deep learning, o refinamento no entendimento do comportamento individual se aprofundou.

O objetivo primário desta delimitação de conteúdo é comercial. A atenção do usuário se transformou em uma “moeda de troca”, afirmou Taha, pois ao mantê-lo mais tempo na rede, as empresas conseguem “expor mais anúncios e lucrar mais a partir disso”. O problema é agravado por um viés psicológico, onde a atenção humana é naturalmente mais voltada a conteúdos emocionais e negativos, resultando em bolhas que se retroalimentam e promovem a polarização.


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Bolhas aprofundadas pela IA

A emergência de inteligências artificiais generativas, como o ChatGPT, adiciona uma nova camada de complexidade ao efeito bolha. Ao transformar conversas em dados, a IA cruza informações para fornecer um output cada vez mais “clusterizado, individual para aquela pessoa”.

O uso dessas ferramentas, em alguns casos, até mesmo como um “psicólogo” para abrir questões pessoais, fornece dados que aprofundam as bolhas digitais em um nível mais complexo. Juliana Taha adverte que o avanço da capacidade de processamento pode levar ao isolamento, gerando a sensação de que “o meu celular me entende melhor do que ninguém”.

Diante de um cenário regulatório ainda incipiente em termos de tecnologia, a solução mais prática recai sobre a conscientização individual. Taha sugere que, em vez de tentar controlar o algoritmo – o que não é possível ao indivíduo –, o foco deve ser na saúde mental e na conexão humana.

“Busque fazer atividades que te conectem à pessoas. Então, converse, tenha diálogos, escute,” aconselha.

Além disso, a prática de atividades físicas e a desconexão deliberada, como deixar o celular em outro cômodo, são cruciais para aumentar a atenção em relação ao mundo real, que é biológico e requer “conexão humana”.

Para entender em detalhes como os algoritmos moldam sua realidade e conferir a análise completa, acesse o episódio na íntegra. Siga também o podcast nas plataformas de áudio para não perder as próximas edições.

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